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2010

Dezembro, 24

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— Não parece um pouco torto?

Bufei, tentando ajeitar a droga da estrela no topo da árvore novamente, já fazia mais de dez minutos que eu estava na pequena escada mudando o ângulo. Tia Gerth tinha um problema sério com TOC, então quando ela chegava em épocas comemorativas eu ajudava a ajeitar tudo de uma forma em que não a deixasse agoniada.

Meu avô se foi pouco depois do meu pai, mas sempre tive uma família grande vinda do seu lado. Meu bisavô teve três filhos, meu avô Garrett, meu tio Gustavi e minha tia Gerthrudes.

Tio Gustavi havia se casado com um colega da faculdade antes de sequer meu pai ter ido a escola, o que deixava o nome da família correr para os seus irmãos. Tio Paul é incrível e paciente, mesmo agora que já tem seus cabelos brancos e um óculos de lentes grossas em seu rosto ele era um senhor charmoso, o que era motivo de piada nas festas por meu tio não ser o mais bonito dos três irmãos.

Tia Gerth é viúva, não conheci seu marido com quem teve uma porção considerável de filhos qual sou obrigada a chamar de primos. Cinco. George é o mais velho com 35, Violet com 30, Danny com 27 e os gêmeos Harry e Henry de 24.

— Mamãe, deixe Agatha descansar um pouco! — George pede passando pela sala com alguns presentes em mãos.

— Um pouco pra esquerda.. isso! Pronto — Finalmente se satisfez e estapeou George de leve tirando os presentes de sua mão pra organizar debaixo da árvore.

— Alguém viu meu celular? Harry e Henry ainda não voltaram e preciso urgentemente de um vinho! — Ouvi Violet gritando da cozinha enquanto eu passava com a escada em mãos pra guardar na dispensa ao lado do escritório da mamãe.

Eu amava a sensação de casa lotada, isso enchia meu coração.. mas eu ainda sentia tanto a falta dele. Neguei com a cabeça voltando até a sala, o caos se instalou com o choro do pequeno Freddy no colo da Carla, a esposa de George.

— Oh, sinto tanto a falta de quando vocês eram bebês! — Tia Gerth disse com uma mão no peito.

Violet se colocou ao meu lado no sofá oferecendo uma taça de vinho, o cabelo ruivo preso numa trança impecável e uma careta destinada ao sobrinho. Acotevelei ela de leve antes de sorrir.

— Consegue imaginar mais cabeças ruivas, Gaga? — Questionou baixinho com horror.

Os cinco tinham puxado para o marido de tia Gerth, e por sorte o filho de George veio com a mesma cabeleira característica.

— Acho que já estamos bem de ruivos, faça um castanho pra me acompanhar. — Provoquei sabendo seu terror por crianças.

— Prefiro a morte!

Uma almofada foi jogada nela com força, Carla tinha uma mira impecável e eu ri alto ao ver que usava o pequeno Freddy de escudo pra sua cunhada não devolver a almofada.

Um cheiro gostoso de molho infestou a casa minutos depois enquanto ríamos das provocações entre Violet e Carla. Harry e Henry quase destruíram a porta passando com sacolas cheias de supermercado.

— Nunca mais vamos ao mercado em véspera, juro por Deus que parecia mais lotado que qualquer shopping. — Harry é o primeiro a reclamar passando por nós até a cozinha.

— Todo ano a mesma coisa, supere isso Hazz. — Tio Gustavi rebate fechando a porta da sala com o pé, as mãos também cheias de sacola. — Gaga, poderia chamar a anta do meu marido lá no seu quarto?

Larguei a taça vazia na mão de Violet e fui correndo escada acima, sabia que ele só me mandou pra que meus primos guardassem as compras. Tio Paul tinha o sono tão pesado que acordá-lo era quase derrubar ele da cama, ele se sentou na cama devagar e ficou cinco minutos em silêncio antes de bocejar e se virar pra mim:

— Gaga, hora do almoço?— Sorri acenando e me sentei ao seu lado, ele me deu um de seus famosos abraços de um lado só. — Vamos lá, quem foi o garoto?

Tinha me esquecido como ele era sensitivo

— Ele é.. você iria gostar dele. — Agarrei o colar sem o olhar nos olhos.

— Ele vem passar o Natal com a gente amanhã?

— Não, alguns problemas com sua família então estamos separados até que se resolva.

Não era uma boa ideia explicar sobre tudo, afinal quem diabos acreditaria que um Deus grego se apaixonou?

— O que for pra ser, será. Fique tranquila. — Alisou meu braço com carinho.

Sim, tio. O que for pra ser será.

O namorado de Agatha DenverOnde as histórias ganham vida. Descobre agora