Um banho de chuva.

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Descalço, Barbara correu.
Correu muito até ficar sem fôlego, ela tinha um físico bonito, mas não o físico resistente de uma pessoa Fitness.

Seguimos correndo na mesma velocidade, quanto mais avançávamos, mais se via como o céu estrelado era coberto pela total escuridão.

Numa pequena fração de segundos, Barbara se distraiu olhando para cima, vi como seu pé virou fazendo-a cair em um barranco.
Ela rolava com velocidade, batendo nas árvores e criando cortes em várias partes do corpo na descida.

No final da descida, Barbara ficou deitada de bruços completamente imóvel. Chegamos um pouco atrasados ao não conseguir acompanhar naquela velocidade.
- Você está bem?!...Ah...- Mas que burro sou! Ela... não pode me ouvir e eu não posso ajudar...

A pequena se levantou um pouco ainda com a maleta na mão. Com a mão livre ela tocou sua testa e chiou.
- Hm... AÍ! Isso tá ardendo muito!

Mancando, conseguiu chegar até a árvore mais próxima e sentou-se direitamente apoiando suas costas doloridas no tronco. 
Descansou sua maleta nas pernas e deu um suspiro.

Eu estava frustado, temia que ela ficasse pior do que já estava. Sua testa estava sangrando, tinha cortes nas costas e várias partes do corpo estavam roxas. Pensei que seu pé poderia ter torcido, mas felizmente só estava um pouco inchado, por isso ela andou mancando.

Nike se assustou quando ela começou a chorar. Preocupado, me abaixei em uma distância compreensível e olhei para seu rosto, parecia... lágrimas de felicidade.

- Eu... saí! Haha, Deus, me sinto bem apesar dos machucados... Meu Deus! Meu primeiro machucado físico... Hah... dói um pouco... - Disse tentando não fazer movimentos bruscos.
- Obrigada... Por essa oportunidade. Por favor, cuide de quem me cuidou naquele lugar... - Com os olhos fechados, ela acalmou sua respiração. Levemente levantou sua cabeça para o céu enquanto sentia seu rosto ser banhado por uma doce chuva.

- Hmm... É... Refrescante... Quem diria, meu primeiro banho de chuva é nesse estado... Tô... tão feliz. - Ela então abriu o maior sorriso que vi na minha vida. Um sorriso brilhante, aliviado, com um monte de emoções.

A chuva era gentil, como se abraçasse e aliviasse a tensão. Seus pingos no chão eram a calmaria depois da tempestade, e o vento gélido era música aos ouvidos enquanto balançava as folhas das árvores.

O barranco em que estávamos, era de uma mata que ficava do lado de um estradão, a estrada que levava a cidade e a estrada que levava a montanha onde Barbara mora...morava.

A pequena se encolheu e percebi o porquê quando carros de polícias e ambulâncias passaram a toda velocidade com suas sirenes altas e escandalosas.

No mesmo instante meu livro brilhou e meu relógio começou a soar desesperadamente.
As orelhas de Nike se tornaram um azul brilhante, avisando que tinha trabalho.
Esse era urgente, e eu já sabia o local desse trabalho.

Hesitantes, deixamos Barbara aproveitando da sua instantânea paz, ouvindo o som da chuva.

De volta na mansão, Nike deixava queimaduras sérias e problemas pulmonares nos sobreviventes feridos enquanto eu, recolhia as almas das pessoas que não tiveram a sorte de seguir com vida. Dava um pouco de pena aquela cena. Alguns estavam baleados, outros completamente queimados e outros perderam muito sangue na confusão.
Dava mais pena ainda, ver aquela estufa que era tão magnífica completamente destruída com todas as plantas e árvores queimadas.

Alguém de repente chegou berrando, sabia perfeitamente de quem era essa voz irritante.
- COMO VOCÊS A PERDERAM?
- Me desculpe, senhor! Precisavam de ajuda, a deixei apenas por alguns momentos!
- Barbara não deve ter ido longe, PROCUREM-A!!! - Ordenou arranhando seu próprio braço em desespero.
- Não dá tempo! Logo chegará polícias e ambulâncias, temos que sair daqui com os sobreviventes, chefe.
- Não, não, não, não... - Murmurava agarrando seus cabelos e puxando com força, seus olhos estavam aguados.

Os funcionários foram mais rápidos colocando rapidamente os feridos em carros negros, pronto para partirem a toda velocidade.

  Enquanto faziam o trabalho, Luiz chorava em desespero pensando que sua esposa estava completamente desamparada por aí.
- Hehe, surta mesmo, babaca! - Disse.
- Miau miauu.
- Pois é...ele nem faz ideia do quão aliviada aquela garota está...

As sirenes já estavam se aproximando cada vez mais do local.

- Senhor, precisamos ir...
- Não conseguiram...nem mesmo uma pista? - Disse se virando para seu funcionário que negou com a cabeça.
  Luiz ficou devastado, em transe sem se mexer do local. Ele se perguntava onde ela estaria... Ele foi puxado rapidamente e levado a um carro de luxo.
Eram 15 carros no total que saiam pelos portões do fundo e 25 viaturas com ambulâncias que entravam pelo portão principal da mansão. E 23:45 era o horário que Barbara tinha sumido da vida de seu esposo...

A vilã merece um final felizWhere stories live. Discover now