Um Sonho Estranho

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"Fique longe dele" – ordenava Jacob, que agora estava ao seu lado direito.

"Fique longe dele" – repetia Sam em seu lado esquerdo.

Era algo desesperador, que colocava muita pressão em sua cabeça. Leah olha a criança aflita, que ainda tentava fugir do restante do bando, lágrimas escorriam pelos seus pequenos olhinhos, ele estava desesperado e isso lhe cortava o coração, ela temia pela vida daquele menino.

Envolvida pelo cenário e por todo aquele sentimento, a quileute arranca em uma corrida, pretendendo salvá-lo a qualquer custo, contudo, do outro lado, os membros do bando repetem o seu gesto e também começam a avançar. A essa altura, os lábios do menino repetiam sempre a mesma palavra, mas, pela falta de som, ela não sabia o que ele dizia.

Tudo o que restou para a loba, foi continuar em sua corrida sem nunca conseguir alcançá-lo e ver seus irmãos de bando atacarem o pobre menino, até que tudo desaparecesse numa fumaça negra. E este era o momento em que sempre acordava...

Espere? Por que não havia acordado ainda? Leah não entendia o porquê de ainda sonhar, porque, se não lhe falhava a memória, não faltava mais nada para acontecer.

A silhueta de um enorme lobo surge em meio à névoa. Ele se aproximava cada vez mais, deixando nítido a sua pelagem cinzenta e chocando a quileute, pois não se tratava de um lobo e sim, de uma loba.

"Você... Sou eu?" – pergunta abismada.

"Sim, eu sou você" – responde a loba se sentando.

"Como?"

"Eu sou você, sou o seu lado lobo e estou aqui para lhe dizer algo importante."

"Diga" – incentiva.

"Como tudo que a rodeia: lobisomens, lobos gigantes, vampiros e imprinting, este sonho foi gerado pela força mítica que a rodeia... Tudo em seu sonho possui um significado, se referem a coisas que perdeu e, a última, trata-se de algo que corre o risco de perder. Se você deixar que esta perda se concretize, nunca mais poderá voltar atrás, nunca mais irá se curar... Não haverá saída para você, pois como toda perda, ela será definitiva!"

"Do que está falando? O que eu posso perder? Nem sequer conheço aquela criança."

"Você não pode perdê-lo, não pode deixá-lo escapar de suas mãos, não deixe que as lendas quileutes devorem você ou a sua felicidade, Leah! Lute por ela, lute por sua vida!"

A loba se levanta, irritada, e logo aparecem Sam e Jacob em suas formas lupinas, cercando-a e a ameaçando com intensos rosnados. Porém, ela parecia querer lutar, não pretendia se dar por vencida tão facilmente e, por isso, rosnava de volta e os confrontava com bastante rebeldia.

"Lute Leah!" – grita a loba. – "Você pode... Eu sou você e sei que você pode! Lute contra eles, você é uma guerreira! Lute contra eles!"

Sam avança contra a loba, mordendo seu pescoço enquanto, simultaneamente, Jacob pressionava sua perna traseira entre os dentes afiados. Ela não conseguia se livrar dos dois alfas, mas, ainda assim, se debatia e continuava a gritar:

"Você não nasceu para ser pisoteada, erga essa cabeça e lute. Essa perda não pode se concretizar, não pode!"

Leah abre os olhos de repente, estava em seu quarto novamente. O sonho havia acabado, mas, diferente das outras vezes, o sentimento que preenchia seu coração não era o de perda e sim, o de esperança, de vontade de lutar, apesar dela não saber pelo quê devia lutar. Quem era aquela criança, afinal?

― Leah...

― O que você quer, Seth? – pergunta preocupada, ao ver o irmão na soleira da porta, com olheiras tão grandes ao redor dos olhos, que a faziam ter certeza de que não dormia há dias.

― Jake marcou uma reunião na casa do Sam. É urgente.

― Do que se trata?

― A Lua Cheia é esta semana!

Leah pula da cama rapidamente, aquela realmente era uma reunião importante, visto que seria a primeira Lua Cheia do trio cherokee em La Push. Ela para diante de sua cômoda e, tomando coragem, abre a primeira gaveta, onde reencontra suas esquecidas joias e maquiagens – quase todas já vencidas.

A quileute apanha sua escova e penteia o cabelo rebelde, o que a faz notar que eles realmente estavam péssimos, como Lucian podia achá-la bonita? Finalmente as coisas pareciam fazer sentido para ela, as peças começavam a se encaixar, Lucian a amava do jeito que era, parecendo uma garota ou não, com os cabelos parecendo uma moita ou não, ele sempre a admirava e sorria quando a via... Era por ele que teria que lutar!

Os irmãos Clearwater caminham juntos até a casa de Sam e, quando chegam, percebem os olhares curiosos em direção a Leah. Ela estava diferente, não havia mudanças muito significativas, mas era possível notar que estava diferente: de cabelos escovados, um batom nude e uma corrente de prata no pescoço.

Lucian e Hana estavam acomodados no sofá e Kiary no braço do móvel, ao lado do alfa. Ele se levanta assim que avista a imagem da quileute, porém, os olhares rígidos do bando a levam a se sentar longe dele. Leah, mesmo sentando-se longe, mantinha sua cabeça erguida e encarava Sam com intensidade, desafiando-o tão intensamente quanto a loba em seu sonho.

Nunca mais seria pisoteada!

LeahOnde as histórias ganham vida. Descobre agora