Capítulo 29 - Giulliana

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Capítulo 29 – Giulliana

Fumaça.

Eu não me lembro de ter deixado alguma panela no fogão. Será que deixei? Não, óbvio que não. Eu nem uso meu fogão. Que estranho.

Eu estava pensando enquanto dormia, aos poucos fui acordando e sentindo cheiro de álcool, escutando barulho de sirenes.

Hospital.

Levantei meu tronco rapidamente e tossi. Foi então que me lembrei o que havia ocorrido. A Comunica estava em chamas e eu estava prestes a morrer queimada. Ouvi um suspiro de alívio e fui enrolada por longos e fortes braços.

– Você acordou – Bernardo sussurrou.

– Bê! – afirmei feliz, me agarrando a ele como se nunca mais fôssemos nos ver.

– Eu acho que morri mil vezes hoje – ele me afastou um pouco e beijou a minha testa – Nunca mais faça isso.

– Mas... – eu ia dizer para ele que não tinha culpa nenhuma de a Comunica estar pegando fogo, mas ele me interrompeu.

– Nunca mais me deixe falando sozinho no telefone, não em circunstâncias perigosas, e nunca mais Giulliana, eu disse nunca mais, tente agir com uma heroína, fui claro?

Eu podia sentir o quão preocupado ele estava comigo, e meu coração imediatamente deu um salto ao lembrar da nossa breve conversa.

– Eu não quero morrer.

– Meu amor, meu amor. Isso não vai acontecer, eu não vou permitir, ainda tenho que te pedir em casamento.

– Foi – respondi feliz, não só por estar viva, mas por tê-lo ao meu lado.

Não tivemos oportunidade de conversar por mais tempo, porque o quarto do hospital foi literalmente invadido por diversos jornalistas e eu fui bombardeada com perguntas de todos os tipos. Bernardo imediatamente tentou expulsar à todos, mas sem sucesso, até que os seguranças do próprio hospital tiveram que intervir e conseguiram retirar todos aqueles famintos por notícias do quarto. Bernardo acabou saindo junto com todos para dar “explicações” sobre o ocorrido, o que eu achei totalmente desnecessário.

Já havia se passado duas horas após todo esse incidente e nada de o Bernardo voltar, o médico já tinha vindo me ver e informou que eu iria passar a noite no hospital por precaução, e ainda assim Bernardo não voltou.  Me escorei no fino travesseiro, cruzando os braços enquanto meu cérebro tentava encontrar o real motivo para a Comunica ter pegado fogo, eu não conseguia pensar em nada que pudesse iniciar um incêndio do tamanho que foi. O prédio inteirou estava em chamas.

Será que...

Impossível! Não poderia ter sido um incêndio criminoso. Quem seria capaz de fazer uma coisa dessas? Não, acho bem difícil. Provavelmente vão me dizer que houve um vazamento de gás na cozinha do prédio. É a única forma de isso ter acontecido. Mas, pensando melhor, eu não ouvi nenhum tipo de explosão antes do alarme tocar. Um toque na porta impediu que eu continuasse a minha análise mental, olhei para o lado e me deparei com Bernardo acompanhado de dois policiais.

– Giullie, esse é o detetive Eduardo e o policial Miguel, eles gostariam de fazer algumas perguntas pra você, tudo bem? – assenti e fiquei o mais ereta possível.

– Como está senhorita Giulliana? – perguntou o detetive.

– Ainda sinto cheiro de fumaça, mas estou bem, obrigada.

Ambos os policiais puxaram uma cadeira e se sentaram próximos a cama.

– O fogo teve início na central de ar-condicionado, o fogo teria começado durante o trabalho de limpeza e troca de fiação elétrica.

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