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Ele ainda me segurava com força quando terminou, provavelmente eu não ouviria de outra pessoa a história e foi bom ter finalmente um contexto pra tudo que aconteceu nesses quase quatro meses.

— Você teria que ir embora em algum momento? — Questionei mais baixo do que o normal, porque o bolo ainda não desceu da minha garganta.

— Provavelmente iria se os sentimentos fossem unilaterais, apesar das minhas responsabilidades eu posso dar um jeito... se você ainda me quiser.

Dor
Ódio
Amor

Os três sentimentos embaralhados rondando meu cérebro.

— Eu preciso de um tempo. Podemos ter isso?

Photos nos separou o suficiente pra encarar meus olhos, as duas mãos se moveram pra segurar meu rosto com delicadeza.

— Todo tempo do mundo, meu coração é seu. — Me agarrei a ele sem saber ao certo o que dizer, mas tinha certeza de que agora era a despedida. — Estarei junto com meus irmãos, terá o espaço que precisa pra pensar no que quer.

E mesmo com o coração apertado me afastei de vez assistindo sua expressão cair, eu sempre gostei desde o começo como as emoções dele sempre explodem pra fora e ele nunca fez questão de esconder. Com o tempo ficava fácil lê-lo.

Photos juntou as duas mãos frente ao peito de olhos fechados, e em segundos algo dourado foi esticado a mim. Um colar com um pingente de uma flecha qual fez questão dele mesmo colocar em meu pescoço.

— Quando estiver pronta, mesmo que não queira mais nada comigo.. Apenas segure e sussurre meu nome sete vezes.

Fiquei em silêncio, sua mão acariciou meu rosto uma última vez antes do brilho surgir novamente e ele sumir.

Ignorei o vazio, o quarto parecia mais gelado do que o normal sem sua presença, sentei novamente na cama olhando em volta como se nada do que acabou de acontecer fosse real.

A solidão me pegou desprevenida, e realmente ter essa palavra pra descrever o sentimento de vazio me levou de volta ao dia em que o conheci.

Ele era Theophanes.

Ele agia como todo adolescente.

Ele não se parecia com ele mesmo.

Seja lá quem ele é...

Eu simplesmente me apaixonei e ter consciência disso era ainda pior do que imaginava.

Nem a batida na porta, os passos das minhas amigas, ou seus braços em minha volta me tiravam do estopor. O silêncio continuou por muito tempo, France nos deitou na cama e as duas se agarraram a mim sem questionar nada.

Queria ao menos ter agradecido elas por isso mas eu não confiei na minha própria voz, não foi surpresa quando comecei a chorar enquanto elas me abraçavam.

Quando lemos sobre o amor, quando assistimos filmes sobre não imaginamos o quanto pode afetar alguém. O quanto uma dor de um sentimento te afeta até que você realmente sinta. Eu não sabia que seria assim.

As imagens de nós dois conversando, brigando sobre a escola, os olhares, o toque, a intimidade que não teria com provavelmente mais ninguém durante muito tempo. Doía.

Não sei em que momento eu dormi, talvez seja entre um soluço e outro mas foi a noite mais conturbada desde a morte do meu pai.

No dia seguinte demorei mais do que o normal pra acordar, Hillary já tinha se levantado e estava ao lado da cama com um café da manhã e um sorriso pequeno. France me ajudou a levantar como se eu precisasse de apoio pra qualquer coisinha mínima.

O namorado de Agatha DenverOnde as histórias ganham vida. Descobre agora