[5] A teoria de um flerte

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Como se eu estivesse tentando compensar o meu atraso no dia anterior, acordei por volta das 5 da manhã e não consegui mais dormir

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Como se eu estivesse tentando compensar o meu atraso no dia anterior, acordei por volta das 5 da manhã e não consegui mais dormir. Rolei de um lado para o outro na minha confortável cama, até que desisti mesmo e peguei meu celular para fuçar o Instagram. Não queria me gabar aqui, mas realmente eu sou muito blogueirinha!  Tenho um número considerável de seguidores na minha conta e meu feed é um dos mais impecáveis. O que posso fazer? Sou libriana (com orgulho!) e nós temos um talento natural para estas coisas que envolvem imagem e etc. Não que eu seja do tipo obcecada, que fica meia hora editando uma foto ou coisa sim, não, Deus me livre. Mas sou preocupada com a estética e às vezes (tá, muitas vezes) tiro umas 20 fotos para postar uma e ainda posto ela meio chorando.

Mas a questão não é essa. Eu abri o aplicativo metade sonolenta, metade ansiosa e cliquei no primeiro Stories que eu vi. Nem havia sequer notado que o Stories em questão era de Mark Elliot e que ele estava quase chorando, pedindo perdão para Pearl publicamente e cantando Never Be Alone do Shawn Mendes tão desafinado que eu tive que sair do aplicativo por puro desgosto. Que vergonha alheia. Ficar pedindo perdão em plena rede social? E ainda cantar Shawn Mendes? Se isso não era estar desesperado, eu realmente não sei o que é.

Aliás, Never Be Alone é uma faixa 3, então quando eu me dei conta disso (o que demorou no máximo uns 10 minutos depois de eu sair da rede social), meu desgosto se multiplicou por mil. Hahaha, muito engraçado Instagram. Muito mesmo. Era só o que me faltava e a manhã ainda nem havia começado direito! Obrigado universo. Mesmo.

Depois da bela notícia, me levantei e fui preparar meu look do dia. Espiei a manhã pela janela e depois fui ver o tempo na internet. Dia nublado e aparentemente abafado. Ótimo para não ter uma faixa três incomodando o meu belo dia. Tirei lá do fundo do closet um blazer cor de mostarda e o combinei com uma calça jeans cintura alta dos anos 90, que comprei há um ano atrás, num brechó. Tomei uma ducha ao som da minha playlist vintage e até me preocupei em prender o cabelo num rabo de cavalo. Geralmente eu só finalizava com um creme que deixava meus cachos bem soltinhos, botava uma tiara e era o que Deus quisesse, amém.

Bom, eu estava bem distraída cantarolando minha Cyndi Lauper enquanto escolhia algum calçado (estava em dúvida entre usar um All Star ou um Oxford), quando de repente, Mia invadiu meu quarto como se fosse um policial com um mandado de prisão, me lançando um olhar irritado.

"Quer parar com esse barulho chato logo de manhã?", ela analisou minhas roupas e soltou um suspiro. "Senhor. Por que você não se veste como um adolescente normal?"

"Confessa que eu estou até bem adolescente normal hoje, Mia", retruquei, o tom irônico derretido em cada palavra que proferi. "E bom dia, a propósito. Sabia que é bem educado você bater na porta dos outros antes de entrar?"

"Não tocar música alta quando os outros estão dormindo bem do lado também é uma forma de educação que você deveria experimentar", ela coçou de leve o topo da sua cabeleira perfeitamente macia e brilhante que eu cobiçava bastante. Não sei se você reparou, mas eu invejo cabelos. "Vou sair daqui meia hora e não vou esperar ninguém. Hasta luego."

A Teoria da Faixa TrêsOnde as histórias ganham vida. Descobre agora