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____ Mas você é esperta, sempre estraga tudo, eu poderia muito bem sair por essa porta com a nossa filha, mas não.. você tinha que reparar no que não é da sua conta - Ele disse com um tom de voz agressivo.

_____ Cristian é a minha filha, tudo que diz respeito a ela é da minha conta - Rebati com o mesmo tom.

______ Acho que agora não é um bom momento para você se alterar Nora, guarde suas energias para gritar por socorro quando eu te largar aqui.

____ Foi você quem o matou...

Ele ficou calado por alguns instantes, dando a entender que sim.

____ Cristian como você teve coragem, ele era o seu irmão...

_____ Como você mesmo disse ,ele era o meu irmão, deixou de ser no momento que os dois se envolveram - Ele retrucou irritado, depois me olhou com os olhos encharcados. Tudo o que eu mais queria nessa vida Nora, era me casar com você, ter filhos, ir para Paris. Ele sorriu entre lágrimas, perdido
em fantasias. Eu sempre sonhei com
esse  momento, por isso insistir em viver esse sonho com você, certo de que você acordaria, e voltaria
pra mim, mas você não voltou..ao invés disso prefiriu se jogar nos braços de outro homem.

De repente sua expressão mudou, e ele voltou a ficar assustador.

_____ Cristian, por favor me perdoe, tudo o que fiz com você não foi por mal, eu só estava confusa com
os meus sentimentos, a sua morte embora forjada, abriu meus olhos de
alguma forma, me fez pagar pelo o meu erro, eu vivi todo esse tempo me sentindo culpada, acredite, não teve um só dia que eu não me arrependi.

Ele me ignorou e virou as costas.

____ Cristian - Gritei. A gente ainda pode mudar isso, a gente pode ser feliz dessa vez, eu prometo.

Ele se aproximou do sofá e colocou cautelosamente Maria deitada nele.

Enquanto isso eu virei o rosto para
o lado, percebendo que apesar de faltar pouco pra mim alcançar a espingarda, eu estava sem condições nenhuma de me arrastar até lá, e mesmo se eu conseguisse, não daria tempo.

Quando voltei os olhos para Cristian, notei que ele havia percebido as minha intenções.

____ Não Nora, nós nunca seremos felizes, porque você não me ama mais como antes, não confia em mim.

____ Você transmitiu essa desconfiança pra mim, no dia que tentou tirar Maria dos meus braços - Confessei triste e zangada.

____ E você me transformou em um monstro que mata pessoas, acha que eu queria ser assim..

_____ Cristian, você sabe que não é verdade, você não é um mostro... e eu amo você, sempre vou te amar. Eu, você e a nossa filha, somos uma família
_ Apelei, mas sem esperanças.

Eu estava com muita raiva por ele ter me enganado, eu realmente estava disposta a perdoar-lo, a dar uma chance para o nosso amor mas ele simplesmente armou tudo isso, para
tirar minha filha de mim, porque ele sabia que reconquistando minha confiança, tudo ficaria mais fácil.

Ele continuou olhando pra mim com aquele par de olhos azuis cintilantes, em seguida sorriu sarcástico. Fazendo o meu corpo estremecer.

____ Lamento te desapontar Nora, mas pra onde eu e Maria vamos, não existe lugar pra você.

Ele então enfia a mão no bolso do paletó que estava usando e puxou um revólver, inclusive o mesmo usado naquela noite em que ele forjou a própria morte, em seguida ele o apontou diretamente pra mim.

Meu coração foi o primeiro a disparar.

____ Adeus, meu amor - Ele ironizou.
Comecei tremer instantemente.

____ Não Cristian, por favor, você nāo quer fazer isso - Implorei. Só está com raiva, você não é esse tipo de pessoa, você é um homem bom e gentil, pelo qual me apaixonei.

____ Pelo visto minha gentileza não serviu de nada.

____ Por favor, abaixa essa arma,e vamos enfrentar isso juntos.

Uma lágrima desceu seca dos seus olhos.

____ Eu morri aquele dia Nora, e você quem me matou, eu posso ter ressuscitado por um milagre divino, mas sinto que não sou mais o mesmo, eu sinto um estranho prazer de te matar, de ver seus miolos saindo da sua cabeça e se espalhando pelo chão.

Tentei não demostrar minha aflição até porque ele também estava apavorado, e eu precisava convencê-lo a desistir de toda essa loucura, mesmo quando a minha vontade era de saltar em cima dele, arrancar aquela arma, pegar minha filha nos braços, e sair correndo. Mas eu não podia, primeiro
por causa da minha perna, e segundo eu tinha que ser cautelosa, afinal a minha impulsividade quase resultou na morte dele antes, e eu quero resolver
isso da melhor forma possivel, sem que ninguém se machuque.

Ele posicionou o dedo no gatilho, e meu coração parou de bater por alguns instantes, fiquei paralisada.

_____ Por favor.. não. Sussurrei uma última vez.

Quando ele estava prestes a apertar o gatilho, fechei os olhos implorando por  sua misericórdia. mas o que
escutei foi outro tipo de barulho, bem diferente de um tiro.

Quando abri os olhos, me deparei com Cristian deitado de bruços no chão e Alan parado atrás dele com um pedaço
de madeira na mão.

Desejo Where stories live. Discover now