Exposto

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Theo ainda não havia retornado ao hotel.

Nesse intervalo de tempo, Valentina aproveitou para organizar sua mala e responder as mensagens que recebeu pelo WhatsApp. Tirou alguns minutos de leitura, permitindo-se esquecer do recente episódio na suíte. Parecia surreal estar vivendo aquilo.


Arrancar os sonhos que estava realizando foi como levar uma facada no peito. Ser vista como objeto sexual, pior ainda. Ver o emprego que amava ser tirado de forma violenta, fez as lágrimas verterem outra vez.


— Recupere-se, Valentina. — Após enxugar as lágrimas e fungar, levantou-se do sofá, decidida. 

— Sua vida não termina aqui.

Considerando que o marido estava demorando voltar, ponderou conhecer um pouco a cidade ao mesmo tempo que temia, pois não falava em outro idioma.

— Ah, o Google tradutor me ajuda. — Bufou, pegando o celular e procurando pela bolsa no meio das malas. Lançou um olhar rápido no espelho, analisando a roupa que vestia. — Nada melhor que um look básico e confortável.


Ele vai surtar se voltar e não te ver aqui. — Disse a voz da razão.

Valentina parou diante da porta, suspirando fundo.Ele quem agiu como babaca e não avisou para onde iria. — Rebateu a emoção.

— Verdade. — Concluiu, Valentina. — Afinal, sou uma turista.

Jogando a razão para o fundo do poço, saiu do hotel, observando cada hóspede que passava perto. O ar gélido esvoaçou os cabelos dela, evidenciando que a temperatura só tendia a cair.Sem saber para onde ir, ela procurou algum ponto específico que servisse de refúgio. Uma bela cafeteria chamou sua atenção, mas logo recordou que já havia tomado café da manhã.Gravou bem o nome do hotel e alguns pontos de referência antes de arriscar explorar as ruas da cidade. Ser observada em cada esquina que passava a deixava desconfortável.

Parecia que na sua testa estava escrito: SOU BRASILEIRA.

Escutava burbúrios e nada compreendia. A tensão aumentou ao entrar numa rua que estava praticamente deserta. Um grupo de homens estranhos parou a conversa para olhar a figura feminina.

Valentina engoliu em seco. Pareciam motoqueiros selvagens ou algo do tipo. Vestiam jaquetas de couro rasgado, tinham cabelos longos e barbas espessas, além de várias tatuagens espalhadas nos braços e pescoço.

Estavam há alguns metros de distância, mas o suficiente para deixá-la apreensiva.

Viu um pequeno restaurante ao lado e de imediato entrou ao ver que um dos homens se moveu na intenção de aproximar-se dela. Ela sabia que não devia julgar ninguém não importa a causa, mas também não podia ser ingênua.

Quando irrompeu porta adentro e o sino tocou, anunciando a chegada de um novo cliente, as pessoas ergueram a cabeça e depois voltaram a seus afazeres.

Droga, Valentina. O que você está fazendo?

Avistou uma mesa vazia, porém, notou que os homens do lado de fora ainda a encaravam. Um deles lançou uma piscadela sedutora a fazendo escolher rapidamente algum assento longe da vista deles.

No ângulo em que estava cobria a visão do lado de fora, no entanto, ela não reparou que havia se assentado em uma cadeira cuja mesa já estava ocupada por outra pessoa.

O homem trajado de social pausou a leitura no *tablet *e a olhou com curiosidade.

— Oh, mil perdões. — Saltou da cadeira, sentindo-se a maior desastrada. — Espera...você não fala português. Ai, que burra.

Rendido ao amor ✓ (VERSÃO NOVA)Onde histórias criam vida. Descubra agora