Uma nova vida.

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Nascer, viver, crescer, estudar, trabalhar, casar, ter filhos,...morrer. Qual foi o sentido de tudo isso, se não desfrutei de muita coisa? Nossas vidas são tão miseráveis.

Meu corpo se sentia muito leve, como se ele estivesse flutuando sobre águas.
Tinha uma leve sensação de desconforto. A parte racional falava que eu deviria acordar e voltar pro meu filho e amigo, mas o conforto em que estava era tão...relaxante.

A zona de conforto se foi, senti como uma certa luz me cobrir igual uma manta quentinha, que me forçava a abrir os olhos.

 Nesse dia, aconteceu algo que nunca achei que aconteceria.
Eu estava deitada, olhando para um teto do qual nunca tinha visto antes em minha vida. Havia um grande lustre de cristal. Eu tentava me levantar, mas não conseguia e quando levantei minhas mãos, percebi o quão pequenas estavam.

 Olhei para todos os lados em busca de uma resposta, os móveis daquele cômodo eram muito luxuoso e o quarto era de uma decoração antiga, quase histórica, parecia conto de fadas.
Foi então que avistei um espelho e pude me ver nele.

Eu estava deitada dentro de um berço, meu cabelo era mais claro, mas muuito curto e meus olhos tinham uma cor dourada, até pensei que estava com alguma doença.

Foi então que pensei: - Eu renasci.

Era tão estúpido, mas também era a única resposta para essa aparência de bebê. A culpa bateu segundos depois, quando a imagem do meu filho veio a mente. Senti raiva...Luiz...o nome do homem que matou o meu amigo...que me matou.
Enquanto eu estava aqui no sossego de um berço, meu único filho estaria vivendo o inferno que vivi.

 Estando a beira do surto. Um garotinho de 4 anos, moreno e de olhos azuis, parou do meu lado para me observar com olhos curiosos através das grades de madeira do berço.

 - Você acordou! - Ele disse.

 - Como? - Senti a presença de outra pessoa, um homem com uma voz bem grossa, digno de se lembrar.

 - Ela tem olhos dourados, pai. - Disse o garoto.
- Uou...que lindos... Olá minha filha. - Observei como o rosto daquele homem era cheio de cicatrizes. Uma bem marcante era uma que ficava do lado direito de seu lábio.
Cabelo escuros como o meu e o do menino e olhos verdes.
- Ele parece gentil... - Pensei. - Ele é o meu..."pai" aqui?

- Carlos, por que ela parece triste?

- Eu não sei. - O homem me pegou no colo com delicadeza. - Você se sentiu sozinha, filha? Tá tudo bem agora... Luke.
- Oi?
- É melhor você se acostumar a me chamar de pai. Se não sua irmã vai aprender a me chamar pelo nome também.
- Mas a mamãe te chama pelo nome.
- Você não é ela.
- Mas...

- O que vocês dois estão discutindo agora? - Uma terceira voz apareceu no recinto.
Olhei para a porta do quarto e me surpreendi vendo a figura de uma mulher com cabelos cor de fogo e de olhos azuis, seus cabelos eram ondulados que iam até a cintura, sua presença tão firme e seria era o que dava o ar de beleza.

 - Mãe! O Carlos não quer que eu o chame pelo nome. - Disse o garoto apontando para Carlos.
Ela levantou o olhar para o seu marido fazendo uma cara confusa.
- Pra que isso? Deixa ele te chamar pelo nome.
- Até você?! Desse jeito minha filha nunca vai me chamar de pai.
- Deixa ela te chamar pelo nome então. - Disse relaxada.
- Que saco! Ninguém entende.

De surpresa, ela apareceu do nada ao meu lado, me retirando com rapidez e agilidade dos braços de Carlos o deixando confuso.

