Capítulo 31

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Lena

Acordei com a maior dor de cabeça do mundo. Lembrei do meu sonho: Gustavo terminando comigo. Olhei para o meu lado: minha mãe dormindo. Não era um sonho. Aconteceu. Acabou tudo. Lágrimas e mais lágrimas brotaram. Por que ele fez isso? Porque ele não me ama. Ele nunca me amou. Como que ele conseguiu fazer isso comigo? Ele não tem sentimentos. Me chamava de Lua, falou tantas coisas lindas para mim.

Levantei da cama, apesar da dor que sentia no corpo. Peguei o quadro que estava pendurado na parede. O filtro dos sonhos. Eu poderia rasgar o papel, tacar o quadro longe, jogar no lixo, mas eu apenas o fitei. Chorei mais. Eu não consigo aceitar, tampouco acreditar. Não é possível. Apenas guardei aquela lembrança da melhor ilusão que já vivi. Não tinha lugar tão fundo no armário, então o escondi entre alguns lençóis e fronhas na última gaveta.

 Desci as escadas. Preciso de ar. Preciso da minha melhor amiga. Peguei o telefone e disquei o número dela. Chamou, chamou e quando eu já estava desistindo escutei a voz da Tânia:

- Alô?

- Tânia?

- Oi, Lena! Olha, a Bia ta dormindo.

 - Tânia, acorda ela? Por favor... eu preciso mesmo falar com a Bia. É muito importante.

 - Vou acordar. E que voz é essa de choro?

- Ai, Tânia!

- Vixe! Já entendi tudo! Vou mandar ela ir aí. Tchau! E não chora, okay?

- Obrigada! Tchau.

Até a Tânia percebeu. Meus deuses! Eu devo estar muito mal mesmo! Também, né?! Mas é melhor eu tomar banho, minha cara está a pior de todas. Pelo menos tenho que parecer feliz.

*~*~*~*

- Lili, abre a porta! Vou ter um treco aqui fora! – corri para a porta, mas o meu correr nesse estado era o mesmo correr de uma tartaruga com uma pata machucada. 

- Desculpa, eu estava lá em cima. Escutei a campainha e vim correndo. – disse enquanto destrancava a porta. A última vez que a abri foi para o Gustavo. Eu realmente preciso parar de pensar nele. Nisso tudo.

- O que houve? Por que você está chorando? Lili? – ela me abraçou.

- E-ele... acabou – eu não conseguia falar sobre isso.

- O Gustavo? Que?

- Ele falou que não me ama, nunca me amou. Ele veio aqui ontem e terminou. Acabou tudo. Tudo! Eu amo ele, eu não consegui jogar o quadro fora. Eu não vou conseguir viver sem ele, eu preciso dele. Ele não me quer, eu não tenho ninguém. – falei sem respirar.

- Eu vou matar o Gustavo! Lili, não chora. Você não está sozinha, nunca vai estar. Vem cá. – e me abraçou mais. – Eu estou aqui, viu? Eu estou com você. Sempre.

- Mas, ele também falou que era para sempre. E você está vendo ele aqui? Acho que não!

- Lili, você precisa esquecer ele! Eu sei que pode parecer impossível, mas você tem que viver. Eu juro que vou tirar isso a limpo com o Gustavo! Ele vai ficar surdo de tanto que vou falar! Eu prometo! Ai, Lili! Vamos fazer alguma coisa? Você tem que parar de pensar nele!

- Eu não consigo parar de pensar nele! Eu não quero nada... eu só quero que ele venha aqui e fale que era tudo um desafio, que ele me ama e sempre vai me amar. Ele me prometeu um sempre!

- Lili, eu te entendo! Mas ficar chorando pelos cantos não vai adiantar nada. Você tem que aceitar que ele foi. Não vai ser o seu último término de namoro. Então vem e vamos fazer alguma coisa. Quer que eu chame mais alguém?

- Não! Ninguém pode ver essa minha cara!

 - Vamos aonde? Shopping?

- Bia, calma! Vou trocar de roupa e você pensa em qualquer bosta. Mas me prometa que eu vou conseguir não chorar o dia todo.

- Dia? Tarde, né? Já passou de uma hora da tarde. Vamos almoçar fora!

- Já volto.

*~*~*~*

- Nós podíamos estar num ônibus ou táxi. Mas não! Você quer ir a pé. Por que? Pelo amor! Pelos meus pés!

- Por que nós vamos para a praia! E a praia não é muito longe daqui. Para de ser chata!

- Inteligência, eu não trouxe biquíni.

- Quem disse que você vai entrar no mar?

- Okay, não vou falar nada.

- Vem, vamos naquela pedra lá que dá para ver o mar melhor.

- Posso comprar uma água de coco, por favor? Estou morrendo de sede.

- Também!

Fomos ao quiosque que estava mais perto e compramos dois cocos. Caminhamos em direção a pedra, que por um grande milagre não estava cheia de gente. Problema: eu morro de medo dessas pedras. Elas escorregam e eu tenho muito medo de cair. Digamos que eu não sirvo muito para nada que tenha um nível de perigo maior do que ir no shopping.

- Pronto! Finalmente! – a Bia comemorou. Talvez eu tenha demorado um pouco para subir ali. Talvez.

- Por que você quis vir para cá?

- Simples, vem cá. Olha essa vista, a brisa do mar. Isso tudo acalma qualquer um.

Ela pode ser maluca e doida, e a sua ideia pior ainda, mas aquilo tudo realmente acalmava. Os pássaros voando no céu, que estava ligeiramente pintado de azul, de mãos dadas com o mar, que passava dos limites da nossa visão. O clima estava perfeito e a brisa melhor ainda.

- Lili, você tem que ver as coisas boas, mesmo que elas estejam fantasiadas, parecendo que são horríveis. Nada é maravilhoso, muito menos horrível. Sempre tem uma coisa boa na coisa ruim e vice-versa. Pensa nisso. E não se esquece que você nunca vai estar sozinha. Eu sempre vou estar aqui do seu lado. Pode contar comigo, okay?

- Eu te amo, Bia!

- Eu sei, Lili!

- Idiota! – falei rindo. 

- Também te amo!

É... até que eu tinha pessoas verdadeiras do meu lado. Estava na hora de seguir em frente. É muito difícil, mas infelizmente, não posso ficar chorando e chorando. Pena que isso é fácil na teoria, mas impossível na prática. Eu só queria falar com ele. Nada mais. Por que é tão difícil entender o significado de uma simples palavra: acabou?

Heey! Aeee, consegui postar no dia prometido! Beijoo <3

Éramos apenas amigos..Where stories live. Discover now