Se entregando

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Respirações entrecortadas duelavam em conjunto a troca de olhares estáticos. Até o olhar dela recair sobre ele e perceber o peitoral largo exposto.Rapidamente, viu gotas de sangue sujarem o tapete felpudo e os cacos de vidro espalhados aos pés dele.

Voltando a si, o semblante dele ficou rígido. Virou as costas, dando visão das enormes e múltiplas cicatrizes horrendas nas costas.

Furioso por ter sido visto naquele estado, inalou o ar profusamente pelas narinas e emitiu uma espécie de rosnado ameaçador.

— Saia daqui!

Valentina abriu a boca, ainda espantada, pois jamais imaginou que o fardo que ele carregava o sufocava a tal ponto. Sei coração doeu.

— Vai tomar banho que eu limpo essa bagunça.

Ele virou-se tão rápido quanto o raio.

— Não me ameace. — Ela estremeceu ante o olhar assassino dele. — Sei que tenho todos os motivos para odiá-lo, mas eu não sou assim. Não consigo ver alguém sofrendo sem poder fazer nada.

— Está com...

— Não, não estou com dó de você. Apenas quero te ajudar.

Theo ficou em silêncio, de alguma forma, ela conseguiu travar seu lado violento que tentou avançar pra cima dela.

— Onde fica o kit de primeiros socorros?

Acenando para a suíte, ele acompanhou os movimentos dela.Fraco.

— Não. — Sussurrou, percorrendo os olhos freneticamente no quarto, Ao localizar o frasco amarelo na cabeceira, se apressou em pegá-lo, remover o lacre e engolir duas pílulas de uma só vez.

Pelo menos, silenciaria as vozes.Podia sentir a cápsula escorregar lentamente pelo esôfago até poder respirar tranquilamente. Ele ocupou a beirada da cama, olhando em direção a suíte e se perguntando o motivo da moça demorar tanto.Por fim, ela saiu trazendo uma maletinha. Olhou para ele, distraída com os próprios pensamentos.

— Deixa eu ver sua mão. — Pediu, sem pensar duas vezes ao assentar também na beira da cama.

Um pouco receoso, ele mostrou a mão ferida, o sangue ainda vertia e sujara a calça de moletom. Cautelosa, Valentina abriu a tampinha da embalagem azul, concentrada em estancar o sangramento.

— Não tem medo de sangue? — Perguntou ele, curioso. As mulheres que conhecia ficariam histéricas se presenciasse a cena, mas a jovem á sua frente simplesmente analisava a ferida igual uma médica.

— Não, sangue é vida. Ele mantém todos os órgãos do corpo funcionando. — Respondeu, em seguida erguendo os olhos e abrindo um sorriso. — Isso vai doer! Não adianta reclamar.Theo bufou, talvez, incrédulo. Mas, ao sentir o líquido penetrar o corte, seus músculos retraíram e um arrepio estremeceu sua espinha dorsal.

— Que inferno, Valentina! — Observou o pus misturado com sangue borbulhar na palma da mão.

— Eu te avisei. É necessário para impedir uma infecção.

Ela começou a limpar a mão dele, o sangue seco ao redor dos dedos, e depois molhar o iodo no algodão do cotonete. Theo observou-a de perto, os traços faciais dela, a concentração que tinha enquanto limpava a ferida e fazia o curativo.

Estranhamente, algo em seu coração entrou. conflito. Ela estava despertando sensações outrora jamais vivenciadas. Aquilo não era bom! Colocaria seu plano doentio tudo á perder. Ela não podia estar no controle da situação.

— Agora — Suspirou ela, terminando de guardar os objetos e soltando a mão dele. Aquilo fez falta. — Tome um banho, mas evite de molhar essa mão, tudo bem? Sempre use uma gaze com soro fisiológico para lavar.

Rendido ao amor ✓ (VERSÃO NOVA)Where stories live. Discover now