Birthday

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A cada vez que eles se encontravam, Will fazia a pergunta:

“Você quer assumir o namoro?”

Mas para Nico era complicado dizer. Fazia o que, um mês que eles saíam? Não havia dúvida de que o sentimento era verdadeiro, mas Nico não estava preparado para as reações dos outros campistas.

Nem Will, na verdade.

Nico não dizia, mas Will sabia que o garoto odiava como era tratado. As pessoas o tratavam diferente, com medo e distancia apenas por ele ser filho de Hades, muitas vezes sem nem perceber. Era difícil, claro. Imagina só o cargo que deve ser. Se alguém dissesse: “Você sofrerá, filho de Hades.” Nico provavelmente riria em deboche, e diria: “Conte-me uma novidade.”

Mas era claro que eles estavam mais próximos. Eles se sentavam próximos nas horas das refeições, Will conseguia fazer Nico sorrir, o que é algo de se orgulhar. Um dia desses, um de seus meio-irmão puxou ele para o lado na enfermaria:

– Psiu, o que você fez com o di Angelo?

– Como assim?

– Esse cara é sinistro, e, tipo, você faz ele parecer menos do que é.

Will sorriu, por parte em divertimento, por parte ironia.

– Ah, sabe como é. Filhos de Apolo tem esse mal nas pessoas.

Ele não entendia nada disso. Nico não mordia, nem era mal. Era um herói incompreendido. Ser aceito era tudo que ele desejava.

Will estava cuidando dos papéis de retorno da enfermaria quando viu a data. Como ele esquecera que faltava um dia para o aniversário de Nico? O pior namorado do mundo!

– Dá para ficar de plantão no meu lugar hoje de tarde? Tenho certas coisas para resolver.

O curandeiro concordou depois de um tempo, e finalmente Will pode sair. Ele listava em sua cabeça o que precisava fazer.

Pedir um bolo de aniversário bem gostoso na cozinha, com glacê escrito: “Feliz 15 anos Nico di Angelo. De seu Will.” Meloso demais?

Um presente. Claro, um presente que um filho de Hades gostaria de ganhar... Coisa mais complicada!

Nico não se sentiria confortável com uma grande festa cheio de gente que nem gosta dele. Algo mais íntimo seria perfeito. Mas o quê?

Will vestiu um casaco, pegou sua carteira com dinheiro mortal reserva e pediu um taxi para Nova York. O tipo de sacrifício que se faz quando ama.

As ruas de Nova York perturbavam Will Solace. Muita gente, muito barulho, muitas cores, muita confusão. Como saberia em qual dessas imensas lojas estaria o presente perfeito? Will estava com dor de cabeça.

Por fim ele entrou em uma loja de antiguidades. Por que não? Livros, poeira, discos... Era tanta tranqueira que deveria ter algo com a cara de Nico.

Voltando para o acampamento seu estômago embrulhou. O tipo de coisa que acontece quando se está apaixonado. Mesmo depois de uma tarde inteira na caça de um presente perfeito, nada encontrou. Ele tentou dormir, e no meio da noite teve uma ideia. Will abriu seu baú e tirou de dentro um objeto pequeno, guardando no bolso para depois embrulhar.

O dia do aniversário de Nico chegou. No momento que Will acordou ele aproveitou para entrar silenciosamente no Chalé de Hades enquanto Nico dormia.

Will abriu a porta com cuidado para não acordar Nico, mas não adiantou. Nico com a voz sonolenta disse:

– Quem está aí?

– Feliz aniversário, Nico! – Will não hesitou em correr até o namorado, e então o beijou antes que ele pudesse ter tempo de pensar.

– Will, não me lembrou de ter contado meu dia de aniversário!

– Nem precisava. É obrigação de um bom namorado descobrir. Então agora você tem 15?

– Tecnicamente 85 anos.

– Droga, eu namoro um idoso! – Will imitou cara de nojo. – Por sorte sou curandeiro, posso cuidar muito bem de sua velhice.

– Cala a boca. – Nico o puxou para mais um beijo. Ele se sentia confiante de fazer isso. Ele amava Will de um modo estranhamente incomum para ele.

A noite foi boa. Will decidiu levar Nico até o cinema de Nova York, coisas de casais normais e clichês, não é? Mas nenhum pouco para semideuses. Assistir um filme em paz era um luxo que poucos semideuses tinham. E Nico assistira pouquíssimos filmes em toda sua vida, então imagina a fascinação que um garoto que nasceu nos anos 30 em assistir filmes em 3D com tantos efeitos especiais! A expressão de fascínio de Nico valia qualquer esforço para Will.

Will decidiu entregar o presente de aniversário para Nico quando eles estivessem de volta ao acampamento. Era tarde, e Quíron ficaria irritadíssimo em saber que eles haviam saído sem autorização. Por sorte Will contava com um favor de Connor e Travis Stoll, e ele aproveitara para pedir o favor nesse momento, pedindo cobertura. Os garotos eram bons em enganar, então deu tudo certo.

Eles estavam sentados juntos no topo de uma pedra na Praia dos Fogos, em frente ao estreito de Long Island. Will pegou o pacote de seu presente no bolso, e entregou para Nico.

– Mais presentes? – Nico pegou o pacotinho. – Em toda minha vida nunca senti tanto carinho.

– Eu andei por Nova York tentando achar algo perfeito, e olha que a cidade é imensa! Nada me agradava. Por fim percebi que o presente perfeito estava bem no meu baú.

Nico abriu, e seu olho brilhou.

Era um anel.

– Você tem o anel do seu pai, com uma caveira. Esse é o anel do meu pai. O símbolo dele, meu símbolo. Quero que você carregue um pedaço de mim com você.

Will nunca vira Nico di Angelo ficar tão sem reação. O garoto colocou em seu dedo o anel que acabara de ganhar, e acreditem, ele sorriu.

– Não tenho nem o que dizer, Will. – Nico o abraçou. – Você foi a melhor coisa que aconteceu comigo.

Sun ShyOnde as histórias ganham vida. Descobre agora