Capítulo 29

21 6 1
                                    

Alice


Eu não sei o que deu em mim. Não sei lidar com pessoas insistentes, não consigo lidar com a insistência de Louis. Eu pedi pra ele se afastar e quando estava começando a acreditar que ele realmente ia aceitar, isso acontece. Enquanto Hope me leva para os fundos da lanchonete, sinto que tem menos ar nos meus pulmões, não consigo respirar. Isso não pode estar acontecendo.

— Alice, olha pra mim. Respira. — Ela encontra um lugar para eu me sentar e fica do eu lado.

— Hope... eu não consigo. O Louis... o Nate... — É só isso que vem na minha mente. O medo de viver tudo outra vez.

— Esquece o Nate. Ele e o Louis são pessoas diferentes. O Nate não vai mais te atormentar, ele está longe.

— Como você pode ter tanta certeza?

— Ele sabe que se tentar chegar perto de você outra vez, não vai sair vivo.

— Não isso. Como você sabe que o Louis é diferente? — Ela mal o conhece.

— Eu não sei dizer. Tem uma coisa diferente nele. — Não vou negar que também percebi isso.

— Hope, eu não vou aguentar passar por tudo aquilo outra vez.

— E você não vai. Mas você precisa se dar uma chance. Precisa dar uma chance pro Louis. — Eu preciso mesmo?

— Você sabe que não é só isso. — Ela concorda com a cabeça. Sabe exatamente do que eu estou falando. Não é só o medo que me dá esse bloqueio. — Eu queria... queria conseguir me aproximar, queria dar uma chance pro Louis. Eu gosto dele. — Acho que é a primeira vez que admito isso. — Eu realmente gosto dele.

— É óbvio que gosta.

— É tão óbvio assim?

— Você não costuma fugir de quem você não gosta. — Ela está certa. Enquanto a maioria das pessoas fica longe de quem não gosta, eu me afasto de todo mundo que me faz bem. — Lembra como foi antes, e até mesmo depois de contar pro pessoal? — Como se fosse ontem.

— Passei dias sem falar com eles. Nem com o Ethan eu conversava direito

— Exato. Você praticamente bloqueou o Ethan da sua vida. — Ele é meu melhor amigo. Eu já tinha ela no meio dessa confusão, não queria que ele se envolvesse também. — E agora tá fazendo isso com o Louis, o que muda é o contexto.

— Eu virei uma bagunça depois disso.

— Não fala assim de você. — Ela fala com calma, me fazendo olhar nos olhos dela. Eu quase nunca consigo olhar nos olhos de alguém.

— É a verdade. — Olho para o chão novamente. — Eu não consigo me aproximar de ninguém, não faço novos amigos, não saio de casa. E agora que o Louis apareceu, só deixa tudo ainda mais bagunçado.

— Por quê?

— Porque eu gosto dele. Ele fica insistindo. E eu não posso deixar que ele mergulhe nesse meu caos interno. — Não dá pra deixar mais alguém se afetar pelos meu erros. — E você sabe que não tem como eu dar qualquer chance para ele se eu não falar pelo menos o básico.

— E qual o problema em falar o básico?

— Não vou falar sobre isso dessa forma.

— Você não tem que contar tudo. Mas não custa muito pedir que ele tenha paciência com você. É o mínimo. — Será mesmo?

— Não. Eu não posso falar. Hope, esse não é o único problema. — É muita coisa pra processar. — Nós acabamos de falar disso. Eu já falei várias vezes que eu não vou deixar aquilo acontecer outra vez. — É praticamente minha meta de vida. Nunca mais passar por um pesadelo como aquele.

— E eu já falei que não vai acontecer. Eu não sei direito, mas eu sinto que o Louis é diferente. A gente consegue ver isso só pela forma que ele te olha.

— E como ele me olha? — Não pode dar pra perceber tanta coisa com um olhar.

— Como um ser humano. Com admiração. É completamente diferente de como o Nate te olhava. — Acho que qualquer um me olha de uma forma melhor.

— Hope, por favor.

— Alice, eu vou te fazer duas perguntas. Depois delas você pensa um pouco e tenta perceber que mesmo conhecendo o Louis há pouco tempo, já dá pra saber que ele não é igual ao Nate. — Mas não dá pra ter certeza.

— Fala.

— O que o Nate fez desde o início e que te incomodava muito? — Arrepio só de lembrar. É como se eu sentisse o toque dele outra vez.

— Ficava... colocando as mãos em mim. Mesmo quando eu pedia pra ele parar, ou desviava dele.

— Quantas vezes o Louis encostou em você sem permissão?

— Nenhuma. — Hope nunca teve essa informação. Foi como um tiro no escuro. E ela acertou.

— Exato.

— Hope... — Começo a falar, mas não consigo pensar em mais nada.

— Não precisa falar nada. Eu só quero que você seja feliz. Eu prometo que se você der uma chance e ele estragar tudo, eu mesma o mato. — Não me promete nada. Eu não acredito mais em promessas. — Eu juro que vou ficar sempre por perto. Se você não quiser, eu nunca vou deixar vocês sozinhos.

— Você não precisa fazer nada disso.

— Mas eu quero fazer. Você é minha melhor amiga e eu não suportaria te ver sofrer, eu não deixaria alguém te machucar outra vez. — Fico em silêncio por um tempo, antes de falar a primeira frase completa que se forma na minha cabeça.

— Eu não sei o que fazer.

— Que tal ir falar com o Louis? — Apenas a encaro. — Eu sei que você quer ir, mas está com medo.

— A toa não é.

— Não. Mas lembra que independente do que acontecer, eu vou estar aqui, pronta pra juntar todos os seus caquinhos. — Eu sei que vai. Ela sempre esteve aqui, mesmo quando eu não queria pedir ajuda. — Você nunca vai saber como vai ser se não tentar. Faz isso por você.

— Acho que... eu posso tentar mais uma vez. — Reúno a pontinha de coragem com o sentimento que tenho pelo Louis. — Mas se em algum momento eu falar que não quero mais...

— Eu mesma chuto ele pra longe. — Ela me interrompe e fala rindo.

— Obrigada.

— Só me agradeça depois de falar com ele.

Summer LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora