Capítulo 2 Lizzy

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 Capítulo 2

Quando Theo me ligou pedindo um favor confesso que pensei em recusar. Era véspera de ano novo, passava das nove da noite e eu estava prestes a sair para a festa na casa da minha amiga Gislaine.

Eu tinha acabado de voltar para o Brasil depois de mais de um ano morando na Alemanha. Um ano em que só estudei e trabalhei. Minha vida era essa. Não saia pra me divertir. Fiquei cem por cento focada nos meus estudos e principalmente no meu trabalho.

Sou médica veterinária formada há quase dois anos. Sempre fui muito dedicada e interessada. Escolhi essa profissão porque amo os animais e sei que nasci para ajudar os animais, assim como o ser humano. Independente da espécie animal ou pessoas. Eu amo ajudar e me sentir útil. Faço isso porque é meu dom, é o que eu nasci pra fazer e amo fazer.

Pensei sim e fazer medicina, mas acho que já existem muitos profissionais competentes para cuidar das pessoas, então resolvi me especializar para cuidar dos animais.

Não era qualquer pessoa que podia fazer isso, pelo menos não no meu ponto de vista.

Cuidar de pessoas era “fácil”, afinal as pessoas falam pra você o que sentiam etc., já os animais não.

Para cuidar de animais você tem que os entender, ama-los. Tem que ter muito mais do que sensibilidade e conhecimento para saber o que acontece com eles. Tem que ter o dom, e sinceramente podem ter certeza que isso eu tenho.

Eu sempre amei os animais e as pessoas. Muitas vezes preferindo o convívio com os animais que sempre foram e sempre serão muito mais sinceros e mais fáceis de lidar do que as pessoas.

Me formei para cuidar dos animais, mas também cuido de pessoas. Não como médica, mas como amiga.

Desde os meus quinze anos eu faço trabalho voluntario em varias ONGs e instituições. Eu amo isso e não há nada na vida que me faça parar.

Tenho vinte e dois anos e moro sozinha em São Paulo. Perdi meus pais quando eu tinha dezoito anos em um acidente de helicóptero e desde então vivo minha vida solitária. Queria muito ter meus pais ainda aqui comigo, mas desde que se foram eu prefiro viver assim, sozinha.

Não sou depressiva. Vivo muito bem minha vida e sei que tudo é passageiro. Assim como a vida dos meus pais aqui comigo.

Meu pai era Espanhol e minha mãe Brasileira. Eu nasci no Brasil, passei minha infância e adolescência na Espanha e quando terminei o colegial vim fazer faculdade no Brasil. Meus pais ficaram na Espanha, pois era lá que meu pai tinha sua empresa e mantinha os negócios da família. Minha mãe completamente dedicada a ele não quis deixa-lo e eu entendi. Eles se amavam tanto, mais tanto, que eu cresci querendo um dia viver um amor tão lindo quanto o deles.

Eu estava a poucos meses morando no Brasil quando aconteceu o acidente. Eles tinham ido a uma festa numa cidade vizinha e como meu pai nunca tinha tempo pra nada e vivia correndo de um lado pro outro eles sempre se locomoviam de helicóptero.

Naquele dia meu pai não estava pilotando. Eles foram pegos desprevenidos por uma tempestade que chegou do nada e não tiveram como escapar. O helicóptero caiu numa plantação de uva e explodiu assim que colidiu com solo.

Foi um desespero e uma dor sem tamanho. Meus pais eram a minha vida. Meu tudo. Sofri horrores durante meses, mas tive que superar e aprender a viver sem um pedaço de mim. Hoje já faz cinco anos que eles se foram. Cinco anos de muita tristeza e saudade. Cinco anos que aprendi a viver sozinha, mas mesmo assim, viver bem.

Eu terminei a faculdade e agora a pós-graduação. Com a herança que meus pais me deixaram eu não precisava trabalhar nunca mais na minha vida. Então, como dinheiro não era problema, me dediquei aos meus estudos e a trabalhar com o que eu amava.

Meu lugar no paraísoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora