○42. - União Improvável

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 — Consegue ajudá-los daqui? - Rafael pergunta, encostado na parede oposta aos monitores, olhando um a um. O sangue dos homens que acabara de matar escorre até seus pés. As sombras escuras não mostram-lhes nada com clareza. Ele pega o walk talk sob sua posse. A luz permanece apagada.

– Não saberia nem como. - Diego observa os painéis. Sente-se inútil à partir dali. - O que vai fazer com ele?

Apavorado, o homem que havia liberado a passagem deles até ali olha de um para outro sentado em um canto, a arma de Rafael ainda apontada em sua direção.

— Não vou matar o cara se ele não me der motivo.

— Não vamos ficar com reféns, cara.

— Ele ajudou a gente! Quer que eu execute o homem a sangue frio?

— Não, por favor... - Ele junta as duas mãos em súplica. A voz mais fina do que aparenta.

— Cale a boca. - Diego ordena.

— Não vamos matar o cara. Ainda pode ser útil.

Diego o encara. O homem não moverá um músculo sem que seja instruído.

— Não deixe ele fazer merda.

Diego anda de um lado para o outro. As mãos na cabeça, sentindo-se impotente. Se pudesse, sairia no mesmo instante com a arma em mãos, procurando agir do lado de fora, e não ficar preso assistindo, torcendo e orando.

— Posso ser útil. - A voz do sequestrado é ouvida, trêmula. Diego e Rafael o encaram de cima.

— Por que ajudaria? - O mais velho pergunta.

— Porque eu não vou tomar lado nenhum nessa guerra. Eu só quero sobreviver. Eu tenho família.

Diego o encara, e Rafael encara Diego. Eles não têm tempo para decidir sobre aquelas palavras.

— Ok, anda. Levanta. Sabe mexer nisso? - Diego tira a própria arma das costas, ameaçadoramente.

— Eu trabalhei aqui esse tempo todo, é a única coisa que eu sei fazer. - O homem se levanta devagar, olhando de um para o outro, tentando achar algum sinal de blefe. Se senta na cadeira de frente para o painel de controles.

— Se fizer qualquer merda eu estouro os seus miolos. Entendeu? - Diego segura a arma contra sua nuca e fala baixo próximo à sua orelha. - Se ajudar, você e sua família saem de fininho e nunca tivemos esse papo.

O calvo balança a cabeça nervosamente. Uma aliança desconfiada se forma.

— É bom se mostrar útil.

E ele obedece. Mostra-se mais útil vivo do que com uma bala alojada na nuca. Sentindo-se confortável no território que domina, desembesta a falar.

— Ok, não vão enxergar nada com essa luz. - Ele muda todas as telas para visão noturna com dois cliques. De repente, cada uma das pessoas fica visível. Rafael passa os olhos rapidamente pelo quebra-cabeça que as telas formam. - Têm mais duas salas de controle.

— Duas? Eu encontrei uma. - Diego diz de trás do homem, apoiado na cadeira.

Agilmente, o calvo muda todas as telas para uma planta diferente da que eles possuem. A planta de cima, dos setores. Dois pontos vermelhos piscam nas extremidades opostas.

— É, são mais essas duas. Estão tentando nos derrubar.

— Eu sei. Resolve isso? - Diego pergunta, mas percebe ser um problema para dois. Ao lado do homem, faz o que lhe é indicado, sem deixar de seguir seus instintos. Ele sabe que é capaz de hackear a rede do bunker.

Depois da RuínaWhere stories live. Discover now