- Olá princesa. Esse idiota aqui, é o seu pai, Carlos. E aquele ali em baixo é o seu irmão mais velho, Luke. - Apresentou os dois formalmente. - E eu sou Mônica, sua mãe. Seus olhos dourados são muito especiais nessa família, então nunca os odeie pela cor. - Disse como se soubesse o que eu estava pensando.

- Um bebê consegue entender o que a mamãe tá falando? - Perguntou Luke inclinando o rosto pro lado em confusão.
- Não sei. Sua mãe anda meio biruta. - Sussurrou Carlos.

- ...- Mônica olhou feio para os dois antes de falar novamente. - Niivea...Niivea Nue de Verryl.
- Mas que nome é e-
- Boa! É super bonito e combina com ela! - Interrompe Luke. - Deixa eu a segurar?

E novamente eu estava sendo passada para outros braços, dessa vez mais finos e pequenos. Luke me segurava com uma cara preocupada, mas seus olhos não deixaram de brilhar em alegria.

Toc Toc~

 - Com sua licença, minha senhora e senhor. - Uma jovem, com roupa de empregada entra no quarto fazendo uma reverência.  - Temos uma visita inesperada da imperatriz com o terceiro príncipe.

- Mas o que ela... ahh, que seja. - Mônica solta um suspiro cansada.
- Meu Deus. Será que ele nunca sabe avisar uma chegada dias antes?
- Você sabe como ela é, Carlos. Ana, fique aqui com o Luke e Niivea. Volto em breve, veremos o que a vossa majestade quer.
- Sim, minha senhora.

- O pessoal aqui é cheio de nome chick...- Pensei vendo o casal sair apressado. - Aqui é um mundo antigo onde ainda existia Imperadores?

- Ive... - Olho para Luke. - Tá tudo bem, agora você está com a gente. Não precisa fazer essa cara de triste. Como seu irmão mais velho, vou treinar para eu sempre te proteger! - Falou orgulhoso.

E então, da mesma forma que acordei com a sensação de uma manta quentinha me cobrindo, meu coração se aqueceu e chorei.
Também berrei, admito, não estou mais perto do meu filho para proteger, não tenho mais o meu melhor amigo. E eu já não tinha nada o que fazer por eles, a não ser orar pela segurança de meu filho e orar pela alma do meu amigo.

- Eu quero viver bem, eu prometo, vou viver por nós, me perdoem por não fazer nada, prometo que vou levar vocês em meu coração! - Para mim, o que eu falei, eram frases totalmente nítidas, mas eu era um bebê agora, e a cada palavra saiu um berro no lugar.

- Está tudo bem, Ive. - Disse Luke com uma voz suave tentando me acalmar. A empregada cujo nome era Ana, suspirou aliviada quando parei de chorar olhando para meu... irmão.

- Acho que a nossa jovem senhorita, acordou de um longo pesadelo. - Sorriu suave.
O sorriso de Ana, por um momento me lembrou Mark. Meu coração errou algumas batidas tendo a imagem dele.

- Ah, parece que ela vai chorar de novo! - Luke estava entrando em Pânico.

- Voltamos. - Mônica olha para mim. - Me entregue. - Luke ergue os braços me passando para Mônica.
- Você nos deu um baita susto sabia! Como pôde não abrir os olhos por duas semanas? Você nem sequer chorou no nascimento! - Olho assustada pela sua repentina forma de falar. - ... Não tenha medo de chorar, porque nós vamos secar as suas lágrimas. Nós estamos com você agora.

- Exato. E não vou deixar a imperatriz te ver até fazer o seu debute. - Disse Carlos.
- ...Mais para frente, ela e o Luke vai treinar no palácio, inteligência. - Mônica o olha como se fosse óbvio. O que me faz rir.
- Ela riu. Mãe! Ela riu! Você viu, Ana?
- Vi sim, jovem mestre.

Essa atmosfera, era a mesma que eu sentia quando estava naquela chácara com o Mark e Rapha... Minha família preciosa...

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⏰ Last updated: Jan 09, 2022 ⏰

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