16 - Drama

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🎵 Música: Drama - NoMBe (feat. Big Data)



DIA 6

Dormi antes de todo mundo na noite passada.

Fiquei pensando em como as coisas tinham chegado naquele ponto... Quando foi que eu perdera o controle da minha vida? Eu havia feito muito mais do que devia com o Rafael e, por pouco, ele não conseguiu o que queria na noite anterior, mas eu não sabia como me manteria firme até que o casamento passasse e eu me livrasse de vez dessa tentação porque sim, eu sabia que ele me procuraria de novo. É mais uma daquelas coisas que a gente só sabe, sem nenhuma explicação lógica.

Quando acordei, o dia já havia clareado, mas ainda era bem cedo. Odiava acordar cedo, mas dormindo onze da noite eu não poderia esperar outra coisa e eu sabia que não adiantaria nada enrolar na cama. Além do mais, eu precisava desestressar e gastar um pouco de energia. Minha mãe abriu os olhos meio sonolenta assim que acendi a luz do banheiro e perguntou se eu não ia voltar a dormir.

— Vou correr um pouco.

Depois de trocar de roupa e dar um último confere no visual, desci e encontrei as empregadas trabalhando a todo vapor.

— Bom dia, Sandra, bom dia, Vandinha.

— Bom dia, Dona Isabela. Caiu da cama hoje?

— Vou dar uma corrida, melhor coisa que faço...

— Quer tomar um café de uma vez?

— Opa, com certeza, se não eu desmaio no meio do caminho. Pode colocar a mesa aqui mesmo se não for atrapalhar.

— Acho que teve infestação de pulga na cama de vocês hoje... — Sandra disse enquanto colocava a xícara e o pires para mim.

— Por quê?

— O Seu Rafael também já acordou...

Senti aquele nó em minha barriga e tentei desconversar. Que merda, por que o rançoso tinha acordado junto comigo? Acaso me espionara?!

— Ah, mas hoje é a véspera né, Sandra. Pelo visto ele se deu conta de que é ele que vai casar e resolveu acordar para ajeitar as coisas.

— Ah daqui a pouco a Dona Valquíria chega colocando todo mundo doido... Mas ele ter chegado antes dela é que é a surpresa... — Ela ri — São 7 da manhã, Dona Bela...

Crispei os lábios e tomei um pouco de café. Pelo visto o cretino também teve distúrbios de sono então. Mas que ótimo.

*

A estrada além da Pedaço de Paraíso era calma. Ao meu redor, os morros verdes brilhavam e os animais cantavam felizes recebendo o sol. Corri tanto quanto pude, até sentir minhas pernas e respiração falharem e, Deus! Eu precisava mesmo daquilo. Quanto mais me movimentava, mais sentia meu corpo formigar em êxtase, feliz por ser posto em movimento.

A corrida também ajudou a clarear minha mente e eu cheguei à conclusão que, não importava o que Rafael fizesse, eu não poderia ceder. De jeito nenhum. A grande merda nisso tudo é que nós, mulheres, às vezes nos apaixonamos por uns caras que são uns belos cafajestes e só. É claro que eles têm pegada, são cheirosos, bons de cama e falam exatamente o que a gente precisa ouvir, afinal, não é à toa que eles fazem tanto sucesso, né?! E aí a gente fica com aquele pensamento ridículo de que podemos mudá-los... Ah, quanta ingenuidade... E quanta maldade com nós mesmas também.

Ninguém muda pelos outros. Ninguém. E, vejam, eu não estou dizendo que as pessoas não mudam. É claro que elas mudam. Mas mudam por elas, por experiências, vontades e gostos delas; e não por terceiros. E era certo de que ele não mudaria por mim. Ele nunca largaria a Susana por mim e ele nunca deixaria de ser um cafajeste por mim, porque as coisas nunca funcionaram e nunca iriam funcionar forma. Era eu quem precisava entender que aquele amor estava fadado ao fracasso.

Perfeito ProibidoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora