1896, Aspen - Parte II

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— Bem, agora que estou aqui não acho que seja isso. Pode ser uma realidade paralela. Eu realmente não sei.

Era definitivamente um absurdo. Tanto que Mia nem mesmo cogitou pensar no que estava falando. Só soltou suas teorias ao vento e deixou que Carlisle criasse suas hipóteses sozinho.

Agora um pouco mais calma, visto que Carlisle parecia ao menos tentar engolir aquela situação, Mia se jogou na poltrona de cor bege com o estofado bordado em pequenas folhagens e a madeira pintada em dourado. Esta era como todos os outros móveis, que ornavam perfeitamente em cores e no mesmo estilo vitoriano. Algo que fez Mia lembrar de um questionamento muito importante.

— Não consigo compreender. Se a história se passa no ano de 2008, por que estou aqui em 1896? E na merda de uma cidade que eu nem sabia que existia? — uma careta surgiu em sua face e a mão foi em direção a testa.

— Isso também é muito confuso para mim, Amélia. Mas vamos nos acalmar e encontrar alguma solução, certo? — com o olhar fixo em um ponto distante e uma das mãos esfregando o queixo, ele pareceu pensar. — Certamente não tem lugar para ir, então pode se hospedar aqui pelo tempo que desejar. Enquanto isso, vou verificar se existe alguma pista sobre esse fenômeno para que possamos ter um ponto de partida.

Mia até pensou em contestar. Em outra ocasião com certeza o faria, não ficaria vivendo as custas de alguém assim. Contudo, ela sabia que precisava, não havia outro lugar para ir e cair logo no jardim de Carlisle foi muita sorte. O homem é gentil, extremamente educado, amável e parece ser muito honesto em tudo o que faz. Apesar de tudo o que estava acontecendo, ela agradeceu por ter sido ele a encontrá-la. Poderia ter sido bem pior. Carlisle, por sua vez, apesar de assustado, ficou secretamente feliz por ter companhia depois de longos anos sozinho. Pelo pouco que conversaram, percebeu que, por trás de toda a pose durona e irritadiça que Mia carregava, havia uma pequena garotinha confusa tentando se encontrar. Sentiu vontade de ajudá-la, de cuidar dela e garantir que tudo ficaria bem no final das contas. Ele gostaria que alguém tivesse feito isso por ele quando se transformou.

Novamente no quarto onde Carlisle a deixou após desmaiar, Mia se encontrava sentada na cadeira em frente à penteadeira enquanto observava seu reflexo no espelho. Os olhos carmesim brilhavam como um rubi recém-lapidado e os traços do rosto fino ficaram um pouco mais acentuados devido à pele pálida. Até seu cabelo parecia mais macio e bem cuidado. O vampirismo lhe caiu muitíssimo bem.

— Bem, irei ao centro agora para tentar encontrar algumas vestes mais adequadas para a senhorita. O banheiro fica no final do corredor a direita, caso queira se limpar. E, já que gosta de leitura, indico que vá até a biblioteca no segundo andar, logo depois do escritório. Só... tente não fugir desta vez.

E assim Carlisle se retirou do cômodo deixando Mia sozinha com seus pensamentos mais uma vez. Eram tantas novidades em tão curto espaço de tempo que ela não sabia nem por onde começar. Seus pensamentos pareciam um emaranhado sem fim de ideias, medos, ansiedade e perguntas. Muitas perguntas.

Por alguns instantes, Mia desejou que Carlisle não encontrasse um meio de voltar. Olhando pelo lado positivo, ali ela poderia realizar o seu desejo de recomeçar e seguir em frente. Viveria aventuras, conheceria novas culturas, aprenderia sobre tudo o que desse na telha já que teria todo o tempo do mundo. Além disso, teria a companhia e os cuidados de Carlisle, pelo menos até que ele chutasse o seu traseiro. Era o que sempre acontecia com as pessoas ao seu redor. Sabia que seria questão de tempo até que o bondoso vampiro não quisesse mais olhar no seu rosto.

❛CHOICES ── Crepúsculo ❥ [Seth C.]Où les histoires vivent. Découvrez maintenant