Scaban [Completo]

Capítulo 1 - Um Sonho Quase Real.

Acordei em um súbito suspiro. Me levantei rapidamente e apoiei meu corpo no cotovelo. Olhei ao redor e percebi que estava deitada em um campo enorme. Não havia nada ao redor, a não ser mais grama e algumas montanhas bem ao fundo. Me levantei e percebi que estava de dia. Que lugar é esse?

O céu ostentava um azul cintilante, quase sem nuvens, e o sol estava forte. Tirei os saltos e os segurei. Meus pés agradeceram. O que tinha acontecido? Tentei me lembrar. Como eu vim parar aqui? Lembrei então do que tinha acontecido na noite anterior, ou melhor, o que eu achava que tinha acontecido. Poxa, devo ter bebido muito! Estava alucinando coisas. Me senti mal por não ter acontecido e logo me repreendi. Claro que tal coisa era impossível. Agora, era mais claro ainda que eu estava sonhando. Mas, que diabos de lugar é esse? Olhei mais uma vez ao redor e percebi que havia uma torre alta bem ao fundo. Uma torre estranha, no estilo medieval. O que eu estou fazendo aqui? Caminhei e senti a grama nos meus pés, toquei nela então. Parecia real. Ok, legal, o que eu faço agora? Senti algo na minha mão, que estava fechada de uma forma tão forte que meus dedos estavam quase brancos. Abri-a lentamente e percebi que segurava algo, assim que a abri completamente percebi que o cordão estava lá...levei um susto e por impulso deixei o objeto cair. Meu Deus! Meu coração começou a bater forte. Se foi um sonho, como aquele cordão estava ali? A pedra pendurada no cordão brilhava com o sol, reluzindo e impressionantemente, me assustando. Como isso veio parar na minha mão? Não lembro de ter esse cordão, não com essa pedra. Respirei fundo. Isso não pode ser real. É um sonho, ainda não acordei, ainda não acordei...acreditei naquilo fortemente e resolvi checar o meu mais novo paradeiro, mais novo cenário que minha cabeça atordoada tinha inventado. Eu realmente estava sonhando, não estava?

Encarei então o horizonte e percebi que bem longe daqui, descia de uma montanha uma carroça. Ri da situação. Eu tenho cada sonho...um carroça, sério isso? Peguei o cordão que estava no chão e o coloquei no meu pescoço. Era um belo cordão. Bom saber que ainda tinha bom gosto. Fiquei feliz em poder perceber que estava sonhando, isso me deu certa tranquilidade, digo, na medida do possível. Eu, para falar a verdade, não estava torcendo para que o sonho acabasse...queria não ter que acordar mais, essa era a verdade. Aqui, nesse campo, tranquilo, era tão bom de se ficar! Tão diferente da cidade, tão diferente da vida que levarei a partir de agora, sozinha. Queria não estar sonhando, eu realmente queria. Queria que aquele homenzinho feio realmente existisse e pudesse trazer minha família de volta...mas isso obviamente, era impossível.

Começou a ventar, um vento refrescante e limpo, me deixei levar por aquela sensação maravilhosa que aquela brisa estava me proporcionando. Olhei para trás e vi que a carroça já estava bem perto de mim. Era uma carroça grande, puxada por dois cavalos. Não consegui ver quem guiava o veículo mas cheguei a conclusão que pediria uma carona, ficar ali, no meio do nada, com certeza não era a minha primeira opção. Esperei um tempo até que finalmente escutei o barulho do veículo bem perto, sorri involuntariamente com aquela situação. Vamos pegar carona em uma carroça! Pensei.

Finalmente vi os cavalos e percebi que uma senhora os guiava, levantei então os braços e os balancei, segurando os saltos na mão, feito louca. A senhora finalmente me viu e me olhou torto, parando bem ao meu lado.

- Será que a senhora me daria uma carona? - não tardei a perguntar.

- Você está usando calças, senhorita? - ela perguntou, olhando para minha calça jeans e eu achei aquilo curioso. Olhei então para a roupa que a senhora vestia. Ela usava um vestido bem comprido na cor bege, um pouco amarrotado e barrento, porém bonito. Estranhei o fato de sonhar com aquelas roupas e de estar sonhando com isso, mas relevei.

- Perdão. - tentei contornar a situação. - tem algum problema?

- Oras! Como é insolente! Salen! Não se fazem mais moças como as de antigamente. - Salen? Eu já tinha escutado essa expressão antes. A moça me olhava, brava, e eu, estava cada vez mais confusa.