Capítulo II

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Capítulo II

Todos as pessoas já lá estavam quando chegámos. Alguns estavam sozinhos num canto, como a Maisie, outros, como nós, já estavam a formar grupos de amigos.

A Sasha, o Marcus e outros dois monitores, que tinham crachás a dizer "Lisa" e "Tyler", estavam a pedir-nos para nos sentarmos num círculo.

Assim fizemos. Um círculo com 64 pessoas mais os quatro monitores era realmente enorme, e acabámos por ocupar todo o pátio.

A Sasha esperou que finalmente a conversa parasse e falou.

- Muito bem. Agora, um a um, vocês vão-se apresentar brevemente. Mas antes, vou-vos explicar as regras mais básicas aqui do Campo. São só três ou quatro, mas são para ser cumpridas.

Algumas pessoas bufaram, chateadas. Ninguém gosta de regras.

- A primeira é que vocês têm SEMPRE de nos obedecer. Aqui estamos muito longe das pessoas mais próximas e somos os adultos responsáveis. Para isto funcionar, você têm de fazer o que vos mandarmos sempre. Entendido?

Dissémos que sim, alguns mais entusiasticamente que outros.

- A segunda - continuou Marcus - não podem sair do recinto do Campo sem ser connosco. Aqui há espaço para correr e fazer tudo o que precisam. Só vamos sair para fazer atividades no rio e para a Orientação na Terça à noite.

O Marcus era demasiado intimidante e tirou logo qualquer vontade de lhe desobedecer.

- A terceira - disse a Lisa. Era uma rapariga ruiva muito pálida. Era tão magrinha que parecia que se ia partir em dois com um rajada de vento. - É que têm de conviver uns com os outros. Este Campo é para conhecer gente nova. Não queremos grupinhos formados logo no primeiro dia.

A Maisie, que estava ao lado do Alfie, revirou os olhos.

- Último regra - acabou o Tyler. Era entroncado e parecia o tipo de atleta que faz dois triatlos de seguida sem se cansar. Tinha uma farta cabeleira loira encaracolada. - A menos que tenham problemas de saúde ou indicações contrárias do médico, é obrigatório participar em todas as atividades.

Desta vez fui eu que fiquei desiludida. Esperava poder safar-me do ténis e do futebol, porque devo ser a pior jogadora do Campo inteiro.

Uma rapariga muito magrinha e de expressão adoentada também pareceu desconfortável com esta regra. Olhei para ela de forma solidária, mas ela não me viu.

- Muito bem. Agora, as apresentações. Digam o vosso nome, idade, porque estão aqui e um talento especial que vocês tenham.

Esta última parte deixou-me um pouco perplexa. Nem toda a gente tem um talento especial.

- Pode só ser uma atividade que vocês gostem de fazer - corrigiu a Lisa. - Vamos começar pela minha esquerda e seguir no sentido dos ponteiros do relógio. - Virou-se para um rapaz um pouco rechonchudo, que tinha covinhas por baixo dos olhos castanhos e não parecia ter nenhuma vontade de ser o primeiro. - Força, podes começar.

- Aaahh... - Gaguejou ele. - Pois... Chamo-me William Green. Tenho 15 anos, vou fazer 16 daqui a três semanas. Vim para aqui porque a opção era ficar em casa a observar o tecto...

Algumas pessoas riram da piada, o que encorajou um pouco o William.

- E o meu talento é a culinária. Adoro cozinhar e já participei no MasterChef Júnior.

Gostei do William. Aquela aparência rechonchuda dava-lhe um ar simpático, e ele não parava de sorrir. E achei o seu hobby muito divertido. A maioria dos rapazes acha que cozinhar é para a raparigas, mas pelo que via, o William era de outra opinião.

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