Ainda existe amor?

6.2K 656 153
                                    

Dedicado à: madu1l, NataliaRodrigues88, EmilyMaria0, AdnaMessianny

Theo ansiava, secretamente, por acreditar que havia espaço para um recomeço entre ele e Valentina. Contudo, a dúvida persistia, especialmente após os momentos recentes passados ao lado dela. Às vezes, sua expressão parecia serena, como a calmaria de um lago tranquilo; em outros instantes, fechava-se como uma lagarta em seu casulo. Ele compreendia. Foram suas ações que a levaram a se proteger dessa forma.

Certamente, ainda tinha medo dele ser o antigo Theo.

A dor que carregava não se resumia à ausência dela; era uma dor do passado que teimava em assombrá-lo.Rostos das pessoas que matou e o desejo ocasional de "limpar o lixo" do mundo ao se deparar com tragédias, tipo pedofilia e latrocínio. Aquele impulso persistia, e por vezes era quase insuportável controlá-lo. Seu amigo, sempre presente para consolá-lo, reafirmava que tais impulsos são parte da vida enquanto se respira. A decisão era o que importava. Theo imaginava como seria se tivesse conhecido Valentina antes de se tornar o monstro sedento por sangue que um dia fora.

Talvez, as coisas fossem diferentes.

Quem sabe?

Ele não tinha certeza sobre isso. O importante era focar no presente e tentar se reaproximar dela, caso ela permitisse.

Enquanto arrumava os pratos do café da manhã trazido para o seu quarto, ouvia um trecho do sermão de Billy Graham. Não demorou muito para Paulo acordar.

— Bom dia, Pai. Benção. — Paulo saiu do banheiro, alisando sua roupa levemente amassada.

— Bom dia, filho. Deus abençoe. Dormiu bem?

— Sim, e adivinha o que eu sonhei?

Theo ergueu uma sobrancelha, observando o brilho nos olhos do filho.

— Não...

— Sim, era sobre ela.

— Meu Deus — ele riu, indo em direção à mesa onde havia deixado o tablet e o pen drive. — Viu o que acontece quando você pensa demais?

— Mas parecia tão real — ele fez beicinho. — Ela estava procurando por você. Não lembro qual o lugar...

Theo riu, incrédulo.

— Olha... quando eu voltar, talvez precise fazer outra viagem, mas não vai demorar muito. Estarei ausente por uns cinco dias.

— Desta vez, você não pode me levar?

— Não... sinto muito. Mas prometo ligar para você todos os dias.

Paulo assentiu, servindo-se de uma xícara de café caramelizado.

— Sabe... eventualmente, não precisarei viajar tanto a trabalho como hoje... às vezes será necessário. Mas garanto que você não estará mais sozinho, ok?

Ele assentiu novamente, sorrindo.

— É melhor não deixar Valentina esperando — ele brincou, olhando para o relógio.

— Me espere aqui — Theo apontou para uma caixa na mesa da sala. — Aproveite seu novo telefone. Ah, e use com moderação.

Paulo olhou para a caixa e depois para o pai, que acenou antes de sair e trancar a porta atrás de si. Mastigando outro doce, ele ponderou sobre as reações que testemunhou na mulher que seu pai amava. Claramente, ela não o odiava. No entanto, simultaneamente, ela parecia desejar distância.

Rendido ao amor ✓ (VERSÃO NOVA)Onde histórias criam vida. Descubra agora