Capítulo 15 - Giulliana

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Capítulo 15 – Giulliana 

Estou com tanta vontade de surrar o Bernardo! Passo as mãos pelo cabelo várias vezes seguidas. Estou frustrada e irritada. Eu sei o que vocês estão pensando. Que estou com ciúmes dele. Poupe-me né! Ciúmes? Dele? Até parece!

Tudo bem, tudo bem, não me pressionem mais! Eu estou morrendo de ciúmes.

Faço questão, de que toda vez que ele dá uma olhada em direção a Bruna, eu cruzo as pernas por debaixo da mesa, e sempre “raspo” o pé na perna dele e o chuto. Sempre no mesmo lugar, na canela, que por sinal, já deve estar bem roxa.

Bem feito!

É engraçado, pois ele não está entendendo o motivo de estar apanhando por debaixo dos panos, literalmente. Sempre que o chuto, ele me olha de forma interrogativa, e eu simplesmente dou de ombros.

No último chute eu lhe pedi desculpas.

– Me perdoa, não tenho muita noção de espaço. – Menti.

– Claro. – Ele murmurou.

O almoço estava maravilhoso, vovó e Anna que cozinharam. Para mim, em especial elas fizeram abobrinha assada com arroz, para os demais, fizeram um entrecôte ao curry com purê de Banana-da-Terra. Os pratos estavam lindos. De acompanhamento, tivemos vinho e suco e de sobremesa, a minha preferida, pudim.

Resolvi apagar um pouco Bernardo, pois estava chateada. Ele quase não havia falado comigo, e eu fiquei com receio de puxar assunto. Senti-me estranha, pois estávamos sentados um de frente para o outro.

Puxei então, Bruna para uma conversa com tópicos femininos. Conversamos sobre Paris e o quanto eu achava que a França era o país da moda. Conversamos sobre a faculdade que ela havia terminado recentemente e sobre o curso de extensão que eu estava fazendo aqui na cidade. Contei para ela um pouco sobre a Comunica e sobre alguns contos que eu já havia publicado. Comentamos uma para outra qual livro estávamos lendo e rimos muito da situação, pois ambas estavam lendo o mesmo, Magnetismo do Amor da série Artimanhas do Destino, de três escritoras brasileiras, comentamos o quanto estamos apaixonadas pelo Otávio, suspiramos juntas e limpamos a inveja que temos da Alice da nossa mente.

– Bruna, onde você está morando? – Perguntei curiosa.

– Por enquanto, eu estou na casa da tia Anna, mas já consegui comprar um apartamento no centro, só estou ajustando algumas coisas, deixando ele do meu jeitinho, sabe? – Comentou sonhadora.

– Sim, eu sei. Bom, se qualquer dia desses, você se cansar de ver a cara da Nanna durante as manhãs, você pode ir passar algumas noites lá em casa, eu ficaria muito feliz de trocar figurinhas contigo. – Pisquei para ela, e ela entendeu o tipo de figuras que estávamos falando.

Isso mesmo, homens literários. Personagens que se tornam nossos amores platônicos. Cada livro novo, um novo amor.

– No fim, acho que sou uma vadia literária. – Sussurrou Bruna para mim. – Eu vivo traindo os meus personagens com outros. – Suspirou e voltou com o seu olhar sonhador.

Bruna é engraçada, muito bem humorada, parece viver no mundo da lua. Ela curte algumas coisas meio esquisitas e tensas, tipo estórias de horror, e umas bandas meio estranhas, mas me dei super bem com ela, apesar de ter me sentido ameaçada de início com as olhadelas que Bernardo deu para ela.

Depois que todos terminaram de comer, resolveram ir para a sala jogar conversa fora, menos vovó, que foi tirar a sua famosa sesta. Subi com ela, para matar um pouquinho a saudade. Ao entrarmos no seu quarto, nos deitamos juntas na sua enorme cama de casal.

Você e EuOnde as histórias ganham vida. Descobre agora