Capítulo 30 - Bernardo

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Capítulo 30 – Bernardo

Eu já estava há duas quadras do hospital quando lembrei que havia deixado o meu celular lá. Tive que fazer o retorno para recupera-lo antes que Giullie pudesse atender alguma ligação que ela não deva, ou ler e ver algo que não deve. Eu já havia ido longe demais. Já havia escondido a verdade dela durante muito tempo. Após resolver esses problemas, eu iria contar tudo, independente do resultado. E quando digo problemas, quero dizer as ligações, as ameaças e o fato de a Comunica ter virado cinzas. Eu sabia quem havia feito isso, e porque havia feito.

Já estava escurecendo, e as vagas do estacionamento do hospital pareciam ter se esvaído. Demorei cinco minutos só para achar uma vaga livre. O hospital estava uma loucura. Pelo que ouvi de alguns seguranças um grande acidente havia acontecido e muitas pessoas ficaram feridas. Optei pelas escadas ao invés dos elevadores, apesar da Giullie estar hospitalizada no oitavo andar, esse percurso me daria tempo para pensar. Eu estava torcendo para que ela estivesse dormindo, não gostaria que ela me visse, pois logo após eu iria deixa-la, provavelmente inventando muitas desculpas, para sair “ileso”.

Ao virar o corredor eu já pude perceber uma movimentação ao redor do quarto dela. Olhei para trás, para os lados, meio desconfiado, mas não apressei o passo. Chegando em frente a porta, me deparo com uma das enfermeiras gesticulando furiosamente e se desculpando com o médico responsável por algo que eu não sabia o que era.

— Aconteceu alguma coisa? — perguntei olhando para dentro do quarto.

— O senhor é parente da paciente?

— Sim. O que aconteceu? — pergunto já entrando dentro do quarto, e o encontro vazio — Onde ela está?

Eu já estava no modo desconfiado.

— Não sabemos onde a paciente está, mas o quarto está vazio. Deduzimos que a paciente deva ter ido embora, porém, ela esqueceu os seus pertences — disse o médico me entregando a carteira com os documentos dela.

Não esperei resposta, e dei meia volta, já socando o número do celular do André na pequena tela do telefone, enquanto corria pelas escadas.

Onde ela está?

O dia poderia ficar pior? Eu aposto que sim. Eu estava nervoso, e não sabia onde ela estava. Ela poderia ter voltado para casa, ter ido ao banheiro e ficado por lá, mas a minha mente só conseguia “correr” para o pior.

Resolvi parar, respirar fundo e pensar.

Ah, que se dane!

Meu coração batia de forma descontrolada dentro do meu peito, eu estava suando frio, minha respiração era alta e irregular. Eu estava uma pilha de nervos. Resolvi que para resolver todo esse mistério, eu deveria checar as câmeras de segurança e foi o que eu fiz.

Fui até o primeiro segurança que estava dentro do meu campo de visão e pedi que ele chamasse o chefe de segurança do hospital.

— Pois não, em que posso ajudá-lo? — perguntou um homem careca, alto e forte.

— Você é o chefe da segurança? — ele assentiu cruzando os braços.

— Uma paciente está desaparecida, eu preciso saber o que aconteceu?

— Infelizmente senhor, eu só posso mostrar as gravações das câmeras para a polícia.

— Você não entende? Há uma mulher desaparecida! — alertei.

— No momento em que um policial me apresentar um mandado, eu posso mostrar as gravações para o senhor.

Dei as costas para ele e disquei o número do delegado que estava cuidando do caso da Comunica.

Você e EuOnde as histórias ganham vida. Descobre agora