Capítulo 20

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Miguel

Algumas semanas se passaram e o restaurante de Miguel estava pronto para ser inaugurado.

— Como você se sente? – Letícia se aproximou do irmão, enquanto ele verificava os utensílios da cozinha.

— Eu queria estar mais animado... – ele suspirou.

— Maninho, sei que você está triste por causa da Milena, mas esta é a sua noite. Aproveita!

— Eu estou tentando me animar... é sério! Mas como eu posso ficar tranquilo sabendo que ela está lá... no hospital...

— Você não pode fazer nada... – ela colocou a mão no ombro do irmão. – Você não tem poder nenhum sobre a situação dela. Isso é com Deus!

— Eu sei – ele suspirou desanimado. – Eu queria muito que ela estivesse aqui...

Letícia se aproximou de um enorme balcão vertical refrigerado, onde as sobremesas estavam.

— Bom... pelo menos a doçura dela está aqui...

Miguel sorriu e se aproximou.

— Tenho certeza que o “doce Milena” vai fazer um sucesso hoje! – Letícia abriu o balcão e estendeu o braço para alcançar um dos doces.

Miguel bateu de leve na mão de Letícia e fechou o balcão.

— Você sabe que é para os clientes e só após o jantar...

— Você está pior que a mamãe... – Letícia cruzou os braços e fez um biquinho.

— E você está parecendo uma criança... – ele sorriu e meneou a cabeça.

A inauguração do restaurante foi um tremendo sucesso. Miguel tinha arrasado na reprodução dos pratos de seu pai, que já era famoso e reconhecido, mas também se saiu muito bem com seus pratos originais.

Ao final do jantar, Miguel serviu o “doce Milena” e sua criação foi imensamente elogiada. Acabou sendo uma noite memorável!!

“Obrigado, Senhor!” – Miguel agradeceu antes de se deitar. – “Só o Senhor pra me dar forças...”

Bem cedo, no dia seguinte, Miguel foi ao hospital. Ir visitar Milena todos os dias não era nenhum sacrifício para ele. Ruim mesmo era ter que ver, diariamente, sua amada ali, imóvel, cheia de aparelhos em volta para ajudá-la a se manter viva. Às vezes ele conversava com ela:

— Você sabia que o restaurante saiu na primeira página do jornal da cidade? – Miguel apontou para a foto do jornal e o colocou em frente à Milena desacordada. – É... acho que estamos fazendo sucesso...

Miguel colocou o jornal na mesinha ao lado do leito dela e sentou na poltrona de acompanhante.

— Mas nada disso tem graça sem você... – ele murmurou, olhando para aquela mulher completamente imóvel na cama.

Às vezes ele só trocava a flor do vaso do quarto e lia o cartão que ele havia escrito.

— “Hoje o dia não está tão lindo, está tão cinza e tempestuoso... Mas eu acredito que esta tempestade horrível irá passar e eu continuo a orar... O nosso dia de sol breve virá.”

Miguel olhou para Milena e acariciou seu rosto machucado.

— Você vai sair dessa...

Ele ajoelhou ao lado do leito e fez o que ele fazia em todas as visitas... orou.

—  Deus Todo-Poderoso, meu Pai Celestial, aqui está a Milena. Continuo sem entender os Teus propósitos, mas ainda assim continuo confiando em Ti. Senhor, tome a Milena em Tuas mãos e faça o Teu querer. Meu desejo é que ela seja curada... Quero tanto que ela saia deste coma e sem sequelas... – ele já estava com lágrimas banhando todo o seu rosto. – Eu quero tanto ver seu sorriso lindo... Cuide dela, Senhor... Em nome de Jesus eu peço. Amém.

Em todos os lugares em que Miguel era convidado para pregar, ele pedia:

— Por favor, orem pela jovem Milena Santos. Ela está em coma e precisa de um milagre! Não se esqueçam, meus irmãos, Milena Santos!

Em todos os cultos em sua igreja, Miguel também pedia para que orassem por ela na oração final.

— Miguel! – chamou uma voz masculina.

Miguel, que estava saindo, virou-se.

— A paz do Senhor! – o líder dos jovens o cumprimentou.

Miguel respondeu o cumprimento apertando a mão dele.

— É... Estou curioso sobre essa Milena por quem você pede oração em todo culto.

— Ela é uma amiga... – ele disse com tristeza.

— Uma amiga...? Só isso mesmo?

Miguel deu um sorriso murcho.

— Ela é uma pessoa muito especial pra mim – ele explicou. – E só peço que ore muito por ela. A família dela precisa...

— E você também, não é mesmo?

Miguel não respondeu, apenas suspirou profundamente. Ele também precisava de Milena e como desejava poder vê-la bem novamente.

O tempo foi passando e já completava um mês que Milena estava em coma no hospital. Miguel foi visitá-la, como de costume, mas não havia nenhuma novidade. Ele trocou a água do vasinho de flores na mesinha ao lado do leito e então fez uma oração.

Assim que ele se levantou, Miguel percebeu os dedos das mãos de Milena se mexerem. Ele ficou paralisado, esperando mais alguma reação. Então ela abriu os olhos.

— Milena...?

— Onde... onde eu estou? – ela perguntou parecendo confusa e apertando os olhos.

— No hospital... Você sofreu um acidente...

— Onde estão meus pais?

— Eles estão lá fora. Vou chamá-los pra você.

Miguel saiu correndo e ainda não conseguia acreditar. O amor da sua vida tinha acordado do coma.

“Meu Deus, obrigado. Obrigado. Obrigado e obrigado!”

Miguel avisou os pais de Milena já bem emocionado. Informou algumas enfermeiras também e voltou para o quarto onde a garota estava.

Os pais de Milena estavam um de cada lado da cama, emocionados. Então ela olhou para Miguel. O coração dele bateu forte e ele sorriu. Ela estava de volta.

— Eu vou ficar bem, doutor? – perguntou Milena com um olhar perdido.

Miguel olhou pra trás, achando que algum médico estava atrás dele. Mas não.

— Querida, é o Miguel... – estranhou a mãe de Milena. – Você não se lembra do Miguel?

A garota olhou para a mãe e franziu o cenho. Então meneou a cabeça com um não.

— Eu não sei quem é ele... – murmurou Milena.

Continua...

Ai ai ai. Milena não se lembra do Miguel?! Eitaaaa.

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Quando um sonho vem de Deus Where stories live. Discover now