Prisão em chamas.

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No mesmo dia, após o jantar, Barbara se encontrava em seu quarto de artes fazendo um esboço. Luiz, entrou avisando a sua amada que não voltaria até o dia seguinte.

Ele saiu logo após seu aviso.
Barbara aliviada, deu um suspiro se encostando no encosto da cadeira giratória, jogando sua cabeça para trás.

A cada cinco minutos a moça dava suspiros pesados, o que deixava eu e Nike ansiosos.

Tempos mais tarde, seu esboço estava terminado.
Era uma bela mulher de cabelos azuis longos e ondulados, que tomava chá com uma coruja que descansava no encosto da cadeira. O fundo, era igual a bela imagem que tinha a estufa da mansão.

A pequena olhou com admiração a própria obra de arte e logo se levantou deixando o quadro para poder se banhar.

Estávamos a esperando do lado de fora do banheiro enquanto observava o enorme quarto, que dava literalmente um ar de "antiguidade".
Localizado no segundo andar, o quarto contava com uma varanda.
Uma grande cama de casal que logo atrás havia um vidro grosso e anti reflexo que chegava do teto ao chão, dando a vista para o pátio iluminado da casa.
Um closet enorme que tinha todas as roupas e sapatos de Luiz e Barbara.
Na parede, uma grande prateleira, as partes de cima havia incontáveis livros, e algumas partes de baixo, quadros que a mesma pintou. E algumas outras pastas de desenhos.

Barbara saiu do banheiro vestida, com uma toalha no cabelo e com os dentes escovados. Como sempre, ela se sentou em uma poltrona, acendendo um abajur que ficava do lado abajur, iniciando sua leitura noturna com a toalha ainda em seu cabelo molhado.

Ficamos ali com ela durante uns trinta minutos. Até que pela janela, vimos as luzes dentro da casa ser apagadas.
O guarda costas, que ficava do lado de fora do quarto disse alto:
- Senhorita? Estarei trocando de turno agora.
- Certo, avise o outro que ao chegar não é necessário avisar sua chegada. Não quero ser incomodada.
- Claro, até amanhã. Tenha uma boa noite.

Ouvi como o guarda se afastava lentamente.
Nas pontas dos pés, mais rápido que o flash, ela deixou seu livro e correu para fora me assustando.

- Meu Deus.... O susto que eu levei..., Mãe Maria, socorro.
- Miau...- Disse Nike correndo atrás dela.

A seguimos com pressa por um corredor até chegar em uma porta que geralmente ficava trancada.
Mas foi apenas girar a maçaneta que logo se abriu.

Percebi de cara, que aquele lugar era o escritório de Luiz  que não tinha sido trancado.
Em silêncio entramos e Barbara fechou a porta em seguida.

A noite aquilo era bem assustador, tudo em silêncio e etc. Havia muitos quadros de Barbara pendurados nas paredes e estantes com muitas caixas de documentos. Alguns continham informações pessoais de pessoas e seus rostos.

A pequena xeretou algumas caixas, até que uma papelada em específico lhe chamou a atenção.
Ela levantou o conteúdo e leu somente a primeira folha.

" Embarcação: Número 8.090.
  Carregamento de armamento de armas de fogo: total de 3.570 caixas cheias.
  Munição enviada separadamente em uma embarcação de Buenos Aires.
Tudo foi entregue com sucesso no local destinado em Santiago. "

- Mas o quê..... - Murmurei.
- Mas o que é isso? - Perguntou Barbara surrando para si mesma.

Com medo, guardou rapidamente as folhas de volta na caixa e voltou a bisbilhotar.
Quando chegou na mesa do escritório, pegou com delicadeza um quadro e um pequeno sorriso plantou em seus lábios.

Era a foto de Mark, Barbara e Luiz juntos. Uma foto de uns cinco anos atrás.
Mark estava sorrindo ampliamente com Barbara sentada em seu ombro e a mesma sorria feliz. Mark com seu outro braço agarrava Luiz pela cabeça.

