Capítulo 18 - A de Amélia B de Bruxos C de Conspiração. Parte I.

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Assim que acordei, senti um peso cair nas minhas costas. Tudo isso que eu sabia, ou achava que sabia, tudo isso envolvia as únicas pessoas que eu julgava gostar, as únicas que eu julgava poder contar.

Eu devia matar Drago, contar para Ravi que tudo que ele acreditou ter descoberto era mentira, que ele perdeu tudo, por nada. Céus! Ele havia perdido toda a sua família, assim como eu. Ele era uma vítima nisso tudo. Como eu contaria isso pra ele? E se isso for mais uma mentira? Não posso confiar nesse ser. Nao posso.

Me levantei devagar, tentando não fazer barulho, pois Drago ainda dormia com Bela em seus braços e a última coisa que eu queria era acordá-los.

Os dois dormiam da forma mais serena possível, e eu jurava poder ver um sorriso nos lábios de Bela. Pareciam irmãos, ou melhor, pai e filha. Como eu poderia acabar com algo assim? Como eu poderia matar uma pessoa que cuida tão bem de uma criança com a qual não compartilha nenhum grau de parentesco? Eu não podia. Não mesmo. Por que eu sequer estava pensando nisso? Me repreendi, depois de finalmente me afastar dos dois.

Minha cabeça rodava, ainda estava escuro, provavelmente estávamos no meio da madrugada, procurei Ravi com o olhar e não o encontrei. Não sabia se me alegrava com aquilo, ou se ficava preocupada. A verdade era que eu não sabia o que fazer quando o encarasse frente a frente mais uma vez.

O tempo estava quente, e eu sentia que suava. Resolvi então, caminhar um pouco, para arejar a cabeça e processar tudo que Jop havia me dito.

Andei a beira do precipício, a passos lentos e regrados. Não sabia muito bem o que fazer, nem o que estava fazendo. Queria tanto que fosse tudo mentira. Mas como poderia saber? Como poderia confiar em alguém? Pra quem eu devia perguntar isso? Todos pareciam contar meias verdades, todos pareciam querer me controlar.

Eu só queria uma verdade. Algo que eu pudesse ter certeza, apenas isso...por favor.

Assim que eu disse isso, senti algo cutucar a minha perna, de forma a fazer cócegas. Isto fez meu coração acelerar por um segundo, mas logo que olhei para baixo, voltei a minha calma de antes. Era só um pedaço de papel.

Me agachei para pegar a folha que estava enroscada em minha perna e ao segurar o papel e levá-lo até meu rosto, constatei do que se tratava. Era o mapa. O mapa de Scaban. O mesmo mapa que a voz havia me dito para ir atrás na floresta, com o A no canto e Matri circulado.

Ainda estava agachada com o papel na frente do rosto quando me peguei pensando mais uma vez no que aquilo significava. A? A de Amélia? Não, não poderia. Amélia está morta, como Jop disse...Jop disse. Espera...

Por que acreditar que Amélia estava morta se era Jop quem havia me contado isso? Ele podia muito bem estar mentindo para eu não encontrar a  verdade, que deve estar com Amélia, provavelmente em...encarei o mapa mais uma vez e voltei o olhar para o lugar circulado. Matri. Amélia está em Matri. Sorri com essa conclusão. Será mesmo? Olhei para o mapa mais uma vez. So pode ser. Que mais A? Não tinha mais ninguém com A que pudesse ter alguma ligação comigo, certo? Certo. Me respondi, esperançosa. Essa podia ser minha primeira verdade absoluta, não?

Me levantei, agora mais feliz, e logo algo pipocou em minha cabeça.

Eu podia perguntar para a voz. Se ela queria que eu pegasse o mapa, e o mapa tinha sido enviado por Amélia...a voz em minha cabeça só podia ser dela. Era Amélia que sempre falou comigo...Ok, agora estava confusa.

Será mesmo? Será que eu estou criando falsa esperança? Me perguntei, sentindo a esperança que tinha pensado derreter e sair pelos meus poros. Não! Não era falsa esperança.

Era algo concreto. E eu vou provar isso.

Amélia?

Falei com a minha própria cabeça, não fazia ideia como, apenas pensei forte no que queria e tentei de sintonizar, como em uma rádio com a dona daquela voz, que eu estava convencida ser Amélia.

Scaban [Completo]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora