Até que a morte os separe

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Dedicado à: AlinedaSilvaLima,LaizaMilena


Um ano depois...

Theo irrompe no quarto, surpreso ao ver Valentina empurrando o criado-mudo de volta para o lugar.

— Val, já te disse para não fazer isso! — exclama, aproximando-se dela.

Ela endireita a postura, acariciando a barriga com um sorriso sereno.

— Estou grávida e não morta, Theo.

— São gêmeos — suspira, envolvendo a nuca dela com uma mão e a outra, abraçando-a pela cintura, selando seus lábios em um beijo apaixonado. — É pela sua saúde e a dos bebês.

Ele se abaixa, encostando a cabeça na barriga.

— Olá, meus pequenos, digam 'oi' para o papai.

Valentina sorri, observando o marido se encantar com os filhos. Repentinamente, ele se afasta, gemendo baixinho.

— Que susto — ele diz, esfregando a orelha. — Acredita nisso, amor? Eles chutaram minha orelha.

— Você exagera. Estão apenas te pedindo benção.

— Perdi alguma coisa?

O casal olha para o "intruso" adentrando o ambiente, justo no horário de dormir.

— Por que demorou, filho? — Theo pergunta, acompanhando o deslocamento dele até a mãe.

— Estava conversando com uns amigos, pai. — Explicou, tocando a barriga dela. — Irmãozinho, irmãzinha, mal posso esperar para segurar vocês.

Os bebês parecem responder com dois chutes.

— Olha, estão chutando — Paulo fica animado.

— Eles também fizeram isso comigo — Theo cruza os braços, fingindo estar sério.

— E continuam chutando — sorri o garoto, provocando o pai.

— Devem estar acordados há um tempão.

— Por que?

— Sua mãe fez o favor de empurrar a mesa de cabeceira. Se eu não tivesse chegado, não sei o que mais ela faria.

Paulo se levantou, boquiaberto.

— O quê?

— Vocês dois são inacreditáveis — intercede Valentina, meneando a cabeça. — Nem parece que estão me mantendo confinada aqui dentro. Dulce não me deixa ajudar na cozinha. Dramaturgo sequer me deixa encostar em uma vassoura. Não posso fazer nada.

— É para o seu próprio bem — resmunga ele. — Não pode se esforçar, amor. Pode... ler, assistir filmes...ter algum hobby, algo que não exija esforço físico.

— Vou deixá-los em paz — Paulo percebeu o olhar fulminante da mãe para seu pai. — Tenham uma boa noite e... pai, nunca discorde de uma mulher grávida.

— Conheço essa dica — Theo sorri, coçando a nuca. — Er... boa noite, filho. Não se esqueça de deixar os livros na escrivaninha. Ontem você dormiu com eles na cama. Imagina se Hachiko rasgasse as páginas?

— Tudo bem, pai. Isso não vai acontecer de novo — ele olha a mãe e sorri. — Boa noite, mãe. — Ele beija sua barriga. — Boa noite, bebês.

Rendido ao amor ✓ (VERSÃO NOVA)Onde histórias criam vida. Descubra agora