Desejo

Pássaros

Christian tinha razão eu estava me deixando levar pela raiva e o pior que ele não foi o único a me alertar sobre isso.

Não só pela raiva como também pelo medo e o desejo todos os meus sentimentos estavam sendo corrompidos pela minha impulsividade, colocando em risco muitas coisas.

E tava mais do que na hora de  mudar isso, então eu respirei fundo e fui até ele que estava sentado no sofá lendo  do livro.

____ Está bem - Suspirei.

____ Está bem o que nora - Ele disse logo após um suspiro, com os olhos fixos no livro.

____ Eu vou me controlar.

Ele fechou o livro e olhou diretamente para mim, depois deixou escapar uma  risada.

_____ Você se controlar, duvido muito.

_____ Mas é verdade - Dei risada junto com ele, mais de nervoso.

____ Eu sei, mas Nora, estamos falando de impulsividade não é tão fácil, você fala como se fosse um fumante, dizendo que vai parar de fumar, sendo que quando bater abstinência a  primeira coisa que vai fazer é fumar.

____ O que?

____ Você entendeu.

____ Mas então, o que eu devo fazer?

_____ Bom, parece que você já fez a primeira coisa que é admitir.

____ Tá mas e depois.

___ Depois é você encarar o problema de frente, vê  quais soluções possíveis e  pôr em prática.

Soltei os ombros desanimada.

Ele voltou a ler o seu livro.

____ O que você está lendo?

____ Desde de quando você se importa.

_____ Desde agora.

Antes dele responder, Maria apareceu na sala com um monte de folhas de papel e as jogou na nossa frente.

_____ Mamãe não aguento mais desenhar, vamos fazer outra coisa. - Sugeriu ela entediada.

_____ Bom eu acho que não tem mais perigo podemos sair para ver os pássaros. Disse Cristian logo depois.

___ Ainda acho muito arriscado - Discordei

____ Eu estou achando um saco ficar aqui também já engordei uns quatro quilos - Ele debochou, apertando o excesso de gordura acumulada em sua barriga.

_____ Tá bom - Revirei os olhos e ele e Maria começaram a dançar de um jeito estranho.

Mas antes de sairmos eu peguei a  espingarda  do meu pai, e chequei se estava carregada.

_____ Agora sim - Encarei Cristian com um olhar desafiador.

Ele assentiu com a cabeça, demostrando que confiava em mim apesar de tudo.

____ Mamãe você vai matar os passarinhos? Maria perguntou inocentemente.

____ Não filha, isso daqui é pra matar outro tipo de animal - Corrigi determinada.

Passei pelos dois e fui na frente, disposta a proteger a minha família como uma verdadeira guerreira.

____ Maria eu acho que certas pessoas não deveria sair armadas por aí. Cristian comentou .

____ Também acho - Maria cochichou.

____ Pra informações de vocês eu sei muito bem como usar uma arma - Retruquei.

Eu não tinha reparado como aquele lugar havia mudado, a última vez que estive aqui eu tinha seis anos e estava caçando coelhos com o meu pai.

_____ A última vez que eu vim nesse lugar eu tinha seis anos - Comecei contar. Meu pai me trazia aqui com ele, foi com essa idade que eu aprendi atirar, na época esse lugar era muito perigoso, era infestado de caçadores e havia muita rivalidades entre eles, porque as pessoas que moravam aqui, dependia da caça para sobreviver,  e teve até um garoto que morreu vítima de uma bala perdida, seu corpo foi encontrado três dias depois ...meu pai resolveu ficar em casa por um tempo, porque temia pela minha segurança..

_____ Você nunca me contou essa história - Disse Cristian admirado.

Parei por um segundo e olhei para ele.

____ Você nunca perguntou.

Ele sorriu.

Continuei andando pela grama verde e macia. Enquanto continuava contando detalhes da minha infância.

Até que chegamos em um lugar lindo e florido, onde havia diversos pássaros, de várias espécies sobrevoando o céu.

Olhei para o céu e me perdi em tanta cores.

____ Os pássaros selaram a paz neste lugar e nunca mais houve guerra...

Me voltei para Cristian e vi que ele também olhava para cima, e seus olhos estavam brilhando.

____ São lindos mesmos - Ele disse.

____Nao falei - Maria completou.

____ Ok pessoal está escurecendo é melhor voltarmos pra casa - Falei notando que o sol já está se pondo no horizonte. E ainda tínhamos um longa caminhada na volta pra casa.

Cristian colocou Maria em seu pescoço, e juntos fizemos o trajeto de volta pra casa, felizes da vida.

Sem imaginar que o pior está por vim.