Recontruído

Vinte e Sete

Austin Letter

Eu estava ferrada.

Eu estava absurdamente, interruptamente e completamente ferrada.

Hoje era o dia da luta de Henry.

Ele e Ryan já estavam lá, e eu deveria estar também, se eu ao menos conseguisse sair de casa. Meus pés estavam travados na porta me impedindo de dar qualquer passo.

Motivo?

Oh, eu apenas fiquei com o inimigo mortal de Henry para me vingar de seu súbito submisso à alguns anos atrás.

Ele iria me matar se descobrisse, e é por isso que eu estava petrificada segurando a maçaneta de sua porta.

A única pessoa que sabia disso era Riley, e ela passou as últimas duas horas conversando profundamente comigo sobre o meu desespero.

Meu celular apita e eu pulo em meu lugar e, ignorando o susto, pego o aparelho na minha bolsa. Recebo algumas mensagens de Henry e minha respiração vacila.

"Onde está você? A luta já vai começar. Preciso de você aqui."

Sorrio com aquela mensagem simples e direta, meu coração pulsa rápido dentro de mim e eu decido quebrar essa minha paralisia ridícula e desço para o saguão. Felizmente, Henry possuía mais que apenas um carro, então pego uma das chaves e vou com um dos seus carros para o local.

Assim que chego lá, meus olhos varrem o lugar e percebo que estava completamente cheio, havia pessoas nas ruas e dentro dos estacionamentos que estavam congestionando tudo. Por pouco não consegui lugar pra estacionar.

Mas, graças a Henry,  eu tinha o cartão de sua equipe, ou seja, eu tinha uma vaga exclusiva e eu poderia ficar com ele em sua preparação até a luta começar e em sua sala.

Vou atravessando e empurrando algumas pessoas até finalmente conseguir chegar no corredor certo. Avisto algumas pessoas da equipe dele e os cumprimento entrando na sala sem muitas dificuldades.

Vejo ele assim que abri a porta, Henry estava de cara fechada sentado em uma cadeira de frente para um espelho grande que cobria um canto da sala.

Ryan estava conversando de pé no telefone com alguém que eu não tinha ideia de quem era.

Henry levanta seu olhar para mim quando percebe que eu havia chegado e eu sorrio para ele indo em sua direção. Mas ele não fez o mesmo, Henry permaneceu com sua carranca séria mesmo assim, não mudando nem quando eu me aproximei.

O abraço por trás levando minhas mãos em seu pescoço e beijo o local carinhosamente.

—Desculpa pelo atraso, o trabalho foi mais difícil do que eu esperava hoje. — digo e continuo a distribuir beijos por ali.

Não menti à ele, mas também não contei toda história.

—E se eu perder? E se Hunter ganhar? Ele vai jogar isso na minha cara pra sempre! — diz em um tom baixo e hesitante se olhando no espelho receoso.

Respiro fundo e viro sua cadeira giratória para ficar de frente pra mim. Pela primeira vez desde que cheguei, seus olhos se encontram com os meus profundamente.

—Escute, você não vai perder. Lembra quando fomos ver a luta dele? Ele nem é tão bom assim, Hunter só ganhou porque seu oponente foi subornado. E eu não acredito que você tenha aceitado dinheiro para Hunter ter sua vitória. — jogo para ele essas palavras e uma de suas sobrancelhas se levanta parecendo avaliar  melhor a situação.

Ele coça sua nuca.

—É, você tem razão. É só que, sei lá, eu estou com medo, um pouco nervoso e receoso também. — ele desabafa sorrindo timidamente.