Quando um sonho vem de Deus

Capítulo 5

Milena

— Milena! – chamou uma mulher.

— Ah... oi! – ela olhou assustada para a colega de trabalho. – O  que aconteceu?

— Meu Deus... Te chamei umas três vezes. Eu é que pergunto “o que aconteceu”.

— Nada... – disse ela confusa, juntando alguns papéis.

Milena estava distraída e aquela não era a primeira vez no dia que alguém a chamava e ela não estava prestando atenção.

“Meu Deus! Isso está indo longe demais. Estou parecendo uma adolescente apaixonada. Apaixonada? Não! Ah, meu Deus... Eu nem o conheço! Não posso gostar de alguém que só vi uma vez. Eu tô ficando maluca, só pode.”

Milena se esforçou para se concentrar mais em suas tarefas, afinal, não podia agir como uma menina imatura. Ela tinha responsabilidades e precisava fazer o seu trabalho direito.

Ao final do dia, a jovem estava a caminho da faculdade, mas algo estranho aconteceu. Seu carro começou a dar uns trancos e, de repente, parou no meio da rua.

“Não... Não pode ser!”

Ela tentou dar a partida, mas não ligava. Alguns carros começaram a buzinar atrás dela e ela começou a ficar nervosa. Desceu do carro e fez sinal para que eles passassem. Também ligou o pisca alerta e colocou a sinalização atrás do veículo.

— Meu Deus... Eu tenho prova hoje...

— Olá... Tudo bem aqui?

“Essa voz... Não... Não pode ser!”

Milena se virou lentamente e lá estava ele. Seu coração disparou na mesma hora e todas as sensações da noite anterior voltaram assim que seus olhos encontraram os de Miguel.

Ele abriu um sorriso. Parecia feliz em vê-la. Milena desviou o olhar rapidamente, se sentindo sem graça com aqueles olhos tão penetrantes e o sorriso perfeito. Ela então começou a raciocinar... Ele tinha feito uma pergunta.

— Eu... Quer dizer... – Milena respirou fundo, se concentrando para não gaguejar como no dia anterior. – Meu carro! – ela apontou para o veículo. – Tem alguma coisa errada...

Miguel se aproximou do carro.

— Eu posso...? – ele apontou em direção ao lado do motorista.

— Sim, claro.

Ele entrou no carro e tentou dar a partida. Enquanto Miguel analisava o carro, Milena se perguntava se ele se lembrava dela da Noite anterior. Seria melhor se não lembrasse. Foi a primeira vez que se falaram e tinha sido um mico total. Para ela, claro.

Miguel saiu e abriu o capô do carro e o analisou também.

— Acho que você vai precisar chamar um mecânico... Você tem um?

— Não... – disse Milena pensativa. Parecia que aquilo ia demorar. – Ai meu Deus. Eu vou perder minha prova!

— Olha... Se você quiser, eu posso te dar uma carona. Eu conheço um bom mecânico e enquanto ele arruma, você vai lá fazer o que tem que fazer...

— Mas... como eu faço pra buscar... e pagar... ?

— A gente dá um jeito. – Miguel sorriu e então fechou o capô do carro e o trancou. – Vem comigo...

Miguel entrou em um estabelecimento e Milena o seguiu. Ela não havia reparado, mas seu carro tinha parado bem em frente a um restaurante. O local parecia estar em reforma e aquele nome lhe era familiar.