C13: Seguindo os rastros

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Em meio à densa vegetação da floresta, Cadu, o grande urso de Kphira, percorria com firmeza cada trilha estreita que se abria diante dele, enquanto o homem desconhecido, invasor do território, corria velozmente à sua frente. As folhas tremulavam em um frenesi, ecoando os passos acelerados de ambos naquela perseguição desenfreada.

No auge da corrida, uma armadilha traiçoeira, habilmente camuflada entre as folhagens do solo, foi acionada, capturando brutalmente a pata dianteira esquerda de Cadu em suas mandíbulas de ferro. Um rugido agônico de dor ressoou pela floresta, como um lamento selvagem.

Após alguns minutos, Kphira emergiu de dentro de uma densa folhagem, seus olhos esverdeados cintilando com fúria ao testemunhar a cena diante dela. Um estranho estava prestes a desferir um golpe final com sua adaga contra o urso indefeso e sofrido. Sem hesitar, a guardiã sacou sua besta com destreza e lançou uma seta certeira em direção ao invasor. No entanto, o desconhecido, com movimentos ágeis, esquivou-se do ataque mortal e, evitando um confronto direto, adentrou rapidamente a floresta, desaparecendo entre a vegetação.

Kphira ponderou a possibilidade de perseguir o estranho, mas um novo grunhido de dor emitido por Cadu a fez repensar sua decisão. Com passos cautelosos, ela se aproximou do majestoso urso ferido, mantendo-se alerta a qualquer sinal de perigo que ainda pudesse surgir naquela floresta imprevisível. Com gestos precisos e cuidadosos, começou a desarmar a cruel armadilha que aprisionava a pata de seu companheiro fiel. Ela era formada por semicírculos denteados e articulados, projetada para capturar e infligir dor aos animais ou transeuntes. Kphira tinha experiência em desarmar tais armadilhas e possuía a força necessária para liberar a pata do urso.

— Calma, Cadu. Eu estou aqui, meu amigo — sussurrou Kphira suavemente, suas palavras eram carregadas de afeto e compaixão, enquanto trabalhava para libertar o urso.

Os olhos castanhos de Cadu encontraram os de sua guardiã, revelando uma mistura de dor e gratidão por sua presença reconfortante. Determinada, ela prosseguiu em sua tarefa delicada, guiada por uma combinação de habilidade e amor incondicional pelo animal. Finalmente, a armadilha cedeu, libertando a pata do urso.

No entanto, o alívio de Cadu foi momentâneo, pois Kphira logo percebeu que a pata estava gravemente ferida, com ossos visivelmente quebrados. A angústia tomou conta da guardiã, pois ela sabia que, daquela forma, Cadu não poderia prosseguir. Mas ela não permitiu que a desesperança a dominasse. Sabia que podia contar com ajuda, e poucos minutos depois, Hallon surgiu, o auxílio necessário.

— Kphira, o que aconteceu? — indagou Hallon, ajoelhando-se ao lado do urso ferido, seus olhos revelando preocupação genuína.

— Cadu foi pego em uma armadilha... — a guardiã suspirou profundamente, seu semblante era carregado de aflição. — Precisamos estabilizar a pata quebrada de Cadu com sua magia de cura. Ele precisa de nós agora — disse com urgência, seus olhos suplicavam por uma solução.

— Não é magia — rebateu Hallon, com um tom sereno.

Kphira lançou lhe um olhar inquisidor, buscando entender o motivo daquela colocação.

— Hallon, por favor, faça sua prece — pediu ela, lutando para manter a calma.

Hallon assentiu e sua expressão tornou-se serena enquanto se concentrava em sua prece. Suas mãos brilharam com uma aura mística enquanto as colocava cuidadosamente sobre a pata do urso, canalizando a energia divina de Haradon para a cura. Kphira permaneceu ao lado do clérigo, atenta a qualquer movimento na floresta, em constante guarda.

Enquanto Hallon recitava sua prece, o urso parecia se acalmar gradualmente, como se pudesse sentir a energia curativa fluindo através de suas veias. A dor que o atormentava se dissipou lentamente, e Cadu começou a se erguer com determinação renovada. Com sua pata curada, ele testou seu peso no solo, pisando duas vezes com firmeza, sem emitir nenhum sinal de dor.

AS CRÔNICAS DE GALITOR - Livro 1: A cripta do reiOnde as histórias ganham vida. Descobre agora