Capítulo 17 - A lenda de Salen. Parte VI.

3.5K 426 105
                                    

Ponto de vista - Amélia Romnly.

Kioto tinha voltado. Passei um dia inteiro plantada naquela floresta densa esperando sem esperança alguma a volta daquela fera, e ele finalmente tinha voltado.

A cada segundo esperando a volta daquele animal, eu me arrependia de ter prometido que estaria ali para ele. Eu não podia estar ali para ele. Um dia tinha se passado. Um dia. Eu podia ter fugido, podia ter me escondido durante esse dia. Tinha sido imprudente e colocado a vida de meu filho em risco, não faria isso de novo.

Mesmo com todo esse arrependimento que tinha me rodeado, a volta de Kioto foi surpreendente para mim, e ao mesmo tempo acolhedor. Fico feliz de ter uma companhia na viagem.

Estava caminhando à beira de um riacho fino. O sol começava a nascer e eu podia sentir a leve brisa matinal assoprando meu cabelo. Pássaros já começavam a cantar e o alaranjado iluminava meu redor. Queria me sentar e observar toda aquela maravilha natural, mas não podia. Antes de tudo, precisava achar a maldita da Flor de Misael.

A Flor de Misael não podia ter um nome mais apropriado, batizada com o mesmo em homenagem a seu descobridor, o centenário bruxo Misael.

Misael era um curandeiro muito famoso por sua poções mágicas e suas pomadas milagrosas, dizem que ele era o maior curandeiro da região, e que criava seus próprios produtos, sem usar magia alguma, só o que lhe era necessário era uma pequena flor roxa, que era encontrada na beira do rios e riachos. Misael porém, podia ser um curandeiro muito bom, mas era egoísta no mesmo nível, escondendo seu segredo durante toda a sua longa vida. Só descobriram que tal flor existia, e que ela podia curar os piores machucados quando Misael faleceu e foram bisbilhotar sua casa.

Maldito bruxo oportunista, se ele dividisse esse segredo com o povo de Canby, milhares de outras pessoas teriam sobrevivido, porém, sua fama era mais importante que a vida dos mais pobres.

E por que eu estava procurando essa florzinha milagrosa? Bom, Kioto havia voltado, mas não estava em seu melhor estado.

A fera chegou até mim mancando e toda ferida. Havia furos por todo o seu corpo, alem de uma flecha presa em uma de suas patas. Porém, não era nada grave, com um pouco de cuidado, logo ele estaria novo em folha. Mas, para cuidar dele, eu precisava da maldita da Flor de Misael.

Minha perna ainda estava bem arranhada da mini luta que tive com Kioto, como os outros lugares que o animal fez questão de rasgar, mas esses machucados não me incomodavam mais do que o fato de que: estava parada.

Se Kioto havia voltado ferido, ele havia  ido ate o castelo, e consequentemente entregado o bilhete para Salen. Como eu conheço bem o mesmo, ele está fazendo de tudo para me encontrar nesse exato momento, e como eu o conheço melhor ainda, sei que ele vai me encontrar. E ter que esperar esse encontro não tornava nada mais fácil.

Por esse motivo precisava encontrar a Flor de Misael o mais rápido possível, curar Kioto e fazer o feitiço. Mas, já estava andando na beira daquela água corrente por tempo demais, e nenhum sinal da florzinha. Não podia usar magia para encontrá-la, tinha que guardar o máximo que tinha para o feitiço que pretendia fazer mais tarde, e agora com Kioto, teria trabalho dobrado.

Eu faria um feitiço de camuflagem, muito simples na verdade, porém exige força física e psicológica, e uma mulher grávida não tem muito de nenhum dos dois. Precisaria sumir comigo e com Kioto do mapa, porque sem uma camuflagem, estaríamos mortos em dias.

Scaban [Completo]Where stories live. Discover now