Manuela Ferreira está de malas prontas para uma viagem a trabalho em Paris. Ao ser contratada para fotografar a nova coleção de uma estilista famosa, a garota tinha a completa noção de que teria que lidar com a confusão rotineira de seu trabalho em...
Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.
Era possível ouvir elogios em três línguas diferentes durante os minutos em que toda a equipe observava as fotos que passavam no grande monitor do estúdio e, sério, não tinha sensação melhor que aquilo. Acho que nunca estive tão feliz em toda a minha vida.
O trabalho foi totalmente um sucesso e, como a própria Stella Vargas havia dito há segundos atrás, quando me parabenizou, aquele seria apenas o primeiro de vários e eu desejei imensamente que Deus abençoasse a boca daquela mulher e que o que ela havia dito se tornasse real.
— Também posso te abraçar e dar os parabéns? — A voz aveludada de Gabriela me tirou dos meus pensamentos e eu voltei a realidade.
— Claro! — Sorri e abri os braços para receber o seu abraço.
Quando seu queixo encostou em meu ombro e eu senti o cheiro gostoso que vinha do seus fios escuros, foi como se eu tivesse acabado de chegar em casa depois de uma longa viagem. Nunca fui o tipo de pessoa que saía por aí dizendo ou pensando esse tipo de clichê, mas era exatamente essa a sensação que eu sentia naquele momento.
O abraço não durou mais que trinta segundos, mas passou como se fosse uma eternidade e, por mim, eu nunca mais me desgrudava daquele corpo. Na verdade, eu nunca havia desejado me afastar dela em qualquer momento da minha vida, mas a nossa separação tinha sido necessária.
Quando nos formamos no ensino médio, seus tios, que moravam na Inglaterra, a convidaram para ir morar com eles e ela decidiu ir, com todo o meu apoio. No começo, Gabi não quis ir por minha causa, mas não pude permitir de forma alguma que ela desistisse do seu sonho de morar em outro país por minha causa.
Nós tentamos durante um ano namorar a distância, mas acabou sendo algo muito difícil, principalmente por nossas realidades se tornarem tão distantes com o tempo. Enquanto eu investia em vários cursos de fotografia no Brasil, Gabriela havia conseguido uma bolsa numa faculdade de moda em Paris. Eu conhecia gente nova, ela também. Nossos horários não batiam por causa do fuso horário e acabamos nos afastando sem querer.
Sendo assim, optamos por terminar o namoro e seguir em frente. Quando tomamos essa decisão difícil, mas necessária, lembro de Gabi dizer na nossa última ligação a seguinte frase: Se somos mesmo destinadas uma à outra, o universo vai arrumar um jeito de fazer com que nos encontremos novamente.
E foi exatamente isso que aconteceu, seis anos depois, pois estávamos aqui juntas, numa situação nem um pouco provável de acontecer. O problema era que eu não tinha ideia se a minha ex-namorada ainda acreditava nas suas próprias palavras ou se estava disponível para que o universo agisse em nosso favor.
— As bonitas aí gostariam de ir conosco comemorar? — Stella surgiu interrompendo Gabriela, a qual imediatamente abriu um sorriso e confirmou que iríamos, sem ao menos me consultar.
Arqueei uma das sobrancelhas e a encarei. Ela piscou um dos olhos castanhos e sorriu, fazendo com que meus joelhos ficassem feito gelatina. Tentei ao máximo disfarçar, mas pela expressão no rosto dela, percebi que minha tentativa tinha sido em vão.
