[14] A teoria de uma reconciliação

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No final do meu intervalo, fui interceptada por Astrid Berg, quando estava prestes a entrar no sanitário feminino

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No final do meu intervalo, fui interceptada por Astrid Berg, quando estava prestes a entrar no sanitário feminino.

"Olá, Ashlyn. Como vai?"

"Vou muito bem e você? Já conseguiu o tema pro jornal do mês que vem?"

"Aparentemente sim, mas digamos que ele depende muito de algumas pessoas para vir à publicação. Você é uma delas."

"Eu?" Apontei para mim mesma e ri. "O que eu tenho a ver?"

Astrid olhou para os lados, e sem se explicar, me puxou para uma sala de aula vazia.

"Ei!" Me soltei dela. "Pode me explicar por que me puxou para cá, como se quisesse me contar um grande segredo?"

"Bom, não é segredo para você que Pearl e Mark terminaram, não é?"

"Nem para mim, nem para o resto do colégio. Era só isso? Já posso usar o banheiro?" Fiz uma careta. "E por que estou te fazendo essa pergunta? Sou uma pessoa livre! E eu vou ao banheiro."

"Não! Não vai não." Astrid me bloqueou.  "Tenho algumas perguntas que devem ser respondidas e você me parece ser a fonte que está ligada a tudo."

"Olha, estou muito apertada. Se eu não usar o banheiro agora mesmo, acho que vou molhar minha bela meia calça. Ela é linda, você não acha?"

"Acho que você tem que responder minhas perguntas, Ashlyn. E pode usar o banheiro, mas vá rápido. Quero que você volte aqui e responda as minhas perguntas." Ela bateu o dedo indicador no seu relógio de pulso. "Estou contando os minutos. Tic toc, tic toc..."

Sai da sala, usei o banheiro e não voltei para responder as perguntas daquela maluca. Eu sabia que Astrid era louca por uma fofoca, mas nunca pensaria que ela praticamente me forçaria a saciar sua sede que envolvia qualquer boato que corresse pelo Foutman Institute.

****

"Ei, tudo bem?" Gillian me fitou, de cenho franzido. Já estávamos no final do expediente e nós duas em conjunto de Rupert enchíamos frascos vazios de ketchup, mostrada e outros condimentos na cozinha.

"Ah tá sim, Gillian. Só tô meio avoada porque tem um monte de coisas novas acontecendo de uma vez só e eu tenho que sentar por um tempo para processar tudo."

"Também tô passando por isso. A professora Lilian vai sair da cidade, porque recebeu uma boa proposta para trabalhar na Itália e a família dela toda mora lá, então..." Ela fez uma pausa, piscando os olhos para não chorar. "É difícil. Gosto muito dela e é claro que nunca tivemos nada que utrapassasse a barreira professor-aluno, porque isso seria super errado, mas só ficar perto dela me deixava feliz, entende? Ah e minha mãe atualmente só tem olhos para o senhor Elliot, então parece que eu estou perdendo tudo ao mesmo tempo."

"Nossa." Eu disse, não conseguindo esconder a surpresa do seu desabafo. Desde aquele dia em que ela disse que não éramos mais amigas, só falávamos o necessário, tirando o dia anterior. "Você é forte por estar aguentando todas essas mudanças."

"Minha querida, deixa eu entender esse lance." Rupert arqueou as sombrancelhas grossas."Você tava a fim dessa sua professora? Isso parece coisa de fanfic."

"A vida não é uma fanfic, Rupert. E é por isso que eu não quis me prestar a um papel no qual eu iria me arrepender mais tarde. Por isso não rolou nada entre a gente. Foi só uma coisa platônica muito intensa e estranha. Muito muito estranha. Vocês já viveram algo platônico?"

"Eu sempre estou vivendo algo platônico." Rupert sorriu, o olhar meio sonhador. "Me considero um cara apaixonado pelo amor. E você Ashe?"

"No momento estou apaixonada pela ideia de faltar mais uma vez no colégio. Não sou de faltar, mas percebi que faltar é algo apaixonante."

"Senhor Ashe, você é esquisita." Rupert revirou os olhos, provavelmente decepcionado com a minha resposta. O que eu podia fazer? Minha falta no outro dia foi muito boa. E o que é bom você tem vontade de repetir mais vezes, certo?

Gillian sorriu, parecendo gostar da minha idéia.

"Ai, estou precisando faltar alguns dias do colégio, apenas me esquecer um pouco de tudo. Você já teve vontade de largar tudo na faculdade, Rupert?"

"Sim, principalmente no final da semana, quando tô um caco por causa do trabalho. Na verdade não é só o trabalho, né, tem o emocional, o trajeto que faço até o campus, os trabalhos que muitas vezes aniquilam minhas horas de sono. O que me deixa em pé mesmo, é saber que em poucos semestres vou estar com meu diplominha me virando com algo que eu amo."

"Falando em se virar em algo e amor, alguém de vocês topa me ajudar em algo?"

"Olha Gillian, achei tocante a sua história com a professora, mas você acabou de falar que a vida não é fanfic. Então a minha resposta é não. Pode me odiar para sempre se quiser, mas me recuso a te ajudar."

"Não é isso, bobo. É sobre minha mãe. Ela vai fazer um jantar amanhã e o senhor Elliot e o filho tapado dele são convidados especiais, claro. E é tipo, só ela, eles e eu. Queria ter uma companhia para não surtar."

"Eu posso ir, mas apenas com uma condição." Fechei a tampa de um frasco de mostarda e encarei Gillian. "Quero que você pare de me dar gelo."

"Eu topo. Mas você vai ter que ficar do meu lado a noite toda. Nada de simpatizar com o lado negro da força." Ela levantou o dedo indicador. "Ah, e ponha um vestido. Não sei porque, mas minha mãe é obcecada por jantares clássicos, de gala. Meninas tem que usar vestido e os homens terno e gravata. Vou tocar a sua campainha às seis, então não deixe tudo para a última hora."

"Combinado." Abri um pequeno sorriso. "Vamos fazer esse jantar acontecer."

A teoria da reconciliação deve partir de duas partes. Não funciona apenas se uma pessoa querer. Ou as duas concordam ou não há acordo, simples assim. E tome cuidado ao se reconciliar com alguém. Você pode querer voltar a falar e até confiar naquela pessoa, mas talvez ela não esteja sendo sincera com você. Antes de aceitar ou propor qualquer coisa, procure analisar essa pessoa durante alguns dias, a fim de se certificar que ela não está tramando algo. Não são apenas os filmes que contém pessoas de má índole. O mundo está repleto de pessoas falsas e você não quer cair no papo de uma delas, certo? Fique de olhos bem abertos.

**Texto pensado e redigido por: Ashlyn (Ashe) Reed.

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Atenção: algumas pessoas, lugares e eventos mencionados no decorrer dos capítulos, poderão ter seus nomes modificados a fim de preservar respectivas privacidades.

Ps: isso não é um diário. Te mato se eu souber que você acha que meus registros e experiências altamente profissionais não passam de puro clichê adolescente.

A Teoria da Faixa TrêsWhere stories live. Discover now