39. Amigos de infância?

382 50 41
                                    

Nem acredito que Cat está aqui entre a gente conversando como se fosse da família. Pior é que parece que todos gostam dela. A senhora Eva sorri ao conversar com a loira de um jeito que me deixa sentida. Será que prefere Cat a mim? Catarina, como a chamam aqui, se levou aos holofotes, todos estão com o foco nela.

Pelo visto Henri estava me falando a verdade, Cat deve ter sido sua amiga de infância, já que o senhor e a senhora que vinheram juntos dela são os seus pais, estes que parecem ter uma intimidade bem grande com Aluísio e Eva. Eles conversam sobre acontecimentos engraçados do passado como se já se conhecessem há muitos e muitos anos.

Depois que esses novos convidados chegaram me sinto incomodada ao ponto de me manter calada somente comendo minha comida. Não estou falando mais nada, só degusto essa comida deliciosa enquanto observo Cat e sua família dominarem o território.

Olho de relance para Henri e vejo que ele está concentrado na comida, não diz nada nem fala nada também, mas isso não vai ficar assim. Não vou deixar ela crescer tanto só porque é amiga da família, a final eu sou a namorada de Henri.

Talvez seja esse o plano dela, querer me tirar do foco e eu estou caindo na dela. Quer dizer, estava até alguns segundos atrás.

— Henri me disse que pintava todas as paredes de casa quando era mais novo. — Puxo assunto cortando Cat.

Corto ela antes que ela continue a falar sobre esse papo de sapatos e bolsas da nova coleção da Gucci. Qual foi! Não tem um assunto melhor não? Quem fala sobre esse tipo de coisa em jantares de família? Não estamos em uma festa do pijama.

A loira quase me fuzila com os olhos. Lanço um sorriso forçado a mesma. Vamos ver quem ganha essa.

— Ah ele fazia isso sim! — Eva exclama passando a mão no rosto talvez lembrando da cena. — Ele amava aquelas canetinhas e rabiscava a casa toda.

— Lembra quando demos uma caixa de tintas para ele, Eva? - Aluísio pergunta a esposa. Ele segura a mão dela, que está sobre a mesa e a acaricia com o dedão. Henri tem razão eles se amam muito e isso é visível.

— É claro que eu me lembro! Ele deixou elas caírem em cima de sua cama. Eu queria esganar ele pela bagunça que fez, então ameacei ele dizendo que quebraria seus pinceis. Rapidinho ele ficou organizado.

— Eu não teria tanta certeza. Henri está transformando a minha casa em uma zona com várias tintas espalhadas por toda canto. — revelo.

— Eu vou arrumar. — Henri promete entrando na conversa.

— O Henri sempre foi desajeitado. — Bella revela. — Esse menino nasceu com o dom da bagunça.

— Verdade. — Cat murmura com os olhos em seu prato. Ela percebeu que consegui ouvi-la, ou talvez essa sempre foi a sua intenção, por isso ela ergueu o olhar para mim enquanto dava um cole em seu vinho. — As vezes eu quem arrumava os brinquedos dele.

Passo o guardanapo na boca. Odeio isso. Odeio quando ela fala coisas como se conhecesse Henri, como se passou toda a sua vida ao lado dele e eu sou a intrusa.

Tento disfarçar a minha raiva. Sem querer olho para a mãe de Cat, que particularmente tem a mesma cara que a filha. Levo um susto ao perceber que seus olhos já estão em mim. Eles me avaliam de um jeito que me sinto até intimidada.

— Seu filho sempre foi assim, Eva. — a mãe de Cat entra na conversa. Sua frase está direcionada a mãe de Henri, mas mesmo assim ela mantém seus olhos nos meus. — Lembra que ele se casou com a Cat com o terno sujo de tinta?

Acho que estou entrando dentro de uma caverna, escura e úmida porque não consigo respirar, nem enxergar nada. Tento, mas meus pulmões falham. Tento processar o que ouvi mais minha mente está congelada. Tento tossir para me desgastar da comida, mas não consigo.

Aonde mora o amor?Where stories live. Discover now