C5: A cilada

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Um homem surgiu abruptamente no meio do mercado, em um frenesi, instando os transeuntes a se desviarem de seu caminho.
A seu lado, uma mulher compartilhava sua angústia. O assalto cuidadosamente planejado na parte nobre da cidade de Monte Rei havia se transformado em uma série de infortúnios, trazendo consigo a implacável caçada de quatro guardas perspicazes. Vestidos com trajes leves e ágeis, eles avançavam incansavelmente, impulsionados pela promessa de uma generosa recompensa do nobre que havia sido alvo da tentativa de roubo.

Cada passo era rápido e calculado, cada esquina e beco examinado com precisão, enquanto os guardas se aproximavam cada vez mais dos ladrões destemidos. O mercado, outrora repleto de vida e prósperos negócios, havia se transformado em um cenário de tensão, com os cidadãos observando cautelosamente a perseguição frenética que se desdobrava diante de seus olhos, temendo serem envolvidos em uma situação perigosa. A atmosfera estava eletricamente carregada, as ruas ressoavam com o som dos passos apressados e a esperança de escapar estava diminuindo a cada instante.

— PRECISAMOS DESPITAR ESSES GUARDAS AGORA! — exclamou a mulher, correndo logo atrás do homem.

— Não me diga? — ele respondeu, lançando-lhe um sorriso irônico.

— É sério! Podemos ludibriá-los nas construções abandonadas e...

— Você me deu uma ideia. Vamos! — interrompeu o homem, vislumbrando uma oportunidade de escapar da inclemente perseguição.

Os ágeis ladrões contornaram duas tendas coloridas à sua frente, desencadeando um momento de caos enquanto mercadorias caíam pelo chão e protestos furiosos dos comerciantes preenchiam o ar. Apesar dos esforços desesperados dos vendedores para detê-los, os criminosos escaparam por entre os dedos, deixando uma trilha de perturbação e indignação.

Essa manobra serviu como um obstáculo momentâneo para os guardas que os perseguiam, concedendo-lhes uma preciosa vantagem de tempo. A cacofonia de vozes enfurecidas atraiu a atenção de outros dois sentinelas vigilantes, que se uniram à caçada, determinados a interceptar os ladrões antes que adentrassem no distrito desfavorecido da cidade.

A perseguição ganhou novo ímpeto, e alguns comerciantes improvisaram obstáculos no caminho dos ladrões. No entanto, os ladrões eram habilidosos o suficiente para evitar esses empecilhos. A tensão no ar era palpável, e todos os presentes pareciam segurar a respiração, aguardando o desfecho dessa perseguição frenética que ecoava pelo mercado de Monte Rei.

O guarda mais próximo acelerou, reduzindo a distância entre ele e o fugitivo à sua frente, estendendo a mão para agarrá-lo. No entanto, o ladrão, habilidoso e de reflexos aguçados, fintou para a direita, desferiu um golpe certeiro que empurrou a cabeça do guarda para baixo e, agarrando-o pelo colarinho de sua armadura de couro, arremessou-o com força contra o chão. O rosto do guarda atingiu a terra batida com um estrondo angustiante, fazendo-o soltar um grunhido de dor.

Ao se erguer de joelhos, o homem tentou recuperar o fôlego, mas o que se seguiu foi uma ardência incômoda em suas narinas. Uma mistura de terra e sangue escorria pelo seu nariz, e ele instintivamente levou a mão ao local ferido. Embora estivessem em um terreno não pavimentado, o impacto havia sido brutal o suficiente para quebrar seu nariz, deixando-o com uma dor pulsante e o gosto metálico do sangue em sua boca.

O segundo guarda se aproximava da mulher com suas mãos estendidas, pronto para agarrá-la e derrubá-la sobre as barracas próximas. Ela se viu sem espaço para se esquivar, tendo perdido terreno ao desviar do primeiro guarda caído. No entanto, ela quebrou as expectativas ao investir contra seu perseguidor.

O impacto foi enérgico, arremessando o guarda ao chão e deixando-o momentaneamente atordoado. A força física que a mulher exibiu era uma qualidade rara em Monte Rei, reservada apenas para aqueles treinados nas artes marciais. Talvez o guarda tenha subestimado sua capacidade de reação e força, ou talvez ela fosse, de fato, excepcionalmente forte. Enquanto o guarda tentava se levantar, ainda perplexo com o que acontecera, uma joelhada precisa atingiu sua cabeça, fazendo-o desmaiar.

AS CRÔNICAS DE GALITOR - Livro 1: A cripta do reiWhere stories live. Discover now