11 - Diabo Como Eu

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🎵 Música: Devil like me - Rainbow Kitten Surprise



Na hora do almoço, eu não fiquei com a mínima vontade de descer, mas sabia que mamãe iria me questionar, então me arrumei e fui. O dia estava nublado, mas ainda assim quente, e desci de biquíni na esperança de dar uns mergulhos mais tarde.

O almoço do dia estava sendo servido na área da piscina, onde eles juntaram os guarda-sóis e as mesas, fazendo uma área bem grande. Duas amigas da Susana vieram almoçar com a gente e quando eu desci eles já estavam reunidos bebendo vinho e falando asneira. Escolhi um lugar bem longe do casal 20 e peço uma taça para mim também, afinal, com o humor que eu estava, só mesmo bêbada para aturá-los... E Deus sabe como eu odeio esse vinho seco que eles insistiam em tomar. Era amargo e deixava minha garganta literalmente ressecada, um horror. No entanto, vocês bem sabem: álcool é sempre álcool.

— Eu comprei aquele na Zara, amiga. Tava baratinho... — Susana comenta com a amiga e eu podia até imaginar o "baratinho" dela.

— Aí, mas eu não achei, menina. Procurei em tudo quanto foi loja... — A amiga responde frustrada.

— Tentou na Le Lis? — Rogéria se intromete.

— Também...

Nessa hora, o celular de Pablo vibra e ele dá um pulo, pegando o telefone rapidamente para evitar que Rogéria visse o visor.

— Desculpa, gente. Dá licença. — Ele se levanta apressado e quase deixa a cadeira cair enquanto coloca o aparelho no ouvido e se dirige à porta da sala.

Eu o observei por alguns instantes e até pensei em ir atrás escutar, mas eu sabia bem do que se tratava. Era a mãe do filho dele ligando... E pela urgência, o exame devia ter dado positivo.

— Mas me conta mais da lua de mel, Su. A Espanha deve ser maravilhosa! — A outra amiga puxa sardinha e Susana se engrandece.

— Ai, então... A gente escolheu lá porque vamos passar um tempo a mais vendo casas né...

— Ahhh, é... Eu tinha até esquecido! Você tá com contrato pra lá, né?

— Tô! — Ela responde toda sorridente. — E muito feliz também...

A partir daquele momento, minha mente não captou mais nada. Então eles iriam se mudar do Brasil? Desde quando isso estava nos planos? Por que o Rafael não me contou? Por que ninguém tinha me contado?!

Olhem, eu sei que vocês vão me julgar de novo quando eu disser isso, mas eu ainda tinha esperanças de o Rafael me pedir desculpas por ter sido um cavalo comigo. Ainda tinha esperanças de que íamos fazer as pazes, e minha mente ainda fantasiava que ele terminaria com a Susana para ficar comigo, mas quando a ouvi falar daquele jeito, com tudo tão certo, com as coisas tão ajeitadas, as esperanças sobreviventes morreram afogadas, e a certeza de que fui apenas um brinquedinho ficava cada vez mais amarga em minha boca. Virei o resto do vinho da minha taça quase chorando.

— Uepa! Vai com calma aí, Belinha... — Alex me chama atenção, inclinando-se para perto de mim. — Daqui a pouco você vai dar PT aqui na frente de todo mundo... — Ele continua.

— Belinha é a sua cachorra! Não me chama assim, merda. — Sibilo para ele lançando-o um olhar fulminante.

— Ouch. — Ele dramatiza virando a cara como se tivesse levado um soco, mas depois ri e começa a prestar atenção na outra rodinha de conversa da mesa.

Felizmente, naquela hora a comida foi servida e eu logo me adiantei para encher meu prato e cair fora dali. A piscina ficaria para outro momento, porque eu não iria suportar mais "novidades". De vez em quando, eu lançava um olhar a Rafael, e ele raramente me correspondia, e quando o fazia não era mais daquele jeito faminto, e sim de um jeito curioso, como quem quer apenas cumprimentar, e todas as vezes eu virava a cara, querendo acima de tudo que ele percebesse o quanto eu estava magoada. Não que ele parecesse se importar...

Perfeito ProibidoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora