AS CRÔNICAS DE GALITOR - Livro 1: A cripta do rei

C:19 Uma nova faceta

Total de palavras: 2034

Benny avançava determinado para eliminar de uma vez por todas o clérigo. O mesmo ardor incendiava o coração de Pedri enquanto ele investia no mesmo alvo. A Profana estava ao lado deles, guiando-os em seu destino, conforme as ordens de Noriah. Um sorriso cruel se desenhou no rosto de Benny, ele estava determinado a chegar primeiro e ganhar a honra de acabar com Hallon.

— É O MEU DESTINO — gritou Benny, lançando-se em direção ao clérigo, sua espada pronta para o golpe fatal.

Num estrondo ensurdecedor, um clarão cegante tomou o ambiente por um instante. Sob a orientação de uma mão reluzente, as cordas das harpas vibraram, desencadeando relâmpagos em sequência.

Um dos relâmpagos atingiu Benny em pleno ar, interrompendo seu movimento de ataque e fazendo-o cair com força ao chão. Um outro fulminou Pedri que, em um momento de desespero, defendeu-se cruzando os braços contra o raio, sendo arremessado contra uma grande árvore. O último relâmpago foi direcionado a Talek, o caçador. Com uma reação rápida, ele se protegeu com o escudo de Benny que se encontrava próximo, mas ainda assim foi lançado com violência para dentro da floresta.

A harpa deslizou pelo ar e encontrou o chão com um suspiro musical. A barda, exaurida, caiu de joelhos, as mãos erguidas à altura dos olhos. Não mais ardia, mas irradiava um brilho etéreo como estrelas que intensificava toda a região pigmentada das mãos, antes de se dissipar lentamente.

"Este é o meu verdadeiro poder? Até onde posso levá-lo?", perguntas como essas inundaram a mente de Daelwyn. Mas ela não tinha tempo para divagar; o clérigo avançava em sua direção, empunhando seu martelo. A barda estava ciente das consequências de seus atos; seu destino estava selado, e algumas lágrimas começaram a rolar por seu rosto. Lágrimas de lamento, sabendo que nunca mais retomaria sua vida glamorosa ou encontraria Jack e Joseph novamente. Não era sobre isso.

Ao se aproximar de Daelwyn, Hallon apertou com firmeza o cabo do martelo, seu olhar penetrante examinava a mulher que, até pouco tempo atrás, parecia ser apenas uma criatura indefesa. Enquanto processava os eventos recentes, foi interrompido por gritos.

— DÊ A ELA A CHANCE DE SE EXPLICAR! — berrou Jack, aproximando-se do clérigo.

— SE FIZER ISSO, SERÁ O PRÓXIMO A ENFRENTAR A MORTE — gritou Joseph, correndo desesperado para deter Hallon.

— JÁ BASTA, VOCÊS DOIS! — a voz autoritária do clérigo ecoou pelo ambiente. Jack e Joseph congelaram instantaneamente.

Daelwyn observou lentamente Hallon, esperando o golpe que selaria seu destino. Mas, para sua surpresa, o clérigo estendeu a mão para ajudá-la a se levantar. A barda, confusa, olhou desconfiada para ele.

— Não tema — disse o clérigo serenamente, oferecendo novamente a mão. — A vontade de Haradon prevalecerá.

Ao ouvir aquelas palavras, Daelwyn foi tomada por uma sensação de confiança. Sentiu a verdade pura de que nenhum mal viria daquele homem. Estendeu a mão e permitiu ser ajudada a ficar de pé.

— Eu estava certa de que você me mataria — disse Daelwyn ao soltar a mão de Hallon para arrumar seus cabelos.

— Teria feito se eu ainda fosse o mesmo de minutos atrás — respondeu Hallon, com ceticismo evidente em seu olhar.

— SÓ SE PASSASSE POR CIMA DO MEU CADÁVER! — Joseph esbravejou.

— Calma, Joseph — interveio Jack, puxando seu amigo para perto e afastando-o do clérigo. — Deixe-os conversar, não haverá mais mortes — afirmou, seu olhar estava voltado para o corpo carbonizado de Benny, estirado no chão próximo da sua posição.