73.

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Acordei sentindo movimento, eu estava em movimento ou... Abri os olhos devagar, vi uma estrada à minha frente. Eu estava em um carro, olhei para o lado, e quem dirigia era o Felipe.
Gabriella: Felipe... - Disse com a voz fraca. Ele me olhou rapidamente.
Felipe: Cara, achei que nunca mais fosse acordar. Remedinho forte essa que a Manuella te deu hein... - Comentou despreocupado.
Gabriella: O que? A Manu... - Lembrei do chá, e de apagar. - Ai! Não acredito! É sério? - Gritei.
Felipe: Ela só queria te proteger
Gabriella: Me proteger? - Perguntei confusa.
Felipe: Sim, quando ela ficou sabendo que iam invadir o morro hoje deu um jeito de te tirar de lá
Gabriella: O que? Iam invadir o morro hoje? - perguntei. Ele fez que sim com a cabeça. - E ela tá lá? Tá todo mundo lá?
Felipe: Não, alguns foram pra uma casa protegida mais cedo. Quer que eu fale quem foi? - perguntou. Fiz que sim com a cabeça. - Líbia, Mari, Polli, Carla, Núbia...
Gabriella: Meu irmão? Meus pais? Meus tios? Barbie? Manu, Lari, Kelly, Babi, Agatha... - Minha palavras saíram entrecortadas.
Felipe: Estão no morro, junto com Pietro e Guga... Menor também foi pra casa protegida...
Coloquei a mão na testa, isso não podia estar acontecendo.
Gabriella: E agora?
Felipe: A decisão é sua, podemos continuar indo até a casa protegida, ou podemos voltar pro morro. Você escolhe.
Com certeza essa era a decisão mais difícil que eu tenho que tomar... Não tinha noção do que fazer. Mas não podia deixar a metade mais importante da minha família para trás. Me virei pro Felipe.
Gabriella: Volta - Sussurrei. Ele me olhou rapidamente.
Felipe: Você quer voltar pro morro? - questionou. Fiz que sim com a cabeça. - Tem certeza?
Gabriella: Nunca tive tanta certeza! - Falei com a voz firme. Ele assentiu.
Felipe: Tudo bem, então vamos voltar pro morro - murmurou. Assenti e ele deu meia volta no carro. Demorou um tempo, quando chegamos na rua que dava pro morro e tinha um rio embaixo, Felipe me olhou. - Decisão difícil, não? - Fiz que sim com a cabeça. - Prometa que não será imprudente, Gabi. Todos te amam - Ele continuava me olhando. Olhei pra frente e vi o Carlos parado no meio da rua olhando fixamente pra mim, e com uma expressão de quem não ia sair dali.
Gabriella: Felipe cuidado! - Gritei. Ele olhou pra frente e desviou o carro. Passamos pela madeira da ponte destruindo ela, caímos no lago e afundamos. O carro ficou completamente imerso. Tentei abrir a janela, mas não consegui. Forcei a porta e também não abriu.
Olhei pro Felipe, ele estava desacordado, peguei o rosto dele entre as mãos, ele ainda respirava. Eu estava prendendo a respiração. Obrigada aulas de natação no ginásio. Mas sabia que não ia aguentar por muito tempo. Tentei tirar meu cinto, estava preso. Soquei a janela e nada. Fiquei sem saber o que fazer.
De repente a porta do lado do Felipe foi aberta. Olhei e era o Pietro. Ele olhou pro Felipe e depois pra mim. Passou por cima e colocou as mãos na minha cintura com a intenção de me puxar, fiz que não, ele colocou a mão sobre o cinto e ia puxar. Tirei as mãos dele da minha cintura e coloquei sobre o cinto do Felipe, ele fez que não, fiz que sim. Depois de alguns segundos ele revirou os olhos e quebrou o cinto do Felipe. Puxou ele pelos braços e o tirou do carro.
Tentei continuar sem respirar, mas não consegui. Soltei a respiração. Minha memória começou a projetar lembranças.Vi o rosto da Manu, Babi, e Lari sorrindo pra mim, vi a Barbie me oferecendo apoio, vi o Guga me abraçando. Vi o Menor, o rosto dele, o sorriso. Vi minha mãe e meu pai, os rostos preocupados deles. Vi meu irmão chorando quando fui embora. Vi a Líbia, pálida, sofrendo com a gravidez. Por ultimo, vi o rosto do Pietro, sorrindo pra mim, chorando, terminando, voltando. O vazio sumiu nesse momento. E eu sabia que isso só significava que eu estava morta.

Mulher de Traficante (TEMP 2) COMPLETAWhere stories live. Discover now