03. Modelando

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Ravena estava correndo de um lado para o outro. A mulher precisava entregar alguns projetos até o final do dia. Já eu estava analisando qual seria o melhor assunto para o próximo post do Instagram da La Couture. Roupas escuras para o inverno? O salto alto e o impoderamento feminino? Qual o tipo de roupa ideal para um date? Essas eram as minhas alternativas e para ser sincera todas tediantes. Eu trabalho aqui porque a La couture é uma revista francesa muito conhecida e se eu recebi a oportunidade de trabalhar aqui não posso larga-la só porque não gosto tanto de moda.

— Descobri! — Ravena exclama colocando um monte de papéis na minha mesa me fazendo voltar ao mundo real que não envolve vestidos e roupas de grife.

— Da pra ser mais precisa? Não sou vidente. — digo com um sorisinho no rosto.

— Tá ok, senhorita mal humor.

— Eu não estou de mal humor, só muito atolada no trabalho. — respondi a ela.

Ravena parecia ter ficado satisfeita com minha resposta, pois jogou seu cabelo para trás e começou a falar empolgadamente.

— O Henri é solteiro. — ela revela por fim.

Não consigo me controlar, reviro os olhos de imediato. Acho que está virando automático quando o assunto é o imbecil.

— Sério que você deixou seu trabalho pra me falar que aquele... cara é solteiro? — bufo. — Você já foi melhor que isso, Ravena.

— Qual é! Eu sei que você queria saber isso. Assume logo.

— Eu assumo sim. — me posicionei mais perto dela. — Que ele é um mal educado que se acha o dono da razão. Satisfeita?

— Não achei ele mal educado. — ela diz cruzando os braços.

— Talvez seja por causa da sua pele perfeita, do seu cabelo lindo e das suas pernas maravilhosas. É claro que com essas qualidades ele não vai ser mal educado com você. — digo voltando meu olhar para o computador.

— Eu acho que ele prefere às morenas. Vi ele te encarando durante o trabalho umas quatro vezes ontem.

— Devia estar pensando em maneiras diferentes de acabar com meu dia. Coisa que ele consegue fazer só de estar no mesmo local que eu. 

Ravena me olhava com uma cara  desapontada, como se eu quem implicasse com ele.

— Olha, não fui eu quem comecei isso, ok? — falo colocando meu cabelo atrás da orelha. — eu tentei ser educada com ele quando quase o atropelei e ele veio com três pedras na mão para me atacar. Eu não vou ficar engolindo sapo de graça, apenas rebato ele.

— Olha, falando no diabo... — Ravena diz virando o rosto até a entrada onde Henri desfilava com mais um terno caríssimo. Até o jeito de andar dele é extravagante! Acho que sei o que falta nele: Senso.

— Ótimo! Meu dia até melhorou. — brinco com um sorriso debochado.

— Bom dia, Ravena. — ele diz passando em nossa frente olhando para a ruiva, em seguida ele pega a mão de Ravena 
e a beija lançando um olhar provocante para mim. Depois ele me ignora indo em direção à sua mesa.

Não importava para mim se ele me desse bom dia ou não, mas eu não consegui me segurar.

— Bom dia pra você também, senhor sem educação. — Minha voz firme faz ele virar e olhar para mim com um sorisinho no rosto.

O pior de tudo é que ele é bonito! E pelo jeito sabe disso, da pra ver pela sua postura ereta perfeita. Mas tiro logo esses pensamentos da minha cabeça porque por dentro ele é um imbecil.

Aonde mora o amor?Onde as histórias ganham vida. Descobre agora