Cap. 12

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Depois que Lis saiu do auditório, me deixando sozinho, sentei em uma das milhares de cadeiras vazias e me forçei a voltar ao passado

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Depois que Lis saiu do auditório, me deixando sozinho, sentei em uma das milhares de cadeiras vazias e me forçei a voltar ao passado.

   Era 10 de Outubro de 2006. E eu tinha acabado de chegar na minha nova casa, quando vi uma menina brincando no quintal com algumas bonecas e um jogo de chá. A garota colocou seus olhos sobre mim como se senti-se que alguém a observava, e logo em seguida sorriu. Sorri de volta e corri para dentro de casa feito um idiota.

  Entrei no meu quarto novo e era do mesmo tamanho do antigo. Olhei qual séria a visão da janela e vi que daria para a casa da frente.

  A garotinha continuava a brincar no quintal com inocência, enquanto eu a observava. Ela era tão fofa e lindinha. Eu não entendia o porquê mais meu coração batia forte contra o peito. E sorrisos estampavam meus lábios sem nem ao menos eu perceber. E tudo por causa da minha vizinha fofa. Com um vestidinho vermelho e os cabelos partidos ao meio a menininha se parecia com a Mônica, mas de uma forma boa. Ela era a Mônica mais linda que eu já tinha visto.

  Depois de um tempo a olhando pela janela do meu quarto, escutei os meus pais com as vozes alteradas no andar de baixo.

_Acabamos de chegar e você já vai sair? _ escutei o meu pai dizer, enquanto descia as escadas.

_Preciso checar se o trabalho dos arquitetos estão andando na minha loja. Preciso abri-la o quanto antes. _ a minha mãe fala com descaso pegando a bolsa e indo em direção ao aparador pegar a chave do carro.

_ Suzana, nós dois sabemos que não é esse o motivo da sua saída repentina. - me sentei no último degrau da escada escutando mais uma das discussões dos dois. _ Você vai vê-lo! Saímos da nossa cidade com você dizendo que ia deixa-lo. Que ira focar em mim e no nosso filho, mas eu deveria saber que tudo que sai dessa sua boca é mentira. _ Minha mãe revira os olhos e retoca o batom no espelho que já foi colocado na parede da sala, mesmo só fazendo duas horas que havíamos chegado.

_ Lucca, eu vou a minha loja! Se você não acredita ai já é problema seu. _ minha mãe falou se virando na direção do meu pai. _ Mas pra ser bem sincera, o Caio é bem melhor que você. _ sua voz saiu dura como uma pedra e o meu pai esbugalha os olhos com tamanha ousadia.

_ Chega! Estou no meu limite, Suzana. A partir de hoje não temos mais nada. Quando voltar do seu encontrinho amoroso, lembre de levar suas coisas para o quarto de hóspedes. O nosso casamento será de fachada para os nossos amigos e conhecido, não posso me meter em um divórcio a essa altura do campeonato. _ Nunca ouvi meu pai falar tão firme com alguém como naquele dia. Seus olhos eram puro vazio.

  Mamãe o encara com ousadia e da um sorrisinho sarcástico e vai até a porta, a qual abri.

_Não será um problema. _minha mãe fala e fecha a porta atrás de si.

  Antes que meu pai me visse e se sentisse mais envergonhado pela forma que é tratado pela própria mulher, subi de volta para meu quarto. O mesmo ainda estava praticamente vazio, apenas com minha cama e roupas colocadas no closet. O resto eu organizaria com o tempo.

  Voltei pra janela, na esperança que a menina ainda estivesse em seu jardim, mas a mesma já tinha saído deixando meu humor ainda pior.

   A raiva que eu já tinha da minha mãe, por jogar a nossa família toda no ralo já era enorme e depois desse dia aumentou ainda mais.

  Como alguém podia ser tão cruel com alguém que sempre a tratou bem e lhe deu de tudo? Meu pai a amava tanto e era isso que ele ganhava em troca, chifre e ingratidão?
    Com o que meu pai sofreu achei que sofreria também, então jurei naquele mesmo dia em cima da minha cama que nunca amaria alguém como o meu pai amava a Suzana.

  No finalzinho da tarde a minha mãe ja estava de volta, e a vontade de olhar em sua cara era nula. Passei o dia trancado no quarto a fim de não ter que trombar com ela pela casa.

   Enquanto passeava, o meu pai tinha se trancado no escritório, bebendo, chorando e metendo a cara no trabalho, tentando supera-la.
Do meu quarto escutei a campainha tocar, mas continuei no mesmo. E então, minutos depois escuto minha mãe me chamando pra descer, pois tínhamos visitas.

  Não sei como, mas eu sabia que era a menina do jardim e abri um sorriso em animação. Aquele arrepio e coração acelerando já estava de volta, antes mesmo que eu desse conta. Quando fiz menção de descer as escadas, lembrei que não aguentaria ficar no mesmo comodo que a Suzana. Parei no pé da escada, tomado pela indecisão se descia ou não.
Nunca quis tanto conhecer uma garota como eu queria conhecer aquela. Queria lhe pergunta seu nome. Idade. Sobrenome.Que tipo de música ouvia. Que desenhos ela curtia.

  A curiosidade de saber mais sobre a "Mônica fofinha" me dominava a cada segundo parado naquela maldita escada.

Mas e a minha mãe? Se eu fosse lá naquele estado, não conseguiria fingir e o plano do papai em ser descreto, iria por água a baixo. Minha raiva cresceu quando me dei conta da merda que iria fazer.

_ Tô legal aqui. _ as palavras sairam da minha boca cortante, por raiva da minha mãe. E arrependidas, por parecer grosseiras pra menina do jardim. Mas era necessário, fingir ser culpa da garota e não da minha mãe. Nossa família feliz não podia ser desmascarada. _ Não tô afim de fazer sala pra Mônica. _ O apelido carinhoso que dei pra ela saiu sem que eu percebe-se. Porém, o apelido pareceu qualquer outra coisa, menos carinhoso ao ser pronunciada em voz alta pela primeira vez.

  Entrei no quarto e bati a porta. Naquele dia passei a noite acordado, pensando na escolha errada que fiz. Escolhi ignorar a garota ao encarar a minha mãe de frente.



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Sempre foi Você. 1 Vol. [Concluído]Where stories live. Discover now