Negação

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Despertei em uma manhã ensolarada,com os raios de sol invadindo a janela, clareando o quarto,e anunciando um belo dia.

Na minha cabeça eu só conseguia pensar no meu casamento,e em como eu estou feliz por finalmente me tornar a esposa de Cristian,e poder chama-lo de marido.

Achei estranho ver minha mãe do meu lado confusa,ela parecia não está me entendendo,me esforcei para lembrar  dos acontecimentos da noite anterior,mas minhas memórias custaram aparecer.

__Mãe,o que está fazendo aqui? E porque eu não estou vestida de noiva,meu casamento será daqui uma hora,era pra mim está no salão,me preparando - Falei sentindo um sorriso se abrir no meu rosto.

__Nora - Ela agarrou minha mão,um tanto triste.

__Cristian já deve está me esperando - Falei sorrindo,imaginando ele,todo elegante e radiante no altar. - Anda mãe,vamos logo ainda dá tempo.

Sai da cama apressada,sentindo meu corpo tão leve como uma folha.

__Querida,espera - Ela agarrou o meu braço,e mais uma vez se perdeu nas palavras,a expressão que eu vi se formar em seu rosto,foi de pena.

Ela ainda se esforça, procurando uma palavra pra me dizer.

__Mãe o que foi? está tudo bem,porque você  está assim,era pra você está feliz por mim - Pergunto abismada.

__Não se lembra do que aconteceu? - Ela pergunta com os olhos molhados pelas lágrimas e o rosto franzido.

__Como assim, aconteceu alguma coisa?

Eu olhava para ela sem entender.

__Não sei do que você está falando? Me altero.

__Ele morreu minha filha,você acidentalmente..

Deixei escapar uma risada de nervoso.Enquanto ela seguia triste e com pena de mim.

__Não mãe,está enganada ele deve está dormindo,você se confundiu - Falei sem me abalar muito com o que ela tinha acabado de dizer.Eu estava certa de que ele estava dormindo,e de que estava vivo - Vou acorda-lo,que preguiçoso dormindo no dia do casamento.

Quando eu estava chegando perto da porta,minha mãe se apressou e me agarrou pelo braço,me virando em sua direção,em seguida pôs a mão em meus ombros e me sacudiu violentamente,fazendo os meus órgãos balançarem por dentro.

__Nora,você precisa ser forte,precisa reagir,está delirando - Disse com o sofrimento estampando em seu rosto.

__Quem está delirando aqui é você,como pode dizer um absurdo desses - Retruquei irritada,a empurrando.

__Nora você desmaiou ontem,e demorou pra voltar em si,então o médico aplicou um remédio em você..

__Medico,remédio de que porra está falando?

Alterei a voz,e sem perceber já estava bem próxima dela com o punho cerrado.

__Ele morreu,você o matou - Ela diz se afastando receosa.

__Cala essa boca - Gritei fazendo seu corpo tremer instantemente.

__Ele encontrou você no quarto de Jason...

Levantei a mão em sua direção,mas suas palavras foram como um gatilho na minha mente,fazendo as lembranças dolorosas surgirem com força.

Afastei dois passos pra trás,e deixei meu braço despencar ao lado do meu corpo,arrasada.

__Não mãe,foi um pesadelo - Olhei para ela,aos plantos,sentindo a fissura da dor se rasgar em meu peito.

__Não meu amor,dessa vez foi real - Ela fala,tomando minhas dores,tomando coragem pra se aproximar de mim.

Me afastei incrédula,e o frio daquela noite começou a congelar o meu corpo,me fazendo tremer.

__Não...

__Filha,eu sinto muito.

__Diz que é mentira por favor..

As lágrimas invadem totalmente os meus olhos,e as batidas do meu coração oscilam como se a qualquer momento ele fosse parar.

E eu fosse morrer.

Minha mãe negou,balançando a cabeça aos plantos,lamentando meu estado.

__Ah meu deus - Suspirei com a voz rouca,sentindo a dor abrir novamente um buraco no meu peito.

__Eu nem imagino como deve está se sentindo,mas isso vai passar meu amor,vai passar..

Minha mãe me abraça,enquanto eu tento escapar dos seus braços,gritando na esperança que Cristian pudesse me ouvir de algum lugar,e entrar no quarto,dizendo que tudo foi uma brincadeira,que iria ficar tudo bem.

Mas o que eu senti foi a agonia do silêncio,o frio de um vazio que jamais será aquecido.

Só de pensar que jamais vou sentir o calor do seu abraço,a doçura dos seus beijos,o ar foge dos meus pulmões.

__Filha se acalma,você não pode se alterar -  Minha mãe diz na intenção de me consolar,mas era inútil,a dor aumentava a cada lembrança.

Uma dor que fazia meu corpo se encolher,de tão inútil,uma dor de arrancar os cabelos,de se debater no chão.

Eu gritava,gritava até não ter mais voz...e continuava..

Rouca.

__Por que,porque não eu..

Eu olhava para a minha mãe,me encolhendo ainda mais,esperando uma resposta,mas ela ficou imóvel, sem reação em meio ao meu desespero.Nenhuma mãe merece passar por isso.

__Era pra eu ter morrido,e não ele..

Eu a sacudia descontrolada,até ela parecer uma boneca nos meus braços.

__Nãaaao, não. ..nãaaaao..

__Filha..por favor olha seu estado,você não pode..ficar desse jeito..

__Porque..porque ele.

Uma mulher entrou e aplicou um calmante em mim,continuei repetindo até ser consumida pela a calma,e vencida pelo sono repentino.

Por fim apaguei.

.....

O sonho acabou,Cristian estava morto,e o pior de tudo,foi que eu o matei.Tudo morreu dentro de mim, principalmente minha esperança.Tudo que me resta agora e tentar viver com a culpa,que eu já carregava antes mesmo de tudo acontecer,por ter sido tão idiota,de ter o traído.Sinto uma dor insuportável me agredir por dentro,e a cada soco que ela dá,faz meu corpo se contorcer."Eu o matei".Repetia durante os meus delírios,quando meu corpo ardiam em febre,nas noites sombrias e intermináveis,e continuava em choque.Pra mim ele poderia está em qualquer lugar.Menos morto...menos morto.

Desejo Where stories live. Discover now