09/12/2018(Continuação)

804 61 9
                                    

Igor demorou muito para retornar. Já era fim de tarde e ele ainda não havia aparecido e todos já começavam a demonstrar preocupação por isso, principalmente eu. Sabia que o trabalho que ele tinha pra fazer não seria rápido mas já tinha tempo o bastante dele ter feito e voltado.

Começamos a montar acampamento antes que a noite caísse e Rodrigo se dispôs a ir à busca do meu irmão. Estávamos em duvida sobre o que fazer pois era perigoso que mais um de nós saísse só por ai e o grupo já estava desfalcado de mais para perder, mesmo que temporariamente, mais dois membros.

Enquanto permanecíamos nesse impasse tentando buscar a melhor opção avistamos uma figura humana vindo longe o bastante para se enxergar porém sem conseguir distinguir quem ou o que era. Nos preparamos para caso fosse um zumbi e enquanto todos olhavam atentamente tentando reconhecer a figura, ela cambaleou um pouco e caiu ao chão.

Ate então nunca havia visto um mordedor perecer assim sem motivo algum e isso me fez questionar se aquilo realmente era um zumbi e foi aí que me veio à cabeça a opção mais lógica, aquele só podia ser uma pessoa, meu irmão.

- Igor. – Deixei sair da minha boca em tom abafado antes de sair em disparada em direção ao corpo agora inerte ao chão.

Ouvi meu nome ser chamado pelos outros atrás de mim mas não dei ouvidos. Continuei correndo junto com vários passos que seguiam ao meu encalço. Os resquícios de luz solar já eram quase nulos há essa hora e a penumbra não permitia que eu reconhecesse quem realmente era que estava ali ao chão até que chegasse de fato bem perto, e realmente era meu irmão.

Joguei-me ao seu lado enquanto o tirava da posição de bruços em que estava e o punha com o rosto para cima. Sua face estava machucada, com sangue no canto da boca e arranhões na região da boca, testa e nariz. Ele estava fraco e aparentava que iria desmaiar a qualquer instante, não conseguia fixar os olhos em mim e mesmo que tentasse e mexesse a boca não conseguia pronunciar alguma palavra completa.

Eu não sabia o que fazer e apenas segurava seu rosto pelas laterais para que ele não mexesse mais a cabeça. Minhas lágrimas caiam em cima dos seus cabelos e testa e eu estava tão atordoada que assim como ele não conseguia dizer nada.

Quando menos percebi alguém me puxou de cima dele:

- Venha Izabel. Afaste-se e deixe que Dayse veja como ele está.

Normalmente eu teria me debatido e voltado a posição em que estava mas naquele momento parecia que eu perdera todas as minhas forças e apenas me deixei levar pelas mãos que me afastavam do meu irmão enquanto os olhos dele acompanhavam minha saída.

Fui solta ao chão poucos metros depois e vi que era Rodrigo quem me afastara.

- Vai ficar tudo bem, tá bom? Eu sei que você quer ajudar seu irmão mas você precisa ficar aqui e deixar que Dayse e Alessandra o examinem primeiro.

Ele me disse isso agachado do meu lado com uma mão sobre meu ombro e prosseguiu:

- Seu irmão é um cara forte, esses arranhões não vão derrubá-lo.

Assim como estava, agachado, Rodrigo permaneceu do meu lado até Alessandra falou:

- Precisamos levá-lo daqui.

- Vamos voltar pro acampamento e cuidar dele. – Dayse continuou.

Rodrigo saiu do meu lado e foi em direção ao meu irmão, disse algo a ele e tentou levantá-lo mas assim que pegou em seu braço para colocá-lo de pé meu irmão soltou um gemido alto de dor. Rodrigo o soltou e eu corri em sua direção.

Antes que eu alcançasse meu irmão Rodrigo se virou e me impediu segurando-me pela cintura. Vi Dayse se agachar por trás de Rodrigo e analisar o braço do meu irmão. Ele tateou o braço do cotovelo até o ombro e disse:

Diário de Um SobreviventeWhere stories live. Discover now