Éramos apenas amigos..

Capítulo 42

Um mês depois...

 

Lena

Cheguei na escola com a mesma felicidade de sempre. Um mês. Exatamente um mês sem falar com o Gu. Um mês sendo ignorada. Mas, como uma boa brasileira, não desisto nunca. Tento ganhar um segundo da sua atenção pelo menos três vezes na semana. E advinha: eu não consigo.

Eu sei que posso parecer patética e extremamente idiota, mas estou começando a acreditar que eu sou exatamente isso. E dói. Muito.

Finalmente, a minha escola parou com a palhaçada de lugar marcado. E, desde que isso acabou, sento no lugar que me dê uma visão perfeita do Gustavo, mas, claro, sem parecer que estou encarando.

Passo pela carteira onde ele está e olho nos seus olhos, fazendo com que ele desvie o olhar para o quadro. Dou mais um passo e paro. Abro a boca e fecho três vezes, até que consigo falar:

- Te-temos um... um trabalho. - ótimo argumento para começar uma conversa, Lena! Estou escutando os aplausos.

- Eu sei. - ele me olha superficialmente. Pelo menos me olhou, né?

- Então, nós temos que fazê-lo. Suponho que não quer ficar com uma nota baixa no penúltimo bimestre.

- Sim. Temos que fazê-lo. - seco.

- Então, quando vamos fazer?

- Lena, se eu não me engano, é um grupo. Não sou só eu que decido.

- Desculpa, Gu...

- Não me chame de Gu, meu nome é Gustavo, por favor. - ele me interrompe.

- Oh, desculpe. Você pode ir amanhã na minha casa?

- Para fazer o trabalho? A Fabi disse que seria na casa dela. - suspirei. Notei um pequeno sorriso escondido em seus lábios. Idiota. E sim, a Fabiana estava no nosso grupo. Ela, a Bia, o Daniel e o Augusto. Que ótimo.

- Ta. Será que dia? - será que ele não podia olhar para mim? O que tinha de tão interessante no quadro?

- Hoje.

- Você poderia ser um pouco menos rude? - que lindo, Lena! Acho que você precisa aprender a deixar os pensamentos na sua mente.

- Oi? - ele estava numa mistura de surpresa e diversão.

- Na-nada. Obrigada, Gustavo.

- De nada. - escutei ele murmurar.

Que ótimo progresso! Consegui algo além de um bom dia.

Antes que eu virasse e falasse alguma burrice, segui para a minha cadeira. Sentei, coloquei o caderno e o estojo em cima da mesa e me preparei para focar pensando no que eu perdi, enquanto escutava a professora de Química.

Gustavo

Eu falei com ela. Óbvio que não olhei em seus olhos, eles transbordam sofrimento. Não vou perdoar tão rápido e fácil assim.

Eu realmente não consigo prestar atenção no que a professora fala. Aliás, quem consegue prestar atenção em Química? Já sei que não vou entender nada. A Lena sempre me ajudava – mesmo não sendo a melhor das alunas nessa matéria – mas...

Encostei a minha cabeça na mesa e tentei imaginar como será a tarde na casa da Fabi. 

Lena

Estava numa mesa com a Bia e o Augusto, enquanto observava o Gustavo. Ele estava sentado perto da árvore, onde ficávamos, mas não tinha ninguém por perto. Ele se fechou para o mundo, ou seja, estava com os fones de ouvido e sorrindo para alguma coisa que ele leu no celular. Se estou com ciúmes da provável garota com quem ele está conversando? Não... Imagina!