VALENTINA'S POV
Fiquei na sala de espera aguardando Luiza terminar a sessão de terapia, não sei ao certo quanto tempo se passou. Eu andei de um lado para outro, mexi no celular, bebi água várias vezes e conversei com a moça que já estava a espera para entrar em seguida. Era como se aquilo fosse uma eternidade.
O tédio tinha me vencido, resolvi ficar sentada em uma poltrona quando escutei a porta se abrir, me levantei rapidamente, observei Luiza se despedir gentilmente da mulher e não consegui cumprimentá-la pois a próxima paciente se apressou em entrar. Sorri gentilmente para minha namorada e peguei em sua mão.
- Isso durou umas duas horas, é normal? - Ela rir apertando minha mão.
- Trinta minutos cronometrados, amor. Não seja dramática.
- Jura? O tanto de coisa que eu fiz aqui até você finalmente sair.. caramba.
- Você ficou tão entediada assim, meu bem - Me olha fazendo um biquinho.
- É que eu estava com saudade, acredita?
- Acredito, eu também estou.
Entramos no elevador e assim que as portas se fecham, empurro Luiza contra as paredes de ferro e selo nossos lábios com um beijo calmo. Separo o contato quando ouço que chegamos no térreo. Caminhamos lado a lado pelo estacionamento até chegarmos onde minha moto estava.
- Vamos matar essa saudade? - Entrego o capacete pra ela que está com uma careta, já é costume sua implicância até com o acessório da moto.
- Claro. Nós vamos a um restaurante está noite. Precisamos conversar e faremos isso em um jantar agradável. Eu, você, música boa, um vinhozinho. O que me diz? - Sinto o dedo indicador dela tocar em meu nariz, tenho certeza que eu estava sorrindo igual uma boba.
- E tem como recusar uma proposta dessas?
- É mais um pedido de desculpas também. Falaremos melhor sobre isso.
Luiza me dá um selinho e começa a colocar o capacete com certa dificuldade. Eu faço o mesmo só que com mais precisão. sento, ligo a moto e assim que percebo que ela está sentada também e confortável dou partida.
No caminho Luiza me disse para onde iríamos, eu sabia mais ou menos onde ficava mas ela precisou me guiar com a ajuda do waze, achei que não daria certo mas nos saimos muito bem, e apesar do trânsito não houve estresse.
Assim que chegamos, ela informou ao garçom que tinha feito reserva, o que me surpreendeu, com certeza ela planejou isso hoje de manhã quando decidi acompanhá-la até o consultório.
O recepcionista nos conduziu até a mesa, o acompanhamos, sentamos em nossos respectivos lugares e começamos a escolher algo para comer.
No tempo que se passou nós conversamos sobre amenidades, tomamos um vinho enquanto saboreavamos nossos pedidos. Quando a sobremesa chegou, Luiza decidiu falar sobre o que havia conversado com sua psicóloga, eu escutei tudo atentamente pois estava disposta a acompanhar de perto todo o seu progresso.
- Sinto que te devo desculpas por ter agido daquela forma, te ignorado, dito... você sabe, aquilo - Diz parecendo arrependida.
- Amor, eu te desculpo, e também peço que me perdoe, eu fui impulsiva.
- Vamos passar uma borracha nisso?
- Se você quiser, eu quero. E por favor, vamos continuar tentando manter o diálogo.
- Sim! E se for necessário um tempo para respirar, é importante que me diga e eu vou fazer o mesmo, combinado? - Ela estende a mão me fazendo lembrar de algo, retribuo o gesto - De dedinho, lembra? - Ela sorri de canto. Fechamos os dedos deixando apenas o mindinho e o selamos.
- Meu bem, eu vou sentir tanto a sua falta. Daqui uns dias vou precisar ir e juro que as vezes parece que não vou suportar essa distância.
- Nós vamos conseguir, amor. Não apresse as coisas.
- Tenho que me lembrar disso diariamente.
- E está tudo bem, né?
- Eu quem te pergunto, fiquei o jantar inteiro praticamente te contando sobre a minha terapia.
- E foi incrível, eu amei te escutar - Luiza me encarou por alguns segundos e havia muita admiração em seu olhar, aquilo me causou uma sensação tão gostosa.
- Eu sou uma reação a você, e já entendi que você é tudo aquilo que eu não consigo explicar - Disse sem tirar os olhos dos meus.
- Já eu consigo te olhar e saber exatamente o que você está pensando.
- Nós nos refletimos. Não sei se você acredita nisso mas o nosso amor é de outras vidas, tenho certeza. É muito genuíno.
É absurdamente ridículo o poder que essa criatura tem sobre mim, ela tem uma luz, uma energia, algo tão angelical. Vou para o paraíso só com seus olhinhos lindos e sorriso.
Hoje tivemos a oportunidade de dizer uma para a outra tudo que estávamos sentindo. Depois de uma hora e meia tentando se explicar sobre o seu passado e em como isso respingaria em mim de certa forma, ela não esperava ouvir um simples "foi incrível", mas é sobre isso, nenhum relacionamento é perfeito, a gente tem que aprender a deixar o outro falar, para ai sim falar também e então praticar. Aos poucos estamos compreendendo que somos duas pessoas completas e juntas fazemos transbordar.
É uma cumplicidade e uma dualidade mútua. Nós passamos por coisas difíceis desde o início, e vamos passar por muito mais, no entanto estamos entendendo que atravessaremos por cada fase e aos poucos iremos realizar tudo o que sonhamos. Confesso não ser muito espiritualizada mas se ela diz que nosso amor é de outras vidas, tenho todas as provas possíveis para confirmar que sim.
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Little Numbers - Valu version
FanfictionThis fic is NOT my fic, NOT my translation version. I just reupload. Quais mudanças um número de telefone errado pode trazer?