C2: Eu juro pelo seu pai

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Total de palavras: 2148

A figura que surgia não era facilmente identificável, mesmo com a luz do sol ainda presente ao entardecer. Vestia uma túnica escura e um capuz que ocultava seu rosto envolto em ataduras. O corpo exposto estava repleto de queimaduras e cicatrizes, mutilações que denotavam um sofrimento indescritível. O homem trazia consigo apenas um candeeiro, não aparentando possuir mais nada. Um de seus braços encontrava-se gravemente queimado, com as marcas estendendo-se desde a mão até o cotovelo, destruindo completamente a pele e os tecidos. No outro braço, símbolos eram visíveis, como se tivessem sido esculpidos com a lâmina de uma adaga, e sangue coagulado manchava a pele.

Em um instante, o homem voltou-se em direção à entrada da cripta e pronunciou algumas palavras, fazendo com que seu braço queimado brilhasse brevemente em um tom púrpura desigual. A própria entrada emitiu uma luz semelhante antes que ambos os brilhos se desvanecessem.

Em seguida, o misterioso homem retirou uma bolsa oculta sob sua túnica, pegando algumas bandagens e começou a enfaixar cuidadosamente o braço queimado. Surpreendentemente, ele não demonstrava qualquer sinal de dor, como se estivesse acostumado àquela forma de tormento.

Joseph ansiava pelas joias e relíquias que imaginava encontrar na bolsa do homem com o braço queimado. Esfregou as mãos em expectativa e desembainhou sua adaga, pronto para um ataque sorrateiro. No entanto, o brilho púrpura proveniente do braço queimado do homem provocou uma pontada de preocupação em seu âmago, sugerindo a presença de magia. Essa incerteza representava um grande problema. Joseph teria que agir rapidamente e, em uma fração de segundos antes de atacar, hesitou, voltando apenas a observar.

Sons de galopes se aproximavam rapidamente, dois homens trajando túnicas e capuzes marrons surgiram pela trilha, montados em cavalos, trazendo consigo um terceiro animal. Ao desmontarem, dirigiram-se rapidamente ao indivíduo que havia emergido da cripta, ajoelhando-se perante sua presença e reverenciando-o com devoção. Um deles, finalmente, tomou a palavra:

— A profecia se concretiza! — disse o mais baixo entre eles.

— Sim, meus servos. Ela é real e poderosa! — com uma voz fúnebre, falou aquele que saiu da cripta.

— Mestre, conseguiu pegar a relíquia? — perguntou o mais alto.

— Sim, está comigo — disse o Mestre, segurando um objeto preso a um colar. — Precisamos voltar, convocar o culto e cumprir nosso destino - complementou com um sorriso maléfico de satisfação.

— Consegue cavalgar? — questionou o outro homem, preocupado com a saúde do Mestre.

— Claro. Apesar de debilitado, sempre há forças para cumprir o dever — respondeu o Mestre, observando atentamente os arredores — Vocês foram seguidos? Sempre há alguns ratos grandes se esgueirando por aqui.

— Não! — ambos responderam, assegurando a discrição de sua chegada.

— Hum, muito bom. Porém, antes de partirmos, aproxime-se — ordenou o Mestre ao mais alto, emanando um ar de autoridade.

— Esse raloc, aroga ecenetrep oa leif siam otoved. Ele è ues aiug e êcov àreved ol-izudnoc oa onitsed eled. Açaf suj a asse edadilibasnopser, Portador.

O homem recebeu um colar das mãos do Mestre. O adereço possuía um pomo de prata, do tamanho aproximado de um limão, com destaque para um rubi em formato de olho cravado bem no centro.

— Rop ahnim adiv, rop ahnim amla, missa àres — respondeu o homem, segurando o pomo com reverência.

— Então, vamos! Há muito a ser feito — disse o Mestre, com seu olhar percorrendo o perímetro da entrada da cripta, como se estivesse ciente de olhares ocultos espreitando.

AS CRÔNICAS DE GALITOR - Livro 1: A cripta do reiWhere stories live. Discover now