Mas o sorriso que Barbara esboçou naquele curto espaço de tempo, se borrou quando pegou outro quadro.
Dessa vez era uma foto depois de casada, apenas tinha Luiz e Barbara nela.
A pequena estava sentada em uma cadeira elegante sorrindo falsamente enquanto Luiz a segurava pelos ombros sorrindo extremamente feliz.
Sem vontade, largou os quadros e voltou a bisbilhotar.

Ela procurava algo em específico naquele escritório. Me perguntava o que seria para que a deixara agitada.
Foi mexendo e mexendo nas gavetas da estante, que suspirou e tirou uma carta de uma gaveta, totalmente intacta.

Aquela carta não tinha sido aberta, mas jogada na gaveta como outras cartas do mesmo estilo.

Me distrai olhando a gaveta com curiosidade e não percebi quando a pequena começou a dar espasmos segurando seu choro.

- ...O que aconteceu? - Perguntei frustado.
- Miau... - Disse Nike estranhamente agitado.
A pequena segurou gentilmente a carta em seu peito, fechando os olhos com força. Quando os abriu de volta, percebi um certo brilho de esperança.

De repente ouvimos gritos altos e assustadores. O escritório estava sendo iluminado pelas luzes do pátio, mas agora estava sendo iluminada por chamas. Chamas que estavam sendo espalhadas muito rápido fazendo o lugar em que estávamos esquentar.

Barbara então dobrou a carta e rapidamente guardou em seu sutiã. Correu para fora da casa e viu sua estufa e algumas partes da casa pegando fogo. A pequena se lamentou vendo como suas linda Sakura era queimada.
Algumas serventes com baldes de água batiam sem querer em Barbara, correndo desesperadamente para apagar o fogo.
O portão da casa estava ocupado com guardas trocando tiros com pessoas desconhecidas.

Um homem estranho então invadiu a casa. Ele olhava tudo em volta até seus olhos se encontrarem com os de Barbara.
Ele sem pressa, apontou a arma que estava em sua mão para a face da pequena prestes a atirar.

- NIKE! - Gritei.
O azulado então correu entre as chamas, e em um piscar de olhos, Nike mordeu a perna do inquilino. 
A perna do homem começou a queimar deixando marcas extremamente graves na parte afetada.

A pequena viu uma abertura e correu. Estava tudo bem até ver ela correr para dentro da casa em chamas invés de um lugar seguro.
O gato e eu, corremos desesperadamente atrás dela a xingando mentalmente.

- SENHORITA?! ONDE ESTAVA?! - Perguntou o guarda costas do turno da noite.
- Por aí! - Disse ofegante.
- Onde vai? Precisamos sair daqui por ordens urgentes do senhor!
- Eu preciso pegar uma coisa! - Disse abrindo com tudo a porta de seu quarto. - Por que tudo isso está acontecendo do nada?! - Perguntou secando sua testa enquanto pegava uma maleta.
- Fomos invadidos! Temos que sair rápido!
- Por que estamos sendo invadidos?! RESPONDA! - Gritou a pequena.

As chamas começaram a invadir o quarto.
- O mestre fez um negócio com pessoas erradas. Por favor, temos que te manter á salvo!

Dessa vez, sem mais delongas. Ele a pegou pelo braço, a arrastou dessa vez para os fundos. Percebi que era naquele lugar que os jornais eram queimados.

Eles atravessaram uma pequena porta e então... Era a primeira vez depois de tempos, que Barbara pisava fora daquela casa.
Ela sentiu o asfalto frio da rua, e o vento que vinha de fora das paredes.

O cara a empurrou por algumas árvores e disse:
- A senhorita tem que esperar aqui. Logo vão vir alguns dos nossos homens que vão te levar segura até o senhor Luiz.

Então ele saiu correndo novamente, mas Barbara não tinha a intenção de seguir ordens aproveitando a oportunidade que tinha estando fora daquele lugar.

A vilã merece um final felizWhere stories live. Discover now