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10:35

Quarta

As pessoas não deixavam de nos encarar mesmo tendo passado dois dias do acontecido. Algumas pessoas chegavam a questionar se era mesmo verdade ou o por quê.

Eu não gostava de responder nada, totalmente diferente de Theo que parecia um político carismático para o povo todo.

- Está dormindo, docinho?

Revirei os olhos.

- Não me chame de docinho.

Ele sorriu colocando os braços atrás da cabeça e esticando as pernas, era sua pose natural de "sou o dono do mundo".

Estamos no fim da aula extracurricular de marcenaria com o Sr. Hardy, ele é o professor mais bonito do colégio e ninguém negava isso. Hoje foi totalmente didático e nada muito divertido pra fazer, geralmente eu não piscava os olhos por nada em sua aula mas minha nova dupla me fez desviar a atenção pelo menos cinco vezes.

Quando o sinal tocou a maioria saiu tão rápido que só enxerguei vultos e não era só por meus óculos estarem na cabeça ao invés dos olhos, eu juro.

- Temos francês agora, quer que eu passe no armário pegar balinhas e o seu livro? - Theo perguntou dócil e com o caderno em mãos.

- Tudo bem, vou indo direto pra sala, se lembra aonde é sem minha ajuda?

Ele acenou e antes de sair tentou me dar um beijo na testa, que me abaixei rápido pra desviar.

Procurei a caneta debaixo da mesa por um tempo e achei apoiada na minha orelha, eu estava cada dia pior com minhas distrações. Estava perto da porta quando ouvi o chamado do professor.

- Srt. Denver, tem um minuto?

Concordei tensa.

Será que ele percebeu que estou distraída? Vou receber uma detenção?

O Sr. Hardy é tão alto quanto meu presente de grego, tem bonitos olhos azuis e uma barba bem feita, até mesmo o nariz e o queixo acompanhavam tudo com perfeição, e o formato dos lábios é formidável. Musculoso, vestido sempre de social e uma postura invejável.

Todo mundo caia aos seus pés com naturalidade e mesmo assim ele continuava solteiro, ninguém entende como ou porquê.

- Esse é seu último ano do colegial, você é uma aluna dedicada e.. - Ele disse suavemente, se aproximando devagar. Deus, vou pra detenção! -.. Eu ficaria muito feliz se você aceitasse sair comigo depois da formatura, quando você já for maior de idade.

Que?

Segurei minha expressão de choque o quanto pude mas eu sentia meu rosto fervendo como nunca antes.

- Sr. Hardy, está tentando me chamar pra sair depois da formatura? - Repeti suas palavras baixo, sentindo até mesmo vergonha de falar.

Já tinhamos conversado tranquilamente algumas vezes sobre assuntos aleatórios durante um tempo livre no segundo ano e nesse alguns momentos voltaram como um flash na minha mente. Voltas nos corredores vazios com sorrisos, dicas na matéria.

Mas que diabos?!

- Pode me chamar de Tom quando estivermos conversando, eu já disse.- Disse também parecendo nervoso ou ansioso demais. - Eu não quero que me ache invasivo ou estranho, você é uma mulher linda e gostaria muito que você aceitasse. Só conversar, um café? Quem sabe até mesmo uma pizza?

A cada segundo meu pulmão exigia mais ar, me sentia em pânico.

- Eu posso pensar? - Joguei querendo me afastar o mais rápido possível.

- Claro, tem meses o suficiente pra isso. Não crie caso, Agatha, não sou um professor abusivo. - Sorriu e fez algo que não acreditei de primeira, colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha. - Te vejo na sexta.

- Até, Sr. Hardy. - Sussurrei em transe por um segundo.

Sai correndo abraçada ao meu caderno.
Eu não queria mais enfrentar a aula de francês, eu mal consigo pensar. Os corredores estão vazios e isso me deu vantagem pra chegar até meu armário rápido, eu não era a melhor na educação física mas nessa situação pude notar o quanto posso correr.

Guardei tudo, encostei minha testa no armário respirando fundo atrás de fôlego.

- Docinho? Está tudo bem?

Hoje é o dia de tirar a paz da Agatha Denver?

- Estou com dor de cabeça, vou pra enfermaria agora. - Menti, na verdade uma meia verdade pois estou mesmo com dor de cabeça mas não vou a enfermaria. - Volte pra sala, te encontro no refeitório.

Isso não tirou a preocupação da expressão dele. Theo realmente é protetor e demonstra fácil tudo.

- Peça pra alguém me avisar se você for pra casa, não vou ficar aqui se você estiver mal.

Segurei meu sorriso apenas acenando e dessa vez deixei que ele me desse um beijo na testa.

Me escondi na biblioteca um tempo depois sem muita opção e deitei sobre a mesa do fundo atrás de uma das grandes prateleiras.

O que eu faria?

Meu professor, o cara com quem já tive sonhos e me fez ter interesse em marcenaria..

Theophanes Etidrofa, neto legítimo de Afrodite e Ares, meu presente dos deuses com quem eu posso ter um destino brilhante..

Eu poderia fingir que morri?

O namorado de Agatha DenverOnde as histórias ganham vida. Descobre agora