26/03/2019

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Hoje pela manhã alguém bateu a minha porta, era O Comandante.

- Oi amor. – Eu disse.

- Oi minha linda.

- Faz tempo que você não vem me vê, estava com saudades.

- Não faz tanto tempo. Mas olhe, vim aqui lhe dar uma noticia: você está livre.

- Livre? Como assim? – Falei esboçando um sorriso sem graça.

- Livre. Vai poder ver sua família e viver na cidade como todos os outros.

- Por quê? Por que você está fazendo isso?

- Estou te dando uma oportunidade, não quer aceitar?

- Não. Não é isso. É que...

- É que você quer continuar comigo? – Ele me interrompeu.

- Sim. – Disse sem jeito.

Ele sorriu e falou:

- Rayssa vai te colocar na sua nova função. Eu tenho coisas a fazer agora. – Disse já de costas pra mim enquanto saía da sala.

- Amor... Adeus. – Conclui sem nem ao menos saber se ele me ouviu.

Tinha que tratá-lo assim, como se eu sofresse da síndrome de Estocolmo, era a única forma que encontrei para evitar seus descontroles e acessos de fúria. Esse teatro me angustiava e enojava tanto que eu mal conseguia me ver no espelho, mas era isso ou sofrer ainda mais do que sofri em suas mãos.

- Vem comigo. – Rayssa, a garota trazida pelo Comandante, falou.

Dei um passo pra trás ao mesmo tempo em que ela deu um passo a frente enquanto esticava sua mão a mim. Eu não confiava no Comandante e em ninguém ali, e após tanto tempo presa eu passei a ter medo do que me esperava lá fora, na cidade.

- Izabel não é? Vem comigo. – Ela insistiu dando mais um passo a frente.

Cedi após engolir a seco e respirar fundo por uma última vez dentro daquela prisão.

- Isso. – Ela pegou em minha mão e me conduziu até fora do prédio.

A Grande Cidade realmente era grande. Assim que saí vi prédios de poucos andares, casas, de frente ao prédio onde eu estava havia uma avenida larga e asfaltada, cercada de arvores e pessoas andando por todos os lados. Passei um tempo atônita quase que admirando aquele lugar, não parecia nem de longe com o que eu imaginava.

- A gente precisa andar Izabel. Tenho que te levar para o Diego te por em uma função. – Rayssa disse enquanto puxava minha mão.

- O que é tudo isso? E onde estão as pessoas do meu grupo? Eu quero ver meu irmão.

- Olha ta tudo bem, certo? O seu grupo e seu irmão ou qualquer coisa que seja nós iremos saber tudo isso lá com o Diego.

Seguimos andando pelo que parecia ser a avenida principal da cidade. Caminhamos por umas duas quadras com Rayssa me guiando até que chegamos num pequeno prédio e fomos até a sala do tal Diego.

- Oi Rayssa. Oi novata. – O rapaz sentado atrás da mesa falou.

- Esse é o Diego. – Disse Rayssa.

- Onde estão meu irmão e as pessoas do meu grupo? Dayse? Rodrigo? Ale...

- Calma garota. – Diego me interrompeu. – Eles estão todos bem. Eu me certifiquei pessoalmente das funções que eles ocupariam, agora senta aí e vamos te por em algum lugar.

Diário de Um SobreviventeOnde histórias criam vida. Descubra agora