Capítulo 4 - Bernardo

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Capítulo 4 – Bernardo

Que noite!

Não bastasse ter perdido uma grana na sinuca, ainda tive que aguentar a zoação pelo meu time ter perdido pela terceira vez seguida no brasileirão.

E agora, ela.

Quando a vi caindo na escada, meu coração saltou pela boca, garota desastrada. Não sabia que era ela, a princesa da Comunica, e muito menos que morava no mesmo prédio que eu.

Mas quando a vi, tive que ajudá-la. Não contava com ela ser tão atrevida, mas sabia o motivo muito bem por ela estar agindo assim, estava bêbada, e era uma graça, tive que me conter para não gargalhar das bobagens que ela falava. Estava tão alta que não conseguia parar em pé.

A levei até o apartamento em que morava, dois andares abaixo do meu, abri a porta e a sentei no sofá. Olhei ao redor e percebi uma caixa de primeiros socorros no balcão da cozinha e fui direto, sem nem ao menos pedir permissão para pegar a caixa, quando voltei pra sala, percebi que seu casaco estava todo enrolado e com uma manga meio caída, mostrando parte da clavícula. O vestido florido havia subido um pouco e mostrava parte das suas lindas coxas e pernas.

Cristo Senhor, me dá forças.

Ela era pequena, branca, quase transparente, magra, seus cabelos longos e loiros, levemente ondulado nas pontas e sua franja desfiada e bagunçada, completavam o visual romântico que ela apresentava. Seus olhos quase fechados eram de um tom verde escuro, seu nariz pequeno e sua boca rosada faziam com que seu rosto se tornasse angelical.

Linda.

 – Me deixa ver os teus joelhos. - Abri a caixa de remédios e molhei um algodão com soro pra limpar os arranhões que ela havia ganhado com o tombo, peguei as suas pernas e coloquei em cima das minhas para limpar.

Não sou nenhum santo, não tocar nela é complicado.

– Tá ardendo um pouco. – Falou tão baixinho que quase não ouvi. Ri da situação.

– Criançola. – Abaixei o rosto e soprei. – Melhorou?

– Sim, obrigada. – Bocejou, e eu voltei pra realidade, sabendo que deveria deixá-la sozinha.

Terminei colocando um band-aid em cada arranhão e para completar beijei os dois joelhos dela, sem saber realmente o porquê de ter feito isso.

Fiquei maluco, só pode.

– Vai ficar roxo, mas quando casar vai sarar. – Pisquei com um sorriso pra ela, coloquei as pernas dela no chão e me levantei para guardar os remédios.

Quando voltei, ela estava dormindo, totalmente torta no sofá, não resisti e a ajeitei para que ela se sentisse confortável, peguei uma manta que estava no braço do sofá e a cobri. Fiquei olhando pra ela que nem um paspalho. Estava calma e linda, seu rosto era delicado, seu nariz arrebitado e a boca muito beijável. Olhei ao redor e vi que sua casa era limpa e organizada, com uma decoração retrô e simples. Muito colorido e com cores puxando para candy colors. Tirei alguns fios de cabelo do seu rosto, coloquei a franja dela para o lado, peguei meu casaco do sofá, apaguei as luzes e saí.

Logo após fechar a porta do apartamento dela, meu celular tocou.

– Ah não, Luana não. – Gemi em frustração.

Esperei mais um pouco, a ligação caiu, mas logo em seguida voltou a tocar, dessa vez ignorei. Abri a porta que dava para as escadas e subi os degraus de dois em dois, cheguei ao décimo andar rapidamente, enquanto o celular não parava de tocar, abri a porta e dei de cara com a bruxa.

– O que faz aqui? – Perguntei de forma curta e grossa.

Ela se virou rapidamente, colocou o celular na bolsa e correu para me abraçar.

– Vim ver você meu bem, o que mais eu poderia fazer aqui? – Sorriu aquele sorriso cheio de dentes, falso e depositou ambas as mãos no meu peito, traçando linhas imaginárias.

Luana é linda, loira, magérrima e alta. Sua boca é o que mais chama atenção no seu rosto, seus olhos de anjo e sua forma sensual completam todo pacote.  Namoramos por alguns meses, mas a garota é um grude. Não largava um minuto do meu pé e desejava como todas as outras, que eu colocasse uma aliança cravejada de diamantes no seu dedo anelar.

Graças a Deus, isso nunca chegou a acontecer.

– Eu já te disse que acabou, qual parte você não entendeu? – Tirei os braços dela de cima de mim. – Vai e não volta, faça esse favor pra nós dois.

– Enrico, você não pode me tratar assim! Eu vim aqui, esse horário pra conversar com você, te dar carinho e você me trata assim? Meu bem, vamos voltar, eu quero você, sei que me quer também. Todos acharam uma tolice você ter terminado comigo. – Fez beicinho e cara de inocente.

Virei com fúria pra ela.

– Tolice encontrar você com aquele filho da puta na porra da sua casa?! Hein? Posso até ter cara de corno, mas não vou agir com um. Sai daqui! Não quero ver essa sua cara plastificada na minha frente de novo, entendeu?

Agora eu estava mais que furioso.

E foi aí que recebi um tapão. Aquele em que os dedos ficam marcados no seu rosto. Caramba, isso dói. Essas mulheres de hoje em dia são loucas, a desgraçada me traiu com um velho nojento e vem com a maior cara de pau pedir pra reatar um namoro? É doida, só pode.

– Você vai se arrepender disso, tá me ouvindo? Vou acabar com você e você nem vai saber quando ou o que te atingiu. Babaca!

Apertou o botão do elevador e eu não esperei mais, abri a porta de casa e tranquei, não ia esperar ela fazer mais barraco. Graças a Deus, lembrei de trocar a fechadura.

Larguei as chaves no aparador e fui direto pra geladeira pegar uma cerveja gelada. Voltei pra sala, tirei os sapatos, as meias e a camisa, sentei no sofá e liguei a televisão, sem ao menos prestar atenção, porque os meus pensamentos estavam voltados pra ela. 

Giulliana.

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