Recontruído

Três

Henry Holloway

Eu gostava dos holofotes.

Eu nunca pensei que um dia iria me acostumar a isso, mas na verdade era legal ser o centro das atenções uma vez na vida.

Eu já havia dado início às entrevistas, Ryan não tinha aparecido no hotel desde ontem então eu tive que cuidar de tudo. Isso me deixou profundamente irritado, as várias ligações que deixei em sua caixa de mensagem não foram o suficiente para fazê-lo atender.

— Então Henry, você ficou por muito tempo se recuperado da cirurgia, não é? — a mulher na minha frente pergunta enquanto ajeitava sua posição no sofá.

Olho para o relógio na parede e depois volto a pousar meus olhos sobre ela tentando transmitir um sorriso para disfarçar minha agonia.

Respiro fundo.

— Sim, levou um tempo para eu conseguir entrar nesse mundo. 2 anos sem poder andar, mais 2 anos para me recuperar. E agora aqui estou eu, 2 anos de carreira. —levanto os braços em sinal de entusiasmo.

A mulher sorri para mim sensualmente e põe seus cabelos para trás, deixando seu decote á mostra em uma bela visão para mim.

Infelizmente hoje não seria o dia de sorte dela, eu não estava nenhum pouco no clima.

— Você parece ser muito dedicado ao seu trabalho. Ouvi dizer que você e Ryan são muito amigos, vocês treinam um contra o outro também? Essa é uma dúvida que muitos fazem. — ela pergunta com um sorriso divertido em seus lábios enquanto seus olhos pesavam sobre mim.

Pouso minha perna em cima de meu joelho e vou para trás me arrumando no sofá para ficar mais relaxado.

Após essa entrevista eu teria mais duas em dois lugares diferentes. Depois disso eu vou ter tempo livre, mas claro que esse tempo não durará muito pois á noite eu teria mais uma luta.

Geralmente ninguém luta dois dias seguidos, mas Enrico pediu uma revanche, não achou a luta justa e alegou que eu estava sobre doping.

O que é uma longa história...

— Bom, nós brincamos às vezes mas nunca lutamos de forma séria. Faz tempo que Ryan não volta aos ringues, eu era um grande fã seu e estou muito orgulhoso de mim por chegar onde cheguei  com sua ajuda. — volto a respondê-la.

Falando na criatura, Ryan entra cautelosamente pela porta e quando  percebe que todos nós estávamos olhando para ele, sua postura muda e ele sai das sombras com um sorriso no rosto vindo em nossa direção nós cumprimentar, depois se assentou em uma cadeira perto de mim mas não perto o suficiente para fazer parte dessa entrevista.

A mulher ignorou sua súbita chegada e voltou a me encarar.

— A história de vocês é linda. Mas precisamente a sua, é incrível, tudo que você passou para chegar até aqui é inspirador. — ela sorri para mim ao dizer essas palavras.

Assinto com a cabeça.

— É, não tem nenhum dia que eu não pense nisso. Nunca esquecerei o que eu passei, nunca esquecerei das pessoas que estiveram ao meu lado e... — por um momento rápido tive que segurar as lágrimas que ameaçaram descer, eu odiava quando ficava emotivo nas entrevistas ao lembra da minha deficiência. — É, simplesmente isso tudo é incrível. Estou vivendo um sonho.

A mulher sorri para mim e ao olhar para o Ryan seu rosto muda, suas feições suavizam e ela se vira para mim seriamente:

— Então, mudando de assunto Henry... está sendo falado muito por aí sobre sua acusação por doping. — agora ela não estava mais sorrindo, curiosidade marcava seu rosto.