Capítulo 6 Theodoro

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  • Dedicado a Juliana Policarpo
                                    

Capítulo 6 

Valentin era mais do que um irmão pra mim, eu o amava demais, fazia e sempre faria tudo pra vê-lo bem e feliz, por mais que isso nunca acontecesse. Ele era marrento, carrancudo e muito mal humorado. Não gostava de sair. Só trabalhava e quando não estava no trabalho estava trancado dentro de casa. Eu até tentava fazer ele se distrair mais, viver um pouco a vida sem se penitenciar tanto, mas nunca conseguia ele era a pessoa mais teimosa que eu conhecia.

Ele nunca se perdoou de ter me envolvido com aquele trabalho, mas eu já tinha me “acostumado” e sabia que não viveríamos aquela vida pra sempre.

Quando ele me contou tudo e me chamou para ser seu braço direito, confesso que senti muito medo. Aquilo não tinha nada a ver comigo ou com o que eu imaginava para meu futuro e nem com ele, mas eu sabia que se não estivesse do lado dele, Valentin não conseguiria levar nada em frente (E ele precisava fazer aquilo). Não porque ele era incompetente, pois isso era coisa que ele nem passava perto, mas era porque ele precisava de força para seguir em frente, precisava de alguém para dizer que ele não era uma má pessoa e que tudo aquilo era passageiro.

Nós fazíamos um trabalho terrível, porém, não éramos homens do mau. Valentin tinha seus sonhos antes de seu pai acabar com eles e eu conhecia cada um deles. Eu também tinha os meus, e ao contrario do Valentin eu não os esqueci, eles permaneciam ali guardados, pois eu sabia que um dia eu realizaria cada um deles.

Valentin era um homem totalmente diferente do que é agora. Antes ele era apenas Valentin e hoje ele também é Caim. Um corpo só, que é habitado por duas almas. Alguém acredita nisso? Se alguém me contasse eu não acreditaria, mas como sou testemunha real disso eu sei que existe, infelizmente existe.

Eu tento separar as coisas. Às vezes consigo e outras não. Tento viver a minha vida como um homem normal de 32 anos. Faço meu trabalho de merda, mas quando não estou trabalhando esqueço totalmente dele. Tem vezes que acho que sou igual ao Valentin, tenho duas personalidades, a única diferença é que uso apenas um nome.

Gosto de sair e conhecer gente nova. Amo me relacionar com as pessoas e fazer novas amizades. O mundo paralelo em que vivo é feio, horrível, então quando estou fora dele sinto a necessidade de ser feliz e conviver com pessoas felizes que possam alegrar meu dia e me desligar das coisas ruins.

Eu curto a minha vida o máximo possível. Gosto sim de pegar geral, mas ainda estou à espera da mulher da minha vida. Quero casar e me dedicar a minha mulher e meus filhos. Quero construir uma família sã e feliz. Ainda não está na hora, mas quando esse dia chegar eu serei um homem completamente feliz.

Eu amo a minha vida de solteiro e amo mais ainda as minhas badalações e foi graças a minha farra que conheci Lizzy.

Nunca tive uma relação de amizade com nenhuma outra mulher. Todas que via e me interessava era de forma sexual, mas com ela foi tudo diferente. Nos identificamos logo de cara e com o passar do tempo eu criei um afeto tão grande por ela e hoje posso dizer que faltaria um pedaço de mim se ela não estivesse por perto. Era engraçado, pois me sentia da mesma maneira com Valentin. Lizzy tinha acabado de chegar em minha vida, mas já a amava com a mesma intensidade que amava Valentin.

Lizzy é uma mulher muito jovem, mas que já passou por poucas e boas na vida, porém nada disso a fez desistir ou se tornar uma pessoa má ou amarga. Ela é alegre, divertida e muito brava. Me faz rir e ao mesmo tempo me faz pensar e repensar na minha vida e mesmo sem saber ela toca em feridas abertas e me da conselhos que um dia vou poder agradece-la.

Lizzy é especial e por isso não quero que seja envolvida na sujeira que é a nossa vida, porém Valentin esta de quatro por ela. Acho que ele ainda não percebeu isso, mas meu amigo, pela primeira vez na vida, está apaixonado, e pelo que percebi com Lizzy não é diferente.

Ela é a versão feminina dele e sei que nunca daria certo uma relação entre eles, mas conhecendo bem meu amigo ele não vai desistir dela, mesmo tendo prometido que não faria nada.

Valentin era sossegado quando o assunto era mulher. Não era um louco obcecado por sexo e sempre que precisava procurava meios para resolver o problema. Como não era muito de sair do seu mundinho, era raro ver ele se relacionando com alguém. Ele odiava relacionamentos e tudo o que isso trazia para a vida das pessoas, mas, mais uma vez Lizzy fez a diferença. Ela era diferente de todas e ele sabia disso desde que ela o enfrentou pela primeira vez naquele estabulo.

Tenho certeza que muita confusão está por vir e alguma coisa me diz que esses dois ainda vão me dar muito trabalho. Só espero que nenhum dos meus amigos saiam machucados dessa história.

Meu lugar no paraísoